Espetáculo da Paixão de Cristo dos Capuchinos une fé e consciência ambiental no bairro do Guamá
Em 2025, ao completar 21 anos de atividade, o grupo celebra sua trajetória com o tema “Ame a Mãe Natureza como a ti mesmo”, destacando a importância do respeito e cuidado com o meio ambiente
O Grupo de Teatro Renascer realiza nesta sexta-feira (18) mais uma apresentação da Paixão de Cristo dos Capuchinhos, em alusão à Semana Santa. A encenação que retrata a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo ocorrerá na quadra paroquial da Igreja dos Capuchinhos, do bairro do Guamá, às 19h, com ingressos solidários de R$ 15 e um alimento não-perecível.
Em 2025, ao completar 21 anos de atividade, o grupo celebra sua trajetória com o tema “Ame a Mãe Natureza como a ti mesmo”, destacando a importância do respeito e cuidado com o meio ambiente. Em entrevista à Redação Integrada de O Liberal, o ator e pesquisador Raphael Andrade, que interpreta o Rei Herodes na peça, comenta que este ano o espetáculo traz uma abordagem atual para despertar reflexões e emoções no público, unindo elementos de espiritualidade, responsabilidade social e cuidado com o meio ambiente.
“Todos os anos buscamos renovar a encenação, mantendo a essência da fé e a fidelidade aos textos bíblicos, mas trazendo novos olhares e sensibilidades. Este ano, o público pode esperar surpresas cênicas e visuais muito tocantes, como a representação de uma floresta viva, com dezenas de borboletas ultra-realistas próximas ao sepulcro, e a presença simbólica de um cordeiro, representando o “Agnus Dei’”, comentou o ator.
VEJA MAIS
Ele comenta ainda como surgiu a ideia de retratar as florestas no tradicional espetáculo sobre a Paixão de Cristo: “A escolha de incluir a temática das florestas nasce de uma urgência espiritual e ecológica. Este ano celebramos os 800 anos do ‘Cântico das Criaturas’, de São Francisco de Assis, nosso padroeiro — uma poesia que louva cada ser da natureza como irmão. Essa mensagem dialoga diretamente com a COP30, que será realizada em Belém, e reforça o apelo por mudanças climáticas e sustentabilidade global. Queremos mostrar que o sofrimento de Cristo também se estende à criação, à natureza ferida.”
Segundo o ator e pesquisador, a associação entre a cruz — um dos principais símbolos do cristianismo — e as árvores remete à madeira que sustentou o corpo de Jesus, a mesma que brota da terra, dá origem e abrigo da vida. “A mensagem é clara: cuidar da floresta é também um gesto de fé, de amor ao próximo e ao planeta. Como nos lembra o tema da encenação deste ano: “Ame a Mãe Natureza como a ti mesmo”, comenta Raphael.
Raphael destaca ainda que a peça é, sobretudo, um convite à reflexão crítica sobre a necessidade do zelo humano para com à fauna e a flora. “Não se trata de um enfeite temático. É um clamor. Um chamado à conversão ecológica. Um eco do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis — esse santo da doçura e da coragem, que chamava o Sol de irmão e a Morte de irmã. Nosso Cristo, este ano, caminha também entre as árvores derrubadas, os rios sangrando, os animais em fuga. A cruz se ergue sobre a floresta. E nos convida a cuidar do planeta como cuidamos de nossas próprias feridas. Falar de Paixão é também falar da Amazônia em pé.”
Sob cenas repaginadas e novos personagens, o ator que dá vida a Rei Herodes no espetáculo garante que a peça será uma verdadeira emoção e uma experiência transformadora ao público presente, difundindo os ensinos de Jesus Cristo. “A cada ensaio, percebemos que a Paixão de Cristo não é apenas representada — ela é vivida, com corpo, alma e fé”, diz o pesquisador.
Os ensaios para a apresentação começaram no mês de janeiro e, nas últimas semanas, os preparativos se intensificaram pelas ruas do bairro e a quadra paroquial para uma entrega de maior qualidade. A montagem da peça envolve mais de 70 atores voluntários no palco, além do trabalho conjunto de diversas equipes responsáveis por figurino, produção, som, luz, cenografia e suporte técnico. A direção artística do espetáculo é assinada por Suelen Miguele, idealizadora e fundadora do grupo. A coordenação geral da encenação é de Everson Rolim, que também interpreta Jesus Cristo.
A peça, no entanto, não foi a única atividade do grupo para esta Sexta-Feira Santa. Às 7h de hoje, a programação iniciou-se com um cortejo pelas ruas da cidade, saindo da Comunidade Nossa Senhora das Graças e São José em direção à Igreja Matriz dos Capuchinhos, em um cortejo de oração e reflexão que reúne fiéis em um momento profundo de espiritualidade popular.
Outros espetáculos sobre a Paixão de Cristo
No bairro Canudos, Belém, a Comunidade Santo Agostinho da Aldeia realiza, pelo 42º ano, a encenação da Paixão de Cristo, nesta Sexta-feira Santa (18), às 19h, com saída da quadra da Paróquia São José de Queluz. Com mais de 200 pessoas envolvidas, o espetáculo, organizado pelo Grupo Experimental do Teatro Aldeato, tem como tema “Paixão de Belém, Paixão pela Vida” e propõe uma reflexão sobre os dilemas da Amazônia, os direitos dos povos originários e as desigualdades sociais, em diálogo com a Campanha da Fraternidade 2025.
Ainda nesta sexta-feira, o Grupo Teatral Filhos de Geraldo leva a encenação para as ruas do Conjunto Geraldo Palmeira, em Ananindeua. A Paróquia São Vicente de Paulo, no bairro do PAAR, também promoverá uma apresentação gratuita na Sexta-feira Santa, a partir das 18h. E no dia 21, a Companhia de Teatro Javé encerra a programação na Usina da Paz da Terra Firme, às 20h.
Serviço
O quê: Espetáculo da Paixão de Cristo dos Capuchinhos – “Ame a Mãe Natureza como a ti mesmo”
Quando: Sexta-feira Santa, 18 de abril de 2025
Programação:
- 7h – Via-Sacra com saída da Comunidade Nossa Senhora das Graças e São José (Passagem Francisco Lobato, nº 140 – entre as travessas 3 de Maio e 14 de Abril)
- 19h – Espetáculo da Paixão de Cristo na Quadra da Paróquia dos Capuchinhos – Guamá, Belém (PA)
Ingresso solidário: R$15 + 1kg de alimento não perecível (alimentos destinados à Casa do Pão)
Realização: Grupo de Teatro Renascer
Direção artística: Suelen Miguele
Coordenação geral: Everson Rolim