Exposição mostra obras que contam a história da presença judaica na Amazônia
Costumes, rituais, comércio e gastronomia fazem parte do intercâmbio entre culturas iniciado por imigrantes marroquinos a partir de 1810
Histórias fascinantes merecem ser contadas e compartilhadas. A presença de judeus na região amazônica é uma delas. Maior exposição realizada pelo Museu Judaico de São Paulo desde sua inauguração em 2021, Judeus na Amazônia abre suas portas ao público
Neste sábado (02), está aberta a exposição "Judeus na Amazônia", no Museu Judaico de São Paulo (MUJ). Essa é a maior mostra do local desde sua inauguração em 2021.
A exposição destaca a presença de judeus na região amazônica ao reunir mais de 220 itens entre obras de arte, vídeos, documentos históricos e fotográficos, em um capítulo pouco conhecido da história brasileira: a imigração judaico-marroquina para a Amazônia, que aconteceu entre 1810 e 1930, trazendo centenas de famílias que viviam em cidades como Tânger, Tetuan, Fez e Marrakesh. Na região se estabeleceram como regatões, os mascates dos rios, e atuavam no período do auge da economia da borracha levando e trazendo mercadoria das cidades para os seringais.
Com curadoria conjunta de Aldrin Moura de Figueiredo, Ilana Feldman, Mariana Lorenzi e Renato Athias, a panorâmica é fruto de uma pesquisa de dois anos realizada pelo Museu e ocupa três andares de sua sede. Subdividida em 13 núcleos temáticos, os espaços exibem recortes como embarcações, trocas comerciais, mulheres, ativismo ambiental, rituais e os entrelaçamentos entre a cultura judaica, marroquina e amazônica.
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Três obras foram comissionadas especialmente para a mostra. O jovem pintor paraense Diego Azevedo trabalhou a partir de fotografias históricas para fazer o retrato de duas mulheres ímpares na história da região: a escritora Sultana Levy Rosenblatt e a jornalista Feliz Benoliel. A premiada videoartista Janaina Wagner apresenta um filme em Super 8 inspirado pelos dialetos falados pelos judeus que se estabeleceram na região amazônica. Por fim, haverá uma obra do coletivo paraense Letras que flutuam, grupo de abridores de letras – técnica regional de pintar letras decorativas nos barcos.
Além disso, tem obras de artistas como Claudia Andujar, Donna Benchimol, Thomaz Farkas, Arieh Wagner, Sergio Zalis, Abrão Bemerguy e Mady Benzecry.
"O desejo foi abarcar o contexto histórico e documental trazendo à vida, as histórias pessoais e familiares dessa que é uma das primeiras comunidades judaicas a se estabelecer no Brasil.", explica a Mariana Lorenzi.
A pesquisa para a exposição se limitou às capitais Manaus e Belém, mas estendeu-se por cidades como Gurupá, Cametá, Alenquer, Parintins, Itacoatiara, Maués, Macapá e Breves, entre muitas outras. Ela incluiu visitas a antigos cemitérios, um levantamento aponta que mais de 30 deles teriam existido na região; arquivos institucionais e familiares, e sinagogas.
"Foi um desafio fazer o levantamento da maior variedade possível de materiais, uma construção ativa de encontrar e mobilizar as pessoas que fazem parte daquela história. Além disso, houve a preocupação de mesclar os objetos históricos com uma produção de arte contemporânea, seja por meio de artistas judeus provenientes da Amazônia, como Mady Benzecry, ou artistas judeus que atuaram na região, como o fotógrafo Thomaz Farkas", complementa a curadora.
Agende-se
Data: de 2 de novembro até 5 de maio de 2025
Hora: Terça a domingo, das 10 horas às 18 horas
Local: Museu Judaico de São Paulo (MUJ) - Rua Martinho Prado, 128 - São Paulo, SP
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