Festa da Chiquita inspira Milton Cunha a assinar cenografia do 1º Festival Aceita em Belém

Carnavalesco paraense falou sobre um dos principais elementos cenográficos do Festival, que será realizado em agosto

Gabriel da Mota
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O paraense Milton Cunha, carnavalesco, cenógrafo, psicólogo e professor universitário esteve entre os dias 9 e 11 de maio em Belém para desenvolver a cenografia artística do Festival Aceita, concebido para promover a diversidade amazônica e a preservação do meio ambiente. O evento terá mais de 30 artistas do universo LGBTQIAPN+, nacionais e internacionais, e será realizado nos dias 23, 24 e 25 de agosto de 2024, no Espaço Marine Club, na capital paraense.

Segundo os organizadores, o Festival Aceita tem como proposta aliar o debate sobre direitos humanos, diversidade e a relevância da região amazônica para a sobrevivência da humanidade. A ancestralidade, a pluralidade cultural e a biodiversidade do território amazônico, que vai sediar a Conferência do Clima sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em novembro de 2025, inspiram o evento para a afirmação de um mundo diverso e democrático.  

“O nome ‘Aceita’ me atrai demais, porque é um verbo democrático, de paz, mas tem também uma ordem: ‘aceita’ que doi menos. A gente não vai dar um passo pra trás. É luta e, no final, se aceite do jeito que você é”, declara Milton, sobre o conceito do festival. 

O artista nasceu em Belém em 1962 e se mudou para o Rio de Janeiro com 19 anos, após não ter sido aceito em sua família por conta da homossexualidade. Na capital fluminense, ele já foi carnavalesco de escolas de samba, como a Beija-Flor, União da Ilha, Unidos da Tijuca e Porto da Pedra, dentre outras. Também já trabalhou no Brazilian Ball, no Canadá, entre 2007 e 2012; fez graduação em Psicologia e se pós-graduou na área de Letras. Desde 2013, Milton Cunha é comentarista dos desfiles de escolas de samba do Grupo A e da Série Especial na TV Globo do Rio de Janeiro. 

Inspiração na 'Chiquita'

Uma das inspirações do carnavalesco para a concepção da cenografia será a Festa da Chiquita, idealizada na década de 1970 pelo sociólogo carioca, Luís Bandeira, em celebração à diversidade e à cultura paraenses. O evento é realizado desde 1976 no sábado que antecede o Círio de Nazaré, logo após a passagem da procissão da Trasladação, na Praça da República, no bairro da Campina.

O atual diretor da Festa da Chiquita, Eloi Iglesias, será um dos homenageados. “Falando do Eloi, a gente fala de todas as pessoas que lutaram nessas décadas inteiras pra gente chegar aqui. Tem uma luta do LGBTQIA+ do Pará que não começa agora, desde o início do século XX”, afirma Milton Cunha, que planeja a construção de uma ponte no cenário com o nome de Iglesias. 

“Assim que o público entrar, vai dar de cara com o palco do Veado de Ouro. Mas para chegar lá, tem todo um cenário de crítica ao desmatamento e à exploração do minério. A partir das 18h, vamos ter uma grande cerimônia, quando o túnel do encantamento se acende e a gente convida o público pra entrar nessa magia”, detalha o carnavalesco.

Para Milton, o conceito da cenografia é atravessar a dor para chegar à beleza e à capacidade de reformular o dia a dia. “É tão faraônico, são 22 cenários. É uma coisa enorme, com cenógrafos e estudantes de escolas de samba do Pará, e alguns de Parintins. Todo mundo tentando dar vida a isso. É quase pendurar o Eloy Iglesias ali”, declarou Cunha.

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