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'Garimpo Bar': filme retrata romance e conflitos sociais em cidade inundada no Pará

A expectativa da população pela inundação de Jacundá é o pano de fundo para a trama que se forma a partir do triângulo amoroso que norteia a ficção

Tay Marquioro
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O que vale mais, amor ou dinheiro? A esperança de mudar de vida, que levou tantas pessoas para a antiga Jacundá, também motivou muitas mulheres a ingressar na prostituição no estabelecimento conhecido como Garimpo Bar. O lugar também empresta o nome ao longa-metragem dirigido por Amaury Pinheiro, lançado neste mês de dezembro. Garimpo Bar é um filme que conta a história dos sonhos, conflitos e questões sociais que permeavam o município que teve sua sede completamente inundada na década de 1980, em decorrência da instalação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.

“É uma história de ficção, criada a partir de relatos de quem testemunhou o Garimpo Bar. Esse espaço realmente existiu. Foi o primeiro cabaré da ‘Velha Jacundá’, que foi construído pelo Inácio Pinto que, posteriormente, veio a ser o primeiro prefeito da cidade”, detalha o diretor. “O Garimpo Bar passou cerca de 40 anos em atividade, até a cidade ser inundada. Na antiga Jacundá, havia garimpos de ouro e diamante. Então, o povo vivia disso e da pesca, da extração de borracha e tudo mais. Inácio Pinto enxergou nisso uma oportunidade de ganhar dinheiro com cabaré porque era uma prática comum naquela época. Onde tinha homem trabalhando, tinha uma casa dos prazeres. E o nosso enredo parte daí”.

image Amaury Pinheiro é o diretor da produção que se passa na década de 1980 (Tay Marquioro/O Liberal)

Ao idealizar o filme, o diretor já sabia que teria pela frente alguns obstáculos. Um deles foi a pesquisa sobre a vida, os costumes e os fatos históricos que permearam o cotidiano da população que viveu na cidade inundada. Diante dos poucos registros oficiais, a solução foi partir para o relato de famílias pioneiras e testemunhas ainda vivas do que se passava no Garimpo Bar. Mas essa não foi a única dificuldade. “A gente já sabia que não conseguiria usar um elenco 100% jacundaense porque não há atores aqui. Então esse é um filme feito com 90% do elenco de não-atores. Apenas cinco atores são de fora, vieram de Belém. Entre outros nomes, nós trouxemos o Leoci Medeiros, que já tem uma carreira. O Leonel Ferreira, que é de teatro, mas já fez participações em filmes como Serra Pelada, já uma estrada. A Rayane Trindade, nossa protagonista, embora venha do teatro musical, se saiu muito bem no nosso filme”, conta Amaury.

A expectativa da população pela inundação da cidade, anunciada pelo governo federal, é o pano de fundo para toda a trama que se forma a partir do triângulo amoroso que norteia a ficção. “A questão social é um contexto do filme, mas as pessoas entendiam que o país precisava de energia. O progresso precisava acontecer. Foi inevitável que inundação acontecesse. Mas pessoas abriram mão das suas vidas, das suas casas, das suas memórias em favor do progresso. E isso foi muito traumático. Esse sentimento está presente no filme, mas até por se tratar de uma ficção nós buscamos focar no que, de fato, aconteceu no Garimpo Bar”, revela Amaury, destacando todo o trabalho de construção de figurino, ambientação, objetos da época, cenografia. O próprio ambiente do cabaré, por exemplo, foi construído dentro de uma garagem.

‘Garimpo Bar’ é um longa-metragem que tem duração total de 1 hora e 38 minutos. O projeto é uma realização da A Toca Filmes e foi financiado pela Lei Paulo Gustavo, com apoio do Ministério da Cultura, do Governo do Pará e da Prefeitura de Jacundá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. “Nosso objetivo agora é buscar os circuitos de festivais no Brasil e no exterior”, antecipa Amaury. 

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