Encontro de Humor Papachibé: cartunistas se reúnem em Belém para mostra com tema gastronômico
Mostra será aberta neste sábado (22), no Restaurante Ver-o-Açaí, no Umarizal, com trabalhos de 8 cartunistas sobre a gastronomia amazônica
Saborear um bom caranguejo no tucupi, uma caldeirada, um prato de maniçoba ou de camarão rosa, tomando aquele açaí, tendo como ingredientes picantes cartuns produzidos em plena Amazônia, precisamente em Belém (PA). Esse é o convite do 1º Encontro de Humor Papachibé a ser aberto neste sábado (22) em Belém (PA), no Restaurante Ver-o-Açaí, no bairro do Umarizal. O evento será aberto às 18h30 deste sábado e, em seguida, poderá ser visitado no horário de funcionamento do restaurante até o dia 30. A mostra reúne 30 trabalhos de 8 cartunistas da capital do Pará, com trabalhos em cima do tema "Rindo de barriga cheia" (gastronomia).
O time de primeira de cartunistas para essa mostra é formado por Leonardo Dressant, Waldez, JBosco, Paulo Emmanuel, Waldemir, Emerson Coe, Allen Campos e o inesquecível Biratan Porto (in memoriam). Eles vão funcionar como uma espécie de garcons "servindo" a criatividade em forma de cartuns, tiras e caricaturas (de chefs renomados). Isso porque, como relata JBosco, a ideia do Papachibé surgiu das andanças dele por outros eventos do tipo no Rio de Janeiro. No meio desse caminho, JBosco filosofou: por que não ter um Encontro em Belém? Mas no meio do caminho, não tinha apenas a "pedra do Drummond (poeta Carlos Drummond de Andrade)", mas, sim, a pandemia, e a ideia ficou para depois.
"Agora, em 2024, essa ideia voltou a me embatucar, e procurando por um espaço que valorizasse a cultura e a arte da Amazônia se chegou ao Restaurante Ver-o-Açaí, que é todo decorado com arte marajoara e tem trabalhos de artistas paraenses. O dono, o Maurício Façanha, é um empreendedor da culinária e da cultura amazônica e topou na hora a ideia do Encontro", conta JBosco. O Papachibé começou a ganhar forma quando ganhou a sala "Varanda do Veropa" no restaurante foi reservada para os trabalhos.
O cartum corresponde a uma piada sem fala. Essa arte tem o condão mágico de fazer as pessoas refletirem sobre algum fato ou situação e sorrirem interna ou externamente. Para concretizar um trabalho dessa natureza, um cartunista pode ser considerado uma pessoa multifacetada: um artista visual, poeta, historiador, jornalista, "salva-vidas" e muitas outras. Mas, sempre com um olhar arguto para tudo e todos. Pode-se dizer que nada escapa à observação desses seres.
Assim, almoçar ou jantar conferindo cartuns pode ser muito interessante para o público em geral, em todos os aspectos, inclusive, o de descobrir novos saberes e sabores da arte amazônica. Até porque o paraense adora conversar, recepcionar amigos e convidados e apresentar os quitutes de sua terra, entre pratos salgados e doces, frutas regionais e bebidas. Tudo regado à alegria, agora, realçada pelos trabalhos em exposição.
Água na boca
Com 39 anos de atividades, Paulo Emmanuel garante desenhos de humor e esculturas em biscuit e miriti. Ele tem quatro trabalhos na mostra. "Encontrar um bom cartum é 'bateiar' como procurar ouro. E é isso que fazemos. Procuramos uma ideia incansavelmente.. De vez em quando , o cartum acontece.. é divertido", diz. Já Emerson Coe faz cartuns desde 1994 e vai "servir" quatro deles no Papachibé. "A matéria prima para um cartum pode ser muita coisa, desde um comentário de um amigo, algo que você vê na TV ou na internet. Mas principalmente é uma arte que observa o cotidiano, todo cartunista é um cronista", assinala.
Para Leonardo Dressant, com sete anos de produção de cartuns e que terá seis trabalhos no Papachibé, "os cartuns podem ser utilizados para falar ao público sobre a diversidade e a riqueza da gastronomia paraense e amazônica". "Por meio de um meio visual e humorístico, é possível informar sobre ingredientes típicos, pratos tradicionais e modos de preparo que são característicos da região. Buscando assim, valorizar e promover a culinária local, tornando-a mais conhecida fora da região e despertando o interesse de turistas e curiosos gastronômicos", completa.
No sangue
Waldez tem 40 anos como cartunista. Ele terá trabalhos na exposição. Mas um deles chama logo a atenção do público. Um Popeye tomando não um espinafre, clássico fortificante desse marujo, mas, sim, um açaí do tipo "valendo!". Outro artista na mostra é JBosco, com 40 anos de carreira. Ele vai expor seis trabalhos na mostra. "Eu gosto muito de uma frase do Charles Chaplin: 'Um dia sem rir é um dia perdido' ", afirma. JBosco recorda a referência do trabalho de Biratan Porto para os cartunistas paraenses. "O Bira tem uma obra essencial", arremata.
Maurício Façanha, proprietário do Ver-o-Açaí, destaca que o nome do restaurante o Ver-o-Peso, cartão postal de Belém, e o açaí, "o nosso maior monumento culinário". "Então, é uma casa de culinária e cultura e esse encontro de cartunistas vai falar dos nossos valores, dos nossos talentos, de quem faz a Amazônia", ressalta Maurício.
Para ele, "o paraense é bem humorado, é criativo e é potoqueiro, doido". "Então, de tudo a gente faz piada, entendeu? De tudo a gente cria uma forma diferente de falar. Tipo assim, eu costumo dizer assim, paraense não dá spoiler, paraense dá caguetagem. Então, o chargista tem isso também, né? De fazer a crítica dele com humor, fazer a crítica dele com uma forma nova de pensar. E a gente tem isso no nosso sangue", conclui.
Serviço
1º Encontro de Humor Papachibé
De 22 a 30 de junho de 2024
No Restaurante Ver-o-Açaí
Na rua D. Pedro, 599, perto da Pça. Brasil
Bairro Umarizal
Horário de funcionamento do restaurante
Apoio Cultural: Restaurante Ver-o-Açaí
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