Drags Themônias empreendedoras: Squel Voyage e Perséfone de Milo falam sobre marcas e trajetórias

A costura como profissão, conheça o trabalho de Ozias Xavier, a Squel Voyage e de Bruno Sacramento, quem dá vida a Perséfone de Milo; em entrevista a coluna desta semana falam sobre como se tornaram Themônias empreendedoras

Ellen Moon D'arc (Emanuele Corrêa)

A relação da comunidade Drag - Queen, King, Queer, Themônia, entre outras - com a costura e a moda é muito próxima, pois as performers utilizam os figurinos que vão do "Luxo" ao "Lixo", literalmente, para comporem o seu visual. A costura nem sempre é só para benefício próprio, algumas utilizam como profissão e formalizam-se como Microempreendedor/a/e Individual (MEI), como é o caso das Drags Squel Voyage e Perséfone de Milo, que em entrevista a coluna desta semana falam sobre como se tornaram Themônias empreendedoras.

Squel Voyage é performada pelo estudante técnico em Figurino Cênico (UFPA), Ozias Xavier, 26 anos. Natural de Abaetetuba, nordeste paraense, também é costureiro e empreendedor e começou a costurar em 2017, fazendo os ajustes nas roupas dos clientes da loja de confecção de sua mãe. Em 2019, veio para Belém e transformou as habilidades com a agulha e linha em profissão. "Em 2020, eu ganhei uma máquina de costura [do marido] e comecei a costurar máscaras no período da pandemia. Então foi assim que eu voltei a costurar… Eu tinha um emprego em uma empresa em Belém, e meus amigos sempre me incentivavam. Teve um dia que houve um evento interno da empresa, que eu precisei costurar uma saia de carimbó com sete metros de tecido de um dia para o outro. Foi a partir daí e da minha aprovação na UFPA que eu soube que queria trabalhar somente com a costura", completou.

Ozias Xavier é Squel Voyage. Proprietária de ateliê costura figurinos de ballet. Foto: Igor Mota

Com o apoio do marido, bailarino e professor de ballet, Ronilson Cruz, começou a costurar figurinos para as escolas e espetáculos de ballet. Com a visibilidade, e o Ateliê Ozias Xavier estabelecido, resolveu formalizar o empreendimento. "Criei o MEI do Atelier em Fevereiro de 2022, porém eu já costurava desde 2017 como autônomo. Para alguns trabalhos como fantasias para o Carnaval de 2023, eu fui chamado por ter MEI, pois não estavam aceitando declaração de pessoas físicas ou declaração de autônomos, apenas nota fiscal", relembra.

A moda que nasceu no Pará e já viajou o Brasil e o mundo

 A família de Squel Voyage, a Haus of Híbrida – da mama Gigi Híbrida – desfilou na primeira temporada do 1º reality show de famílias Drags da América Latina, o "Dinastia Drag", produzido em Belém pelo coletivo NoiteSuja, com os figurinos confeccionados pelas mãos da filha Voyage. “Foi assim uma experiência incrível estar vendo o meu trabalho saindo do Pará, não fisicamente, mas disponível para o mundo todo ver pelo Youtube. Prestigiar esse reality foi muito intenso”, declarou.

image Perséfone de Milo é performada por Bruno Sacraento. Drag Themônia e fashinista, tem a "Babildri" um espaço de experimentação de moda. (Reprodução / Divulgação)

Perséfone de Milo, da Haus of Carão, é vivida por Bruno Sacramento, 27 anos. Artista, fashionista e Drag Themônia, começou uma paixão pelo universo da costura e moda ainda na infância. "Até então, achava ser um universo muito distante da minha realidade de menino gay morador de Ananindeua, região metropolitana de Belém. Comecei a consumir Drag, através do Reality RuPaul Drag Race, mas me apaixonei mesmo pelo fazer artístico quando conheci as Drags Themônias de Belém", disse.

"Comecei a me montar e foi assim que comecei a explorar e experimentar as minhas referências. Percebi que elevariam o trabalho da minha Drag (costura, maquiagem, arte) e consequentemente meu trabalho como Drag decolou, se tornando, durante um bom tempo, minha única fonte de renda me levando a ter trabalhos para marcas como o Facebook e Natura", observou.

Junto ao sócio e parceiro Luiz Cordeiro iniciaram a "Babildri" informalmente e, em 2021, criaram o MEI da empresa. "Primeiramente foi uma empresa de venda on-line de roupas e acessórios de moda, mas que hoje consideramos um projeto de experimentação de moda. Onde temos um trabalho mais voltado para Styling e produção de figurinos para shows, audiovisual, publicidade. Criei, principalmente, para profissionalizar as relações da empresa e pela comprovação de tempo trabalhado. Com o tempo vi que em muitos projetos, principalmente no Audiovisual, tudo é feito de empresa para empresa, onde muitas vezes é solicitado a emissão de nota fiscal, então ter um CNPJ ativo é essencial quando queremos trabalhar com grandes projetos", contou.

image Perséfone já assinou os figurinos de artistas de todo o Brasil: Raidol, Aíla, Azuliteral, Keila Gentil, Helena Ressoa, e assinamos o styling de Rincon Sapiência (SP), Jeff Moraes, Layse, Jáder (Recife) Bruna BG e de projetos como o clipe 'Tô de Onda' de Aíla; Festival Amazônia Mapping, publicidades nacionais, entre outros. Os acessórios da Babildri já viajaram e vestiram artistas como Liege e Victor Fadul (SP). (Reprodução / Divulgação)

A costura apresentou a ele uma infinidade de possibilidades, diz Perséfone, que já assinou os figurinos de artistas de todo o Brasil. "Atualmente, já assinamos o figurino de Raidol, Aíla, Azuliteral, Keila Gentil, Helena Ressoa, e assinamos o styling de Rincon Sapiência (SP), Jeff Moraes, Layse, Jáder (Recife) Bruna BG e de projetos como o clipe 'Tô de Onda' de Aíla; Festival Amazônia Mapping, publicidades nacionais, entre outros. Os acessórios da Babildri já viajaram e vestiram artistas como Liege e Victor Fadul (SP)", declarou amistosa.

Atualmente trabalha com as área internas da empresa, publicidade e redes sociais e por isso também terceiriza a costura. Mas a sua atual paixão na produção, é o Upcycling. "Upcycling (reciclagem de roupas) porque são muitas as possibilidades de aplicação dessa técnica e nos mostra que, nem sempre precisamos de muito para fazer moda", diz.

Na sua arte, muito a emociona ter uma ideia materializada no corpo de alguém é maravilhoso. "E, todo trabalho prazeroso, também é desafiador," diz. Por isto, deixa uma dica para quem está começando. "O principal é não se desesperar e entender que cada problema é passageiro e que é um aprendizado. O importante é continuar trabalhando e mostrando seu talento pro mundo, você será recompensado. Para quem está começando em qualquer área da arte ou costura: O MEI é um instrumento importante para você deixar de ser um trabalhador informal. A partir dele você conseguirá prestar serviço pra outras empresas ou até mesmo para governos, possibilitando também a contratação para serviços como máquina de cartão, conta jurídica, aposentadoria, emissão de notas fiscais. Só vantagem. Formalizem-se! O processo é descomplicado e é imediato", finalizou.

Para acompanhar o trabalho de Squel e Perséfone, é só seguir: @oziasxavier, @atelieroziasxavier, @persefonedrag, @sacramen.to @babildri. A iniciativa da coluna "Drag, o quê?", é do Grupo Liberal com Ellen Moon D'arc. Para ficar por dentro de outros conteúdos ou sugerir pautas, é só seguir no Instagram @dragdelua.

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