Espetáculos da Cia. Tiago de Pinho serão exibidos no cinema comercial, em Belém

'Os Miseráveis', 'Pra Quem é Addams', ‘O Orfanato' e 'O Cortiço' são as montagens em destaque

Vito Gemaque
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Uma forma diferente de apresentar clássicos do teatro para o público é o que a Casa de Artes Tiago de Pinho fará ao remontar sucessos da companhia 'Os Miseráveis', 'Pra Quem é Addams', 'O Orfanato' e 'O Cortiço'.

Devido a pandemia de covid-19, os espetáculos foram gravados, sem público, no palco do Teatro Margarida Schivasappa no final de agosto, e serão exibidos em salas de um cinema comercial, no centro de Belém, com pré-estreia para o elenco e equipe e com venda de ingressos ao público externo. A previsão é que os espetáculos entrem no final de setembro. Em seguida, também serão disponibilizados no Youtube.

Ao retornar aos palcos do Margarida Schivasappa, a equipe da companhia se emocionou. Ao subir no palco, os atores, atrizes e produtores entraram de olhos vendados. Eles ouviram áudios de jornais sobre a pandemia, frases de Jair Bolsonaro desdenhando da pandemia, e por fim, um áudio do ator Paulo Gustavo ressaltando a importância e a alegria em ser artista.

Para o diretor Tiago de Pinho, a emoção de voltar aos palcos é muito forte, mesmo que seja sem público. Este seria um sentimento único. O grupo não entrava no Teatro Margarida Schivasappa desde dezembro de 2019. “Por mais que alguns lugares já estejam fazendo peça com o público, nós não nos sentimos confortáveis ainda. A gente preferiu fazer da seguinte forma, gravar no teatro e depois lançar em outros lugares”, explicou.

image Gláucia Mesquita é Cossete no espetáculo 'Os Miseráveis' (Cristino Martins/ O Liberal)

O primeiro espetáculo gravado foi o musical “Os Miseráveis” de Victor Hugo. “Fala sobre a França, a fome, a miséria, e as pessoas se revoltam e fazem uma revolução contra essa situação de pobreza. É um musical da Broadway, que fizemos em 2017 em Belém. Esse foi o nosso primeiro musical da casa. Depois que a gente fez essa montagem, a gente começou a produzir muito mais, porque vimos que o público começou a aceitar técnicas de teatro musical específicas”, destacou Tiago.

O ator Igor Ibiapina, de 24 anos, que interpreta o revolucionário Enjolras de “Os Miseráveis”, estava com a expectativa alta para voltar a encenar. Ele não conseguiu dormir na véspera da gravação. “O principal sentimento que quero levar é a esperança e que as pessoas possam ver o Enjolras, se espelharem nele, que possam reivindicar os seus direitos, e se for uma pessoa privilegiada veem como alguém que possa lutar em prol de quem não é privilegiado, principalmente no Brasil”, acredita.

A estudante universitária e atriz Gláucia Mesquita, de 23 anos, é uma das protagonistas interpretando Cosette, a personagem adotada por Jean Valjean, um homem preso por roubar pão para alimentar sua família e posteriormente fica rico, mas precisa fugir de uma injusta perseguição.

“Não consigo dizer o quanto é significativo por tudo o que a gente passou e ainda está passando. A arte é um alimento para a nossa alma. Todos nós aqui somos artistas, temos outras coisas que fazemos, mas a gente sempre separa um tempo para vir para cá e nos reconectarmos com a nossa alma e essência, e passar toda essa paixão para o público. A arte é o que move todas as nossas emoções, como a gente interpreta e como a gente vê o mundo e reage aos acontecimentos”, assegura.

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