Força do Marajó: Pajé Zeneida Lima terá coluna no Grupo Liberal

Espaço será para Zeneida debater os principais temas do meio ambiente na região Norte

Thainá Dias

Da ilha encantada do Marajó para o mundo, a pajé Zeneida Lima vem deixando seu legado de bondade, caráter e determinação. Aos 89 anos, e para deixar claro, ela não aparenta ter essa idade, com um sorriso no rosto e doçura ela contou um pouco da sua história durante um bate-papo exclusivo para o Grupo Liberal e falou de a alegria em poder lançar uma coluna quinzenal no veículo para falar sobre uma das suas principais causas defendidas: o meio ambiente.

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Na conversa, Zeneida falou sobre a infância, os mistérios invisíveis, a ida para o Rio de Janeiro, do xodó pelo seu instituto no Marajó. Entre uma lembrança e outra, a emoção que transbordava em seus olhos anunciava a seriedade e sensibilidade que ela trata seu trabalho de cuidado e conscientização exercícios na sociedade, principalmente com suas amadas crianças do Instituto Caruanas do Marajó.

Segundo a pajé, o Instituto Caruanas do Marajó foi um sonho idealizado ainda no auge dos seus oito anos de idade. “Meu pai era um homem rico e violento. Vi cenas de agressão do meu pai com crianças ali da região e eu sempre tive na mente que ia ter uma casa para cuidar de crianças como aquela”, iniciou. Até que em 1999, a pajé fundou o Instituto Caruanas do Marajó. A Instituição foi fundada pela pajé e pela imortal Rachel de Queiroz, amiga de Zeneida, para desenvolver e disseminar a educação e cultura na Ilha de Marajó.

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A pajé mais conhecida do Brasil, escritora e compositora marajoara, Zeneida Lima completa 89 anos nesta sexta (21), sempre focada na relação com a mata e os caruanas. Ela quer participar da COP30 em Belém, em 2025.

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“Essas crianças têm educação de qualidade, uniforme escolar, eu ensino para elas a amar a natureza, ensino através da música. Dentro do instituto tem uma escola conveniada com a prefeitura, é um trabalho social”, destacou Zeneida. O que muitos não sabem é que ela era menina simples, do amor pela natureza, movida pela vontade de fazer o bem e a diferença no mundo. Revoltada com as injustiças mundanas, andava como bicho pela densa vegetação amazônica, entre o alagado do mangue e a terra firme da Ilha do Marajó.

História

Cresceu na fazenda do pai, o ex-deputado, advogado criminalista e latifundiário Angelino Lima. Ainda na infância, Zeneida ficou desaparecida por 17 dias no arquipélago. Foi achada por um encarregado da fazenda, dentro de um casulo de folhas e galhos, sem roupa e com vários arranhões e desenhos, como tatuagens, de bichos, folhagens, árvores. Ela relatou que tinha visões de seres compridos, com pele azul escamosa, que a chamavam para dentro da mata e para o rio. E foi tido como louca por muitos que não acreditavam em suas histórias. Mas ela não desistiu. Hoje, com o instituto, ela ajuda cerca de 290 crianças que convivem com uma infância delicada.

“A minha infância não foi tão boa, mas mesmo assim, me sinto feliz. Porque hoje posso dar para essas crianças tudo aquilo que eu não tive. E se um dia eu for embora daqui eu quero que venha outra Zeneida para dar continuidade ao meu trabalho”, comentou a pajé, que também comentou sobre a importância de mostrar para essas crianças a importância de cuidar do meio ambiente.

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Zeneida é uma personalidade reconhecida e respeitada em Soure. Mas já enfrentou a desconfiança e mesmo a violência de quem não entendia suas relações místicas com a natureza. Hoje é conhecida por ser curandeira, se orgulha da sua trajetória, como ambientalista, escritora e coordenadora do Instituto Caruanas do Marajó – Cura e Ecologia.

Coluna no O Liberal

Através de uma coluna quinzenal no jornal O Liberal, a pajé visa alcançar cada vez mais leitores e seguidores para sua missão, conscientizar a preservação da natureza. Zeneida tem 17 livros infanto-juvenil voltado para o tema da ecologia, com uma conversa dinâmica e educativa sobre como amar a natureza. “Estou muito feliz com esse espaço e essa oportunidade de mostrar um pouco mais do meu trabalho social na vida dessas crianças. E poder também levar questões do meio ambiente para as pessoas”, concluiu a pajé e escritora.

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