Figurinista lança livro sobre os trajes da Marujada
A obra é o resumo da tese de Doutorado de Graziela Ribeiro
A figurinista, designer e Doutora em Artes Graziela Ribeiro lança nesta sexta-feira, 3, em Bragança, o livro “Entre Marujos e Marujas”. A obra traz a síntese da tese de doutorado que pesquisou os ensinamentos orais repassados há gerações para a confecção das indumentárias e dos chapéus utilizada durante a tradicional festividade de São Benedito, em Bragança, Nordeste do Pará.
O registro da oralidade popular, por meio do livro, contribui para preservar e difundir as categorias dos trajes típicos da festividade e as instruções de confecção e uso dessas vestimentas, além de garantir que esses conhecimentos sejam perpetuados como patrimônio imaterial.
O livro é lançado durante o aniversário da Irmandade de São Benedito, pela Editora Twee. O projeto foi contemplado pelo Edital de Moda e Design, da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e do Instituto Ágata.
Alguns exemplares serão doados a escolas e bibliotecas do município como forma de valorizar a história da cidade e contribuir para a preservação da cultura. O livro ficará à venda no Museu da Marujada, em Bragança.
“Não sou de Bragança. Comecei o trabalho (pesquisa sobre os trajes de marujos e marujas) como figurinista em um espetáculo sobre a fé, que abordava várias religiões, do grupo Cuíra, em 2015. Depois entrei no doutorado e passei quatro anos pesquisando formalmente, de maneira acadêmica. O livro é um resumo da tese de doutorado, que está disponível na íntegra no banco de teses e dissertações do site do Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGArtes), da Universidade Federal do Pará (UFPA)”, conta Graziela.
A pesquisa se concentra especialmente nos detalhes da confecção dos trajes usados pelos promesseiros no auge da festividade, no dia 26 de dezembro, pois a riqueza de detalhes da composição dessas peças vai além da percepção inicial das longas saias vermelhas compostas com batas brancas cortadas por uma faixa vermelha e do chapéu enfeitado.
“O traje tem todo um cuidado porque é um folguedo e também uma festa religiosa. Tem um cuidado com a anágua, o longo comprimento da saia, o decote da blusa que não pode ser tão profundo, o comprimento da manga e da blusa para que a barriga não fique de fora ao dançar. São detalhes importantes que não estavam registrados”, detalha.
“A marujada é um tema muito amplo. Encontrei trabalhos de várias áreas, como letras, história, turismo e música. Foquei na lacuna do desenvolvimento da indumentária, que não havia registro”, conta a autora.
A pesquisa exigiu muitas viagens a Bragança ao longo de anos. A paixão pelo tema envolveu também o marido da autora, o publicitário e produtor do audiovisual Alexandre Baena. Juntos, eles assinaram a direção de um documentário também intitulado “Entre Marujos e Marujas”, lançado em 2018.
"É necessário romper os muros da universidade e fazer com que o conhecimento chegue até as pessoas. Percebi, por meio das fontes orais, que havia uma lacuna nas informações a respeito da confecção dos trajes e adereços de marujas e marujos. A ideia era trazer informações que pudessem esclarecer detalhes de como as indumentárias devem ser feitas e esse registro de uma oralidade da própria Irmandade de São Benedito é a garantia da preservação dessa importante cultura imaterial, que faz parte da Marujada de Bragança".
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