Entusiasta do Círio, escrita de João Carlos Pereira segue viva durante a festividade
A família do escritor planeja lançar novas obras do escritor e jornalista
A procissão do Círio 2022 de Nossa Senhora de Nazaré volta para a sua normalidade, mas com modificações marcantes. Uma delas é a ausência física do escritor e jornalista João Carlos Pereira, que não vai estar nesta edição para relatar as histórias com o tom de poesia que dava ao assunto.
Como um grande adorador do Círio e de Nossa Senhora de Nazaré, o jornalista e pesquisador se debruçava no assunto para dividir com leitores, por meio da coluna em O Liberal, e também com os telespectadores, com a função de comentarista da TV Liberal.
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Para a família do escritor, ainda não é nada fácil enfrentar essa ausência de perto, principalmente nesta época do ano. Mariana Pereira, uma das três filhas de João, diz que no ano passado, mesmo sem a procissão, optou em passar o período mariano viajando. Ela lembra que a distância não ajudou a amenizar a dor, pois o espírito do Círio esteve lado a lado com a família.
“Esse ano decidimos ficar. Vamos acompanhar a trasladação, inclusive. Como fazíamos com ele. Eu estou meio anestesiada. Sei que a data está chegando, mas a correria do trabalho não deixa que eu programe muito esse momento. Então, só vivendo na hora mesmo”, explica.
Mariana recorda que o Círio em sua casa começava desde o mês de setembro, quando seu pai começava a frequentar mais a Basílica de Nazaré; era quando ele iniciava a decoração da casa. E nesse tempo, ele se preparava para as coberturas e transmissões em O Liberal e na TV Liberal. “Eu presenciava situações muito sigilosas; era uma rotina boa e que deixava ele feliz. Quando ele recebia o convite para a transmissão da TV Liberal ficava radiante, e a gente também ficava por ele”, se emociona Mariana.
Em 2020, já com a pandemia, João Carlos Pereira fez a última transmissão sobre o Círio, mas três dias depois ele adoeceu por conta da covid-19. Em 10 de novembro ele morreu em decorrência de complicações da doença.
Eternizado pelos escritos
Mariana diz que apesar do pai não ter nenhum livro específico sobre o Círio, ele planejava escrever uma coletânea. Seria um livro dividido em três volumes. Todo o material, tanto escrito a mão como digitalizado, está guardado em poder da família, que está aguardando apenas o momento certo para a publicação.
“Agora que vão fazer dois anos, a gente mudou de casa, a vida deu uma grande chacoalhada. Entrar em contato com isso ainda dói muito. A gente ainda não teve coragem de mexer nesses materiais. Mas está tudo muito bem guardado. O acervo de livros dele foi doado para o Centur, mas as pesquisas, pastas e os escritos estão guardados”, informa Mariana.
Outra obra do escritor que deve ser publicada é um livro de crônicas. O conteúdo deve ser dividido em dois volumes. “Durante a pandemia o papai escreveu uma crônica por dia, durante cem dias consecutivos, e mais algumas crônicas de forma espaçada. Então, são quase 140 crônicas. A gente quer entrar em alguns editais para poder lançar. O livro deve se chamar Crônicas de Um Desespero ou Paz”, acrescenta a filha do escritor.
Outras duas produções literárias são em parceria com Mário Barata. O trabalho já está avançado, só no aguardo de incentivos para o lançamento.
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