Escritores paraenses destacam ‘leveza’ da escrita de Milan Kundera como legado a ser seguido

Os autores Toni Moraes e Clara Gianni lerem as obras do autor theco e falaram sobre quais foram as contribuições deixadas por Kundera na literatura moderna

Amanda Martins

O escritor theco Milan Kundera morreu na madrugada desta quarta-feira (12) em Paris, na França, aos 94 anos. Ele ficou mundialmente conhecido por seus personagens e é considerado um dos principais nomes, entre os escritores de romance, do século XX. Autor do célebre “A Insustentável Leveza do Ser” (1984) , Kundera deixou uma legião de fãs apaixonados pela forma como ele conseguia narrar temas complexos e pesados da vida humana sem perder a leveza. Dentre eles, está o escritor paraense Toni Moraes

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Milan Kundera ficou mundialmente conhecido por seus personagens e é considerado um dos principais nomes, entre os escritores de romance, do século 20

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O autor de 'A Insustentável Leveza do Ser', de 90 anos, fugiu da então Checoslováquia e vive na França desde 1975

Em conversa com o Grupo Liberal, ele contou que conheceu a obra de Milan há 13 anos, quando andava pelos sebos de São Paulo. Ao se deparar com o título instigante e ler as primeiras páginas, decidiu levá-lo para a casa. 

“Devorei o romance em uma leitura compulsiva. Fiquei encantado em como o livro trata questões filosóficas tão profundas como uma prosa tão fluida”, relembrou.

Para o autor, o legado de Kundera para os escritores são os seus grandes romances, sendo “A Insustentável Leveza do Ser” elencado por Toni como um dos principais. Os ensaios do escritor theco, onde ele se aprofundava nos temas literários, também são destacados pelo paraense.

Nos ajuda a entender e praticar cada vez mais esse ofício, uma vez que escrever em Paris ou Belém é a mesma coisa, apesar de, contraditoriamente, como sempre é a vida, ser brutalmente diferente”, acrescentou o escritor.

Toni Moraes elogiou a “leveza” como Kundera aborda as temáticas filosóficas tratadas nos livros, muitas vezes falando sobre opressão e violência. “Ele não se preocupava em rebuscar o texto, estava mais preocupado com os aspectos estruturais e valorizando o humor, mesmo em obras que têm como pano de fundo temas mais sombrios”, complementou.

Contribuição

A escritora paraense Clara Gianni também destacou a forma como o theco conseguia escrever sobre temas complexos sem precisar recorrer a grandes “malabarismos narrativos”. 

“‘A Insustentável Leveza de Ser’ é um livro de simplicidade e gentileza, tratando, por exemplo, do conceito de ‘eterno retorno’, em Nietzsche, e outras questões bem espinhosas, como se estivesse tomando um cafezinho contigo”, afirmou Clara Gianni.

Segundo Gianni, Kundera é um dos vários autores da literatura moderna que conseguiu dominar a arte de tratar das dores e paixões em que vivia a partir de uma escrita acessível

Ele permite ao leitor identificar os dramas ali narrados sem precisar conhecer previamente o contexto da Tchecoslováquia politicamente conturbada sobre a qual ele escreve”, acrescentou. Kundera recuperou a cidadania Tcheca em 2019. Ele fugiu da na época chamada União Soviética e se exilou em Paris, na França, desde 1975.

Tanto para os escritores em geral, quanto aos autores paraenses, a grande inspiração que Milan deixa é, segundo Clara, a que todos contem histórias a partir das suas vivências locais. “Sua importância reside no fato de que é possível, afinal, narrar temas pesados da vida humana sem jamais perder a leveza”, destacou.

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