Experiência reúne cultura e culinária Amazônica

Chefe Léo Modesto promove roteiro agregador de sabor e cultura em Curuçá

Cléo Soares
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Uma cidade que respira folclore, cultura e culinária de raiz amazônica, ligada com uma grande cadeia produtiva vinda da agricultura familiar. Curuçá, no nordeste do Pará, fica às margens da mistura das praias de rios e do mangue da região também conhecida como “Amazônia Atlântica”. É dessa cidade de mais de 300 anos que vem o chef de cozinha Léo Modesto. Mais do que ganhar projeção nacional por sua participação no reality “Mestres do Sabor”, da TV Globo, Léo faz do seu ofício uma missão agregadora dos saberes locais, para que todos os integrantes dessa rede produtiva saíram ganhando.

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É nesse formato que ele trabalha sua “Vivência Mearim”, uma experiência de agricultura e culinária familiar no Sítio Mearim, de sua família. Dentro da vivência o visitante participa do café imersivo no sítio, mostrando a cultura alimentar com o cultivo da mandiocaba, uma variedade de mandioca utilizada na produção do mingau chamado manicuera.

Mas o bom mesmo são as histórias por trás do "Café Ferrado”, receita que está há muitos anos na família do chef. O ponto alto da vivência é a culinária interativa do chef Léo Modesto, na execução do prato do peixe Avoado Moqueado”, que tem ainda a peculiaridade de ser cercado de ostras produzidas na região.

Com esses ingredientes todos na experiência, Léo Modesto envolve, além dos pescadores e criadores de ostras, os produtores da farinha consumida nos pratos, e da tapioca usada na preparação da grande variedade de beijus que entram no café, assim como os agricultores que produzem frutas como mamão e melancia nos sistemas agroflorestais (SAF’s) desenvolvidos na região.

A integração vai além, e Léo já articula uma rede de parceiros na produção de souvenirs, como eco bags, e também no ramo de hospedagem e alimentação dos visitantes, opções que a cidade de Curuçá já vem desenvolvendo. Esse conjunto resulta em um roteiro turístico diferente pelos sabores, mas sobretudo pela riqueza de proporcionar desenvolvimento e valorização do trabalho das comunidades locais.

O segredo do “café ferrado”

O café imersivo, que tem como pano de fundo o “café ferrado”, é um café que já é realizado no sítio há quase dez anos, inspirado nas histórias de família de Terezinha Modesto, mãe e figura inspiradora na vida de Léo. Nos últimos anos, Léo vem organizado esse trabalho para fazer parte do seu roteiro. “Venho alinhando cada detalhe há vários anos, desde o plantio da mandiocaba no sítio até a colheita com a minha mãe, até mesmo para que ela se enxergue como uma empreendedora e não diminuída, como foi por muito tempo. E não só ela, mas muitos agricultores e produtores de outras culturas, especialmente as mulheres né? Eu tenho esse olhar, digamos, mais sensível com as mulheres por conta da minha mãe, da minha avó e de tantas outras mulheres que sempre estiveram presentes na minha vida”, conta Léo.

A ideia em implantação pelo chef é que Terezinha continue à frente do café, que hoje ela conduz muito bem, além de contar como ninguém as histórias de família. “Quando a gente era criança, tomava um café muito gosto no meu tio. Mas nem ele sabia que o café dele era mais gostoso que os outros. Porque ele tinha um segredo, que ele também não sabia que era algo que melhorava o sabor”, conta Terezinha, sobre a prática do tio, de “ferrar” o café, que ela aprendeu e, quem quiser saber como é, basta se inscrever na próxima vivência.

image Tudo envolve elementos da natureza, do peixe às folhas usadas para forrar ou embrulhar o peixe, além das madeiras para montar o “moquém”. (Divulgação / Patrick Valois)

O moqueado é uma viagem pela natureza

Se por um lado o café já não depende mais da presença do chef, o prato do peixe “avoado moqueado” é o que se pode chamar de personificação do termo “arte culinária” por Léo Modesto. Tudo envolve elementos da natureza, do peixe às folhas usadas para forrar ou embrulhar o peixe, além das madeiras para montar o “moquém”, palavra que vem do tupi antigo moka'ẽ ou moqueteiro, para nomear grelha artesanal de madeira usada no preparo do peixe.

Mas antes do peixe chegar a essa grelha, Léo Modesto tira a roupa de chef e aproxima-se mais de um homem da roça, que literalmente sai “roçando” brotos da vegetação, cortando uma palha de bananeira ou guarmã ali, uma de açaí acolá, até chegar à surpreendente folha de “vindicá”, uma planta de origem asiática que é endêmica no Brasil e de sabor único, usada para embrulhar “poquecas” de peixe. O embrulho é arrematada com cordas de malva colhida do sítio e feita na hora. Desse embrulho a poqueca sai horas depois, cozida e com um sabor todo especial.

No “avoado moqueado” da última vivência, realizada durante o 46º Festival Folclórico da cidade, Léo convidou a chef Danielle Serrão, também consultora de cozinha natural e com foco na realidade a amazônica. Com a realidade do dia, que era a mandiocaba, Serrão fez um molho vinagrete também de sabor único. É uma experiência para viver, rezar e agradecer.

SERVIÇO:

Próxima “Vivencia Mearim”

(Avuado Moqueado + Café Imersivo)

3 e 4 de agosto de 2024

Informações e inscrições via WhatsApp (91) 98745‑2327

e no perfil @leomodestoz5

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