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Escritor Leonardo Padura palestra na UFPA e alerta para riscos à democracia no mundo

Economia e avanços tecnológicos são fatores para individualismo, mas espaços como as universidades são frentes de combate a esse processo, inclusive, contra o racismo

Eduardo Rocha
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Antes de palestrar sobre sua obra que recebe elogios em escala mundial, em evento organizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), no Centro de Convenções Benedito Nunes, no começo da noite de sexta-feira (13), o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura, em entrevista ao Grupo Liberal, enfatizou que “a economia é um fator fundamental nas discussões sobre o futuro da humanidade, porque cada vez mais o mundo está se dividindo em pessoas que são ricas e pessoas que são muito pobres, ou seja, riqueza e pobreza”. Ele pontuou que a Inteligência Artificial (IA) e o mundo digital criam mais individualismo, com a possibilidade de criar realidades fictícias, “que vão criando também opiniões que podem colocar em perigo, também, o valor democrático para a humanidade”.

image Palestra de Padura na UFPA reuniu interessados no debate sobre literatura e rumos para a humanidade (Foto: Cristino Martins / O Liberal)

Essa colocação do escritor é referendada pela preocupação dele com os valores universais, trabalhados em seus livros. Em sua primeira vez em Belém e na Amazônia, Padura afirmou que a primeira imagem que lhe vem à mente sobre esse bioma é de “um rio que traz muita água”, sem ingressar diretamente na discussão de ideias sobre a preservação dos recursos naturais da região. No entanto, considerou que a região envolve questões estruturais nos aspectos ecológicos e sociais e se apresenta como uma imagem universal dado o seu significado para o mundo.

Após pontuar que um escritor é alguém que escreve algo interessante para outra pessoa e que a cultura do mundo não seria o que é sem a literatura, Padura disse concordar com o escritor tcheco Milan Kundera de que a razão da arte da novela (arte do romance) é a indagação da condição humana.

Contra o racismo

Acerca do fato de que no próximo mês a UFPA será administrada pela primeira vez por um reitor de cor negra, no caso o professor Gilmar Pereira da Silva, Leonardo Padura destacou: “Me alegra muito saber dessa notícia, porque esse é um debate muito importante em nível mundial, o racismo, em que uma universidade importante como esta tenha à frente uma pessoa afrodescendente, algo muito importante para a comunidade afrodescendente do Brasil, no sentido de ocupar posições importantes no país”. Padura lembrou a eleição do primeiro presidente dos EUA, Barak Obama, e que existe a possibilidade de, agora, em dois meses, uma outra pessoa negra (candidata Kamala Harris) possa se eleger. “Espero que o Brasil tenha essa possibilidade”, completou.

Como o racismo está enraizado na sociedade, Padura considera importante a resistência a esse processo no Brasil, com destaque para a preservação da cultura dos povos atingida por essa prática ao longo da história. Sobre a atuação da instituição universidade na defesa de valores como a liberdade e dignidade dos cidadãos e povos, Leonardo Padura enfatizou que a função precípua da academia é ensinar a pensar, sem espaço para restrições à liberdade de pensamento. Na palestra que fez sobre o tema “Leonardo Padura por ele mesmo: trajetória literária“, o escritor foi saudado pelo reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, na presença de outros dirigentes da instituição.

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