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Festival Amazônico no Museu do Pontal: sons da floresta vão ecoar no Rio de Janeiro em abril

Público vai conferir, nos dias 12 e 13 de abril, um caldeirão de ritmos da região entoando a mensagem de paz e preservação do meio ambiente

Eduardo Rocha
fonte

Em contraste à tensão nas tratativas de dirigentes de países acerca dos conflitos em andamento no planeta, e inflação, fome, miséria e agressões diárias ao meio ambiente, artistas do norte do Brasil se reunirão no Festival Amazônico no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, nos dias 12 e 13 de abril, próximo, para celebrar uma mensagem de paz e de preservação ambiental no mundo.  Nesses dois dias do evento, a arte vai expressar o anseio de cantores, compositores e artistas plásticos por uma realidade mais fraterna entre os cidadãos e a utilização digna dos recursos naturais, como poderá ser observado nas apresentações de Fafá de Belém, Manoel Cordeiro, Aíla, artistas indígenas e outras vozes amazônicas no Festival, organizado pelo Museu do Pontal com apoio do Instituto Cultural Vale.

A programação do evento reúne shows, mostra de artes plásticas, feira gastronômica, venda de artesanato indígena, oficinas, filmes, atividades para crianças e debates sobre a temática ambiental (COP30) e outras atrações. Toda a programação é gratuita e o público contará com serviço de vans partindo do metrô da Barra e do terminal de ônibus Alvorada no fim de semana do festival (12 e 13 de abril).

No primeiro dia, a partir das 19h, o público vai contar com um show especialíssimo da cantora Fafá de Belém, uma das vozes da Amazônia. Ela vai estar na boa companhia do mestre da guitarrada Manoel Cordeiro, pai do cantor e compositor Felipe Cordeiro. Portanto, será uma noite com toda a cara e força da cultura amazônica.


"Eu fiquei muito feliz por ter sido convidada para este festival, porque eu tenho um disco "Do tamanho certo para o meu sorriso", de 2015 e que é feito com as sonoridades da guitarrada do Pará, com o mestre Manoel Cordeiro, um dos maiores homens das guitarras desse país. Manoel é um parceiro querido, compositor, autor, um músico maravilhoso, companhia agradabilíssima, um pensador genial. Então, é um prazer sempre tocar com o Manoel, sempre estar com ele, ouvir Manoel tocar. Nós escolhemos as guitarradas, porque é um espetáculo que desde 2015 nós fazemos pelo Brasil e exterior. Eu acho que é o resumo da nossa sonoridade. É maravilhosa essa iniciativa e espero que continue. O Pará existe, é potente. A nossa cultura é muito potente, muito diversa, e que a música do Pará seja, sim, a música do Brasil", salienta Fafá de Belém. 

image Manoel Cordeiro: músico vai mostrar um perfil da sonoridade amazônica no Rio

“São sempre muito importantes as oportunidades como essas, de poder tocar com uma artista ícone da cultura da Amazônia e brasileira, que é a querida Fafá de Belém”, ressalta Manoel Cordeiro. Esse arranjador de tantos sucessos que animam bailes dentro e fora do espaço amazônico, destaca o significado de tocar para uma plateia diversificada no Museu do Pontal.

“Somos autores, herdeiros e guardiões de uma cultura - a cultura amazônica - que transcende o tempo e precisa ser respeitada pelo mundo. E queremos, ainda, que o Brasil e o mundo conheçam e celebrem a nossa música popular brasileira feita na Amazônia, porque nela vive a voz da nossa floresta, da nossa gente”, enfatiza Manoel Cordeiro.

Outra atração no Festival é a cantora, jornalista, ativista e produtora cultural Djuena Tikuna, curadora do festival Indígenas.BR. Ela se apresentará às 16h30 do dia 12. Djuena terá como convidada Aíla, cantora paraense e também uma das curadoras do festival.

“A música brasileira feita na Amazônia é rica demais, do carimbó as aparelhagens, da guitarrada ao marabaixo. O Brasil precisa conhecer o Brasil, a Amazônia é 60% do território desse país. Fico muito feliz de contribuir com a difusão da nossa música, e poder ter sido convidada para a curadoria musical, junto com o Museu do Pontal, foi um presente. Os cariocas já amam a cultura do Norte, e tenho certeza que vão se apaixonar ainda mais pela diversidade musical dos artistas amazônicos que estarão no palco do festival", afirma Aíla.

image Cantora Aíla: mostrar os sons da Amazônia (Foto: Júlia Mataruna)

Mestra Bigica, criadora do primeiro grupo de carimbo com protagonismo feminino, o “Sereias do Mar”, em Marapanim (PA),  e o grupo Aturiá (carimbó), com participação de Naieme, cantora paraense de raiz marajoara indígena e quilombola, irão se apresentar no dia 12, às 17h30.

Já no dia 13, às 17h, será a vez de Mestre Solano, um dos criadores da guitarrada, e Noites do Norte. A plateia ainda vai ter o show de Mestre Damasceno, um dos autores do samba-enredo da Grande Rio no Carnaval deste ano, “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”. Damasceno se apresentará às 18h do dia 13.

Em diálogo com a vibração no palco do Festival, o Museu do Pontal, espaço com foco na valorização da cultural popular, vai contar com duas novas exposições: “Jair Gabriel - Imagens da Intuição”, individual do artista rondoniense que trabalhou como seringueiro e descobriu a pintura aos 45 anos; e “Cobra canoa por Paulo Desana e Larissa Ye’pa”, naturais de São Gabriel da Cachoeira (AM), que apresentam suas criações inspiradas na Origem da Humanidade, segundo seus diferentes povos indígenas.

Na programação estão ainda oficinas de grafismos e carimbos usados para pinturas corporais do povo Tukano, de gastronomia e cantos ancestrais Tikuna; contação de histórias e dança Kambeb, sessão de filmes sobre brincadeiras indígenas, com o Território do Brincar, além de feira gastronômica e de artesanato amazônico.

“Os artistas convidados trazem obras significativas e que correlacionam os saberes tradicionais, suas vivências e as linguagens contemporâneas da arte. O público vai se deparar com formas e criações que mergulham em culturas e histórias muito diversas, como não podia deixar de ser, em uma região que traz saberes e estéticas como parte da estrutura sociocultural”, ressalta Angela Mascelani, diretora do Museu do Pontal e uma das curadoras das exposições.

Em parceria com o Observatório do Clima, o Festival Amazônico vai antecipar discussões da COP30, que acontecerá em Belém, em novembro deste ano. A Central da COP (dia 12, às 15h) será uma mesa-redonda ao estilo dos programas sobre futebol, com direito a bate-boca e replay de lances polêmicos, mas com um importante detalhe: o assunto discutido é a emergência climática. É VAR em declaração de político, cartão vermelho para o negacionismo e prêmio Fair Play para as energias renováveis.

image Museu do Pontal: sede do evento cultural com atrações amazônidas (Foto: Ratão Diniz)

Passeio pela cultura

O Festival Amazônico no Museu do Pontal será um verdadeiro passeio pela cultura da Amazônia. Isso porque no momento em que cantores e músicos começarem a mostrar a diversidade sonora da região o público vai poder conhecer ou reconhecer muitos aspectos do real e do imaginário dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos desse território do Brasil.

O público vai poder conferir os sons que fazem a trilha sonora nos núcleos urbanos, nas áreas periféricas das cidades, nos furos de rio, nos lugarejos do espaço amazônico. A musicalidade desse povo tem a ver com o banho de rio; pescar e caçar;  navegar de canoa, rabeta ou regatão; dormir em rede; comer com farinha; subir de peconha em um açaizeiro para apanhar o fruto, e, mais tarde, tomar açaí com um peixe frito, por exemplo. Tem a ver com a vitória-régia, o uirapuru, o boto e outros elementos do horizonte vivo da Amazônia, todo ele encharcado de poesia e, também, pela apreensão sobre seu futuro diante das agressões a esse bioma.

No mês do descobrimento do Brasil e do Dia do Índio, o Festival provocará o debate sobre os significados de país, povo, identidade, história, cultura e futuro de que mora na Amazônia, de quem é brasileiro. E no ano da COP30, as gerações de amazônidas se aliam a cidadãos de outros centros do Brasil para celebrar a cultura da região, para preservar a floresta de pé (símbolo da vida no bioma) e construir o futuro dos povos, zelando pela saúde do planeta.

Serviço:

Festival Amazônico no Museu do Pontal!

12 e 13 de abril

Sábado (12): 10h às 22h – Domingo (13): 10h às 21h

Entrada gratuita. Sujeito a lotação

 

 

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