Pesquisador lança livro sobre a relação histórica entre colonizadores e o povo do Marajó

Trazendo uma visão histórica e antropológica, Agenor Sarraf mostra as influências que marcaram a identidade marajoara no Pará

Bruno Menezes | Especial para O Liberal
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Uma obra que se debruça e se dedica a fazer um apanhado histórico sobre as diversas trocas e influências culturais entre colonizadores e povos tradicionais do Marajó. Assim pode ser entendido o livro ‘Marajó – O coração da Amazônia’, do escritor, professor e historiador Agenor Sarraf. A obra historiográfica será lançada nesta quarta-feira (10), durante a 76ª reunião anual da SBPC, na UFPA, às 17h.

O livro, composto de um extenso trabalho de pesquisa científica, usa de depoimentos de personagens ligados à identidade marajoara para mostrar ao leitor como ocorreu a interação de padres espanhóis da Ordem dos Agostinianos com o povo do marajó, um encontro que deixou marcas profundas na região amazônica.

“As narrativas tentam entender uma história social do Marajó, os modos de viver, de festejar, de acreditar, nessa relação de troca cultural com uma cultura estrangeira, colonizadora que vem de fora. É também, ao mesmo tempo, um livro que nos ajuda a entender, de maneira contextualizada, a história social da Amazônia”, explica Agenor.

image O escritor garante que a obra é acessível e pode ser lida por qualquer pessoa (Foto: Igor Mota)

Segundo o escritor, apesar de o livro ser resultado de uma pesquisa acadêmica de mais de 27 anos, a obra possui uma linguagem de fácil entendimento, que pode ser absorvida pelos mais diversos tipos de leitores.

“É uma narrativa feita a partir de uma grande pesquisa, mas que o narrar é acessível pra qualquer pessoa. Como tem muitas histórias da nossa gente, eu analisei documentos, imagens, narrativas de padres, pajés, pai de santos, as pessoas que lerem vão pensar ‘caramba é a Amazônia sendo contada, é a nossa própria história’. É um livro que conta a história de uma vida preocupada em entender o que é essa região”, diz Agenor e salienta que seu livro está sendo requisitado até por alunos do ensino médio.

image O escritor consultou até documentos espanhóis para fazer o resgate histórico do Marajó (Foto: Igor Mota)

Pesquisa Histórica

Para sintetizar tantas histórias e saberes amazônicos em um único livro, Agenor conta que sua pesquisa partiu de tentar explicar as nuances do encontro, confronto e troca cultural na região marajoara, um trabalho que exigiu do escritor a pesquisa de muitos arquivos históricos.

“Como foi esse encontro dos marajoaras, que vêm da tradição afroindígena oral, com os padres espanhóis, que vêm da Europa, de uma tradição letrada e de um outro catolicismo? Para trazer essa resposta eu fui nos arquivos agostinianos, em paróquias do Marajó, visitei arquivos em Belém, São Paulo, na Espanha...Mas eu não fiz uma história da igreja, quis uma história de carne e osso, dos marajoaras, sem heroificar nem demonizar ninguém, quis contar as vivências de gente, com suas crenças, visões de mundo, mas também suas fragilidades”, ressalta.

Segundo o escritor, sua obra não deve ser entendida como a única verdade sobre a história do Marajó, mas sim, uma contribuição histórica que é baseada no olhar dele e em sua própria vivência amazônica, já que ele nasceu no rio Jaí, afluente do rio Macacos, no município de Breves.

 

“Eu diria que o passado passou, mas o historiador, ele deve ir em busca desses rastros do passado, desses pequenos fragmentos. Com a sua especialidade de ler trabalhos de história, com a sua visão crítica, criatividade e imaginação, ele pega esses fragmentos e produz uma grande obra de arte, que é o seu trabalho acadêmico, que é a base da narrativa. O livro não é o passado em si, é uma leitura, uma reconstituição a partir do olhar de um marajoara, historiador, acadêmico, que com a sua própria história lê esses rastros do passado, a partir de um ângulo, e produz uma versão da história do Marajó e da Amazônia, que no conjunto dos grandes estudos, vem trazer uma importante contribuição”, enfatiza Agenor.

Lançamento

O livro ‘Marajó – O coração da Amazônia’ será lançado primeiramente na UFPA, durante a reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), no estande da Valer Editora. O autor estará presencialmente no local para fazer uma sessão de autógrafos a partir das 17h.

A obra historiográfica também será lançada por Agenor no município de Breves, no dia 12 de julho, às 19h, na Paróquia Sant’Ana.

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