Espetáculo ‘Joana’ retorna aos palco com nova versão intimista e reflexiva sobre a prostituição

Em entrevista ao Grupo Liberal, a atriz Zê Charonne, que interpreta Joana, contou que a peça teatral aborda uma jornada de resiliência e humor

Gabriel Bentes | Especial para O Liberal
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Em uma nova temporada, a peça teatral “Joana” retorna aos palcos com a potente história da prostituta de Tucuruí que dá nome ao espetáculo. O evento ocorrerá no próximo sábado (26), no Bar do Bené, localizado no Beco do Carmo, no bairro da Cidade Velha, às 19h, com entrada totalmente gratuita.

Em entrevista ao Grupo Liberal, a atriz Zê Charonne, que interpreta Joana, revelou que o espetáculo teatral conta a história de uma mulher simples que, para melhorar de vida, recorre à prostituição com os trabalhadores da usina local. Ao se tornar conhecida por isso, ela também vivencia uma amarga queda em sua carreira.

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“A Joana, que vem lá dos confins de Goiás, por si só já é uma sobrevivente por ser mulher. Uma pessoa sem perspectiva e que 'cai no mundo' e vira prostituta, e a prostituição vira a profissão dela. Ela vai acabar parando em Tucuruí e sobrevivendo como prostituta durante muitos anos. Ela era bonita. Então, a condição feminina aí era de: 'eu tenho uma profissão, eu sou prostituta e eu estou vivendo e vivendo'. Até que vem o declínio por causa da usina' e ela se vê ali perdida no meio daquilo tudo: sem a usina, sem os homens, e vai para as drogas”, resume a atriz.

Ela diz ainda que, embora tenha sido trazida uma história em que Joana enfrentou muitas dificuldades na vida, a abordagem da vivência da personagem tem um teor humorístico - o que pode, inclusive, ser uma inspiração para diversas mulheres. “Ela não conta a história dela na vibração da tristeza. Ela conta a história dela na vibração do positivo. É tudo muito positivo. Mesmo que seja uma tristeza, ela conta com uma forma de humor. É essa a performance da mulher Joana. Você pode contar a sua história, tudo o que você viveu, sem arrependimento e nessa vibração positiva com alegria, com humor”, diz Charonne.

Para a construção da personagem, Zê conta que utilizou muito do imaginário, mas também de vivências pessoais, como o conhecimento empírico dos pontos de prostituição em Belém.

“Eu tenho muitas referências do tempo que eu trabalhei ali no Riachuelo com o Teatro Cuíra, que eu trabalhei durante dez anos lá. Eu escutei muitas histórias e convivi com muitas prostitutas com diversos tipos de personalidades. Tem inspiração, por exemplo, quando eu falo que a Joana é uma mulher positiva e bem-humorada, da Irene, que é uma prostituta que até hoje está no Riachuelo lá na esquina com a 1º de Março”, diz a atriz.

Segundo ela, as diversas realidades que Joana vive na cidade de Tucuruí, principalmente em torno da usina hidrelétrica, serão reveladas não por artefatos que compõem um cenário no palco, mas sim pela perspectiva e narrativa do próprio personagem. O cenário do solo, inclusive, é um ponto importante de todo o espetáculo, pois utiliza características do próprio cenário da peça para apresentar as vivências de Joana.

espetáculo joana

O cenário do solo, inclusive, é um ponto importante de todo o espetáculo, pois utiliza características do próprio cenário da peça para apresentar as vivências de Joana.

“Quando a gente montou o espetáculo na Casa Teatro Cuíra, que é um casarão antigo, a gente usou os propósitos da encenação do cenário, da concepção cenográfica, usando todos os recursos que o casamento proporvava para a gente naquele momento. a gente construiu uma casinha para ela que é como se faz ela casinha, essas casinhas só de madeira, que só tem uma cortininha atrás, que não tem nem telhado. A gente construiu essa espécie de mundo para ela, essa vivência”, exemplificou a atriz.

Repaginada

A peça passou por uma repaginação estética, que não apenas facilita sua adaptação a diferentes locais, mas também destaca itens essenciais carregados de grande simbolismo, complementando a força de atuação. Sob ideia da diretora Olinda Charonne, nesta temporada, o espetáculo contará apenas com a presença de um tapete e um carrinho de supermercado, onde Joana carrega seus pertences pessoais. “Vamos pegar o que é essencial dessa história e vamos deixar a atriz e o texto e contando”, disse Zê.

A intérprete de Joana passageira que, agora com a facilidade de locomoção, pretende levar o espetáculo para públicos de outros municípios. “A gente transformou essa intimista e pequena, que a gente consegue botar dentro de um carro e ir para onde quiser. Eu estou querendo viajar com espetáculo”, disse a atriz.

Zê Charonne cita ainda uma metáfora sobre uma “ponte”, simbolizando a conexão entre duas partes e a possibilidade de novos conhecimentos ao serem atravessados.

"O que a gente precisa para sair da ilha? A gente precisa da ponte. E eu preciso me movimentar com o meu espetáculo para mostrar para as pessoas. Essa é a ponte que a gente quer fazer e mostrar. A gente precisa sempre ter uma ponte", diz a atriz de Joana. “A gente está fazendo essa ponte justamente com essa nova versão da Joana, para chegar mais junto das pessoas. Para que mais pessoas possam ver e chegar mais na periferia. Eu estou gostando muito dessa ideia de levar o espetáculo, e não trazer as pessoas ao teatro. Vamos fazer esse espetáculo ficar viável para muitas pessoas verem”, finaliza Zê Charonne.

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