Exposição "Amazônia", de Sebastião Salgado, chega ao Brasil

O Rio de Janeiro é o estado a fazer a estreia da exposição no país, mas fotógrafo garante que a exposição vai chegar em Belém.

Bruna Lima
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A exposição "Amazônia", de Sebastião Salgado, estreia no Brasil, nesta terça-feira (19), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O trabalho que tem curadoria de Lélia Wanick Salgado e apresenta ao público 194 fotografias da floresta, dos rios, de nuvens e montanhas registradas durante sete anos, na Amazônia. Durante coletiva de imprensa, Sebastião adiantou que a exposição vai chegar em Belém do Pará.

O plano era que a exposição em Belém fosse no próximo mês de novembro, mas em decorrência de problemas para a escolha do espaço a data foi adiada, mas o fotógrafo espera que no primeiro semestre de 2023 o trabalho chegue até o público paraense.

Durante a coletiva, Sebastião Salgado falou das vivências, impressões e outros aspectos como resultado do trabalho de sete anos, ao lado de Lélia Wanick Salgado, na região que cobre o Norte do Brasil e mais oito países sul-americanos.

Sobre a questão do papel da mulher indígena nas aldeias, Sebastião diz que com a convivência consegue identificar que em muitas aldeias a mulher tem o papel de líder. "As mulheres sempre tiveram um papel ativo nas aldeias e em algumas as mulheres são as lideranças. Nada é parecido com o nosso sistema de relações sociais dentro da família tradicional brasileira ou de qualquer outro país. Não existe a imposição de um gênero sobre o outro", destaca Salgado.

O fotógrafo acrescenta que toda essa convivência com as comunidades indígenas lhe impactou na forma de descobrir outra forma de relação familiar e comunitária. Ele trabalhou com 12 etnias diferentes, o diálogo com cada uma delas foi lento e cheio de conhecimento.

Apesar do atual cenário de devastação da Amazônia, o fotógrafo diz que há dois anos o mundo passou a ter um olhar mais cuidadoso para a floresta, pois a pandemia mostrou que a destruição do meio ambiente ocasiona a devastação da espécie. 

"A gente vive uma luta permanente de agressão às terras indígenas e o maior predador é o poder executivo, que desestabiliza as leis de áreas protegidas", pontua o fotógrafo.

Sebastião Salgado tem uma história com a fotografia que denuncia, que mostra a pobreza, que mostra a persistência de imigrantes por um lugar ao sol, que mostra a devastação da floresta e de povos indígenas. Diante dessa coleção de trabalhos e de vivências ele diz que um dia perdeu a crença na humanidade e chegou até a parar de fotografar, mas depois que passou a plantar e agir com ações a favor do meio ambiente, passou a ter esperança.

"Tenho esperança que a evolução da espécie leve à mudança de comportamento é difícil ver tanta violência. Eu vivo na esperança do meu planeta, da minha espécie. A nossa sobrevivência está ligada à natureza. A violência não é característica das comunidades indígenas. A convivência com os povos indígenas me trouxe muita paz", acrescenta o fotógrafo.

A exposição é composta por três núcleos, no espaço expositivo o ambiente sonoro embala a visão das fotografias com a trilha sonora original do francês Jean-Michel Jarre, elaborada a pedido da família Salgado a partir dos sons da floresta.

A exposição apresenta ainda dois espaços com projeções de fotografias. Uma delas mostra paisagens florestais acompanhadas pelo poema sinfônico Erosão – Origem do Rio Amazonas, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959); a outra traz uma sequência de retratos de índios, sonorizada por uma peça de Rodolfo Stroeter especialmente composta. 

A Exposição e os Concertos Amazônia são patrocinados globalmente pelo Zurich Insurance Group, que desde 2020 é também patrocinadora exclusiva do projeto de reflorestamento e biodiversidade no Brasil do Instituto Terra, liderado por Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado.

Sobre o fotógrafo

Sebastião Salgado é um fotógrafo brasileiro radicado em Paris considerado um dos mais talentosos fotojornalistas do mundo. Com um olhar único, a sua fotografia documental muitas vezes promove uma denúncia social e dá a ver cenários desconhecidos do grande público.

Ele foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, “As Imagens da Amazônia”, que representa o fotógrafo e seu trabalho.

 

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