Em apresentação com Elza, em Belém, Renegado lança turnê "Onda Negra"
“Sou um homem preto livre”, cantor fala de amor e protesto em Festival Psica
A turnê de "Onda Negra", Elza Soares & Renegado, iniciou em Belém. O público do Festival Psica foi o primeiro a assistir esse show, que agora viaja pelo Brasil.
Elza Soares & Renegado se apresentaram na noite do último domingo, 19.
“Estou encantado em um grau diferente com o Festival. Há 6 anos tive a oportunidade de vir a Belém tocar numa festa de rap, quem fazia a festa eram as pessoas do festival. Poder voltar e ver que os moleque da periferia que sonhavam em fazer evento para o povo da periferia, evoluírem e hoje, fazerem um festival desse tamanho, isso me toca num grau muito profundo, porque só mostrar que quando sonhamos, tudo é possível”, disse o cantor.
Em três dias, o Festival Psica apresentou sua 9ª edição, produzido e com apresentações majoritariamente de pretos. Passaram pelo palco Chico César, Karol Conká, Nuclear, Klitores Kaos, Petals Blade, Kratos + Sumano, Rap Amazônia no Ataque e rapper mineiro FBC, entre outros.
“Chegar e ver um festival feito por pessoas periféricas é a realização de um sonho, mostra que a nossa luta está surtindo efeito. Vemos isso de forma prática, pessoas que há um tempo eram desacreditadas pela sociedade, hoje elas conseguem se organizar com a sua música e com a sua produção cultural, agregar pessoas que acreditam nisso e fazer aquele cartasse que podemos assistir nos últimos três dias. É genial, a periferia passou de um lugar que aceita que é imposto e começa ser dona da sua produção e do seu consumo. Isso faz toda diferença”, acrescentou.
ELZA SOARES
O primeiro contato presencial entre Elza Soares e Renegado foi na sala da casa da cantora. Ao receber um buquê de flores, ela perguntou a música que ele mais gostava dela. Renegado prontamente disse: Meu guri.
Elza então cantou para ele e naquele momento, Renegado ficou sem saber se chorava, ria ou cantava com ela. Desse momento surgiram várias parcerias: Negrão Negra, Divino Maravilhoso.
“Hoje eu estou conhecendo um pouco mais da Elza, nunca tive a oportunidade de cantar ao vivo com ela, a gente fez lives, mas tem diferença. Estar no palco com o público, é o nosso retorno desde o processo pandêmico. Estou muito honrado e feliz que a estreia dessa turnê tenha sido em Belém, significa e representa muito para gente. Vou conhecendo ela diariamente, a conquistando e me deixando ser conquistado. Viver com a Elza é isso: uma parada que não tem script, não tem roteiro”, desabafou Renegado.
Sobre o show, Elza usou o seu perfil no Twitter para falar da emoção. “Começamos com o pé direito , não é @renegado?”
“Foi tuuudo meu show com o @renegado, gentem”, acrescentou a cantora.
PELE PRETA
O lançamento mais recente de Renegado é “Pele Preta”. A parceria com Rebecca mostra seu lado romântico da cantora com uma canção que valoriza o amor afrocentrado.
O artista mostrou um pouco da música no show do Festival Psica e a resposta do público foi superior a que ele esperava. “Fico muito feliz como Belém recebeu Pele Preta, quando chegou no final todo mundo cantando junto já. Gravei e falei para Rebecca: “cara, temos um hit”. É essa sensação gostosa de ver que as pessoas se identificam com o que você está falando, seja uma música de amor ou de protesto”, contou Renegado.
Sobre suas composições, o músico não se limita a temas, ele quer falar sobre suas ideias, amor e vivencias.
“Compor uma música é um ato solitário, é uma ideia que vem na tua cabeça e aquilo te toca e você quer reproduzir para as pessoas. Mas nunca sabemos o resultado o que vai dá. Quando a música toca as pessoas eu fico muito feliz, porque vejo que aquele sonho que era inicialmente só meu, passou a ser coletivo. E essa é a magia da música, de pegar um olhar, um ponto de vista, um sonho que era só seu particular e que vira uma coisa coletiva”, finalizou.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA