Icoaraci vira rota de memória e identidade amazônida com novo projeto cultural
Projeto convida mestres e mestras para compartilhar saberes com jovens do território
Conhecer Icoaraci de um jeito diferente, caminhando por suas memórias vivas e por espaços que guardam tradições ancestrais. Essa é a proposta da “Rota Ancestral – Movimentando o Ecoturismo em Icoaraci”, projeto cultural criado pelo coletivo CHIBÉ, que nos dias 26 e 27 de abril terá uma formação intensiva com dez jovens selecionados entre 15 e 30 anos, que serão chamados de guardiões do território. Eles passaram por um processo seletivo com foco em vínculo com Icoaraci e motivação para atuar na preservação da cultura local.
Segundo Tay Silva, idealizadora e gestora do CHIBÉ, os guardiões serão os “protetores da memória e construtores da história, verdadeiras pontes de continuidade dos nossos rios de memórias”.
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Essa formação acontece em espaços simbólicos do distrito, como o Na Casa do Artista e a Cerâmica Família Santana, e contará com mestres como Auda Piani, Maynara Santana e Mestre Guilherme, que compartilharão seus saberes sobre cerâmica, identidade amazônida e economia criativa.
“Vamos nos demorar nas reflexões sobre bioeconomia, ancestralidade e pertencimento. É um momento de semear uma rede engajada com o futuro do território”, diz Tay.
O roteiro do projeto cultural será construído de forma colaborativa junto com os guardiões do território, fortalecendo o protagonismo comunitário na criação da experiência. A caminhada terá início na sede do coletivo CHIBÉ, localizada no bairro do Cruzeiro, e seguirá por olarias, espaços culturais e pontos de memória de Icoaraci. O percurso propõe um mergulho afetivo que cruza passado, presente e futuro do distrito, valorizando saberes ancestrais e vivências locais.
Tay explica que a ideia é fazer público caminhar pelo distrito com outros olhos.
“É uma chance de conhecer mais sobre a história de Belém que também é construída por Icoaracienses, de se orgulhar do que temos aqui e ajudar a movimentar a bioeconomia local com afeto e coletividade”, reforça a idealizadora.
Os guardiões do território antecedem a primeira edição da “Rota Ancestral – Movimentando o Ecoturismo em Icoaraci”, que será no próximo dia 4 de maio. A ação será aberta ao público e gratuita, com 30 vagas disponíveis para quem quiser participar dessa experiência que une cultura, turismo, afeto e pertencimento. As informações de como participar serão divulgados ao longo da semana nas redes sociais do projeto.
A ideia da “Rota” nasceu a partir de trocas com o EcoMuseu de Belém e do contato direto com as olarias do Paracuri, onde o coletivo se deparou com histórias potentes sobre a arte da cerâmica, as mestras e mestres do barro e a força da cultura popular icoaraciense. “A gente ouviu muito sobre a grandiosidade do fazer ancestral da cerâmica, e nos comprometemos em fortalecer esse movimento”, conta Tay.
“A Rota veio para isso: valorizar o território, formar multiplicadores dentro e fora de Icoaraci, gente que se comprometa com essa memória viva”, complementou.
TROCAS DE CONHECIMENTO
Para a empreendedora e ativista Maynara Santana, a presença da família no projeto é motivo de orgulho e felicidade.
Segundo ela, tanto a Rota quanto a Cerâmica Família Santana compartilham a mesma essência.
“A ideia é você fazer um apanhado daquilo que a gente tem de melhor aqui no território. A cerâmica representa o que temos de mais valioso aqui. A gente se reconhece potente, sem precisar esperar reconhecimento de fora. Isso é sobre autoestima, sobre saber o valor do nosso fazer”, diz.
Ela afirma que, ao abrir as portas do ateliê e da loja para as vivências do projeto, a Família Santana ajuda a construir não apenas conhecimento técnico, mas também laços comunitários e afetivos. “A gente tem muito a contribuir na construção dessa autoestima de quem nasceu em um território tão repleto daquilo que alimenta a nossa existência”, completa Maynara.
A Rota Ancestral é realizada pelo coletivo CHIBÉ, organização de impacto cultural, socioambiental e climático com sede em Icoaraci, que atua fortalecendo a identidade e o senso de pertencimento de comunidades periféricas e tradicionais da Amazônia. O projeto conta com patrocínio do programa RE-FARM CRIA CORAÇÃO DA FLORESTA, iniciativa da FARM RIO e Instituto Regatão, que apoia projetos liderados por juventudes amazônidas.
Agende-se
Rota Turística Cultural
Data: 4 de maio
Saída: Sede do CHIBÉ, bairro do Cruzeiro
Roteiro: Olarias, espaços culturais e pontos de memória de Icoaraci
Vagas: 30
Aberta ao público
Mais informações: Instagram @___chibe