Drag, o quê? Rita D'Libra e a arte Drag Queen com acessibilidade

Conheça o trabalho de Rita D'Libra, que utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em seus shows

Ellen Moon D'arc

Na arte Drag, o performer pode passar uma mensagem verbal e/ou não verbal, pois na performance todo corpo comunica. Para o público não ouvinte, alguns espaços e atividades se tornam inacessíveis devido a falta de inclusão. Tentando mudar este cenário, a Drag Queen Rita D'Libra utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e se tornou pioneira ao interpretar o seu conteúdo no Instagram e os shows de artistas para o público surdo.

Rita D'Libra surgiu em 2016, enquanto Drag Queen, no entanto, o seu criador - e noivo como se apresenta - Lenon Tarragô, ator e pedagogo estuda desde 2011 Libras e começou a trabalhar como intérprete da língua de caráter gestual-visual, expressada por meio de sinais e expressões faciais antes disso. "Em 2013 já atuava como intérprete em universidades e em teatros. Ganhei uma bolsa de estudos em 2011 em uma instituição de assistência social da cidade e desde a primeira aula, percebi que eu precisava aprender a me comunicar nessa língua", relatou.

Foi no ofício de ator, vendo um amigo na plateia, que resolveu mudar a sua performance e incluir a linguagem para que ele pudesse acompanhar a apresentação, em seguida, Rita surgiria. "Eu já participava de apresentações artísticas como ator e como intérprete nas dramas. Depois de um tempo surgiu uma personagem que era um palhaço, que queria ser uma palhaça no show e eu fiz ela. Depois de usar a mágica da peruca, quis me montar mais e construir minha persona", relembrou.

"A Rita surgiu super assustada no palco para performar e quando iniciou o lipsync, percebeu que tinham amigos surdos dela na plateia e então, ela adaptou sua performance sinalizando-a. Com o passar do tempo, a escolha das músicas para performar vem muito com o contexto que há na letra e com a sinalização, para ficar mais poético e os dois públicos se emocionarem (ouvinte e surdo)", completou.

Rita já trabalhou com grandes nomes da música, a exemplo de Pabllo Vittar, Gloria Groove, Ludmilla, Iza, Valesca, Gretchen, Danny Bond e Romero Ferro e se orgulha deste e de outros trabalhos. "Muita gente. Já trabalhei para a Disney Company Brasil traduzindo para o Maurício de Souza e isso foi muito importante para mim, fiquei me sentindo incrível! Também tenho parcerias na criação de conteúdos com outros artistas como Kell Smith, atores como a Rosane Gofman e o Carmo Dalla Vecchia e a lista continua", citou.

Sobre a montação, Rita revela que é o Lenon que cuida das coisas. Enquanto ator, experimentar esse universo da produção é muito interessante, diz. “O Lenon é o noivo da Rita, ele que arruma todas as coisas dela para a sua chegada, brinco muito com isso mas é a realidade. Enquanto estou me maquiando, a roupa já está separada e já tento organizar um dia antes o que será usado, qual o cabelo estará sendo colocado e os roteiros são pré-definidos para que quando a Rita estiver em casa, ela só aperta no REC e faz seu brilho invadir as telinhas”, comentou entre risos.

image Em entrevista Rita D'Libra contou como une as temáticas da inclusão por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a pauta LGBTQIAP+ (Reprodução / Divulgação Cesar Lopes)

Representatividade e acessibilidade

Além dos palcos, Rita D'Libra tem presença forte na internet e é uma produtora de conteúdo. Todas as temáticas que aborda em seus conteúdos a presença da diversidade e inclusão são pontos chaves. Ela também posta vídeos em formato de esquetes trazendo o universo dos casais e aumentando a família de Libra. Além de Rita e seu noivo, a adolescente “Lua” e as versões dos signos do zodíaco da Rita, aparecem. “A Rita é muito boazinha, então, ela não conseguiria dar um shade, se necessário. Mas a Rita do Signo de escorpião, que é o meu signo, ela é direta e fala sem rodeios”, disse a interprete.

Questionada sobre o que torna mais desafiador o trabalho da Rita, ela declarou que levantar as pautas que trabalha. “Estar levantando mais de uma bandeira e trazer todas as pessoas para perto de mim. Acredito que ser uma LGBTQIA+ e trabalhar com a pessoa com deficiência já trás uma grande responsabilidade e o desafio maior é ser uma referência para outras pessoas, segurar essa peteca e ser uma boa influência. [...] Mostrar que existem pessoas com deficiência que são LGBTIQIAP+, elas existem e precisam ser vistas”, disse.

Rita D’Libra deixou um recado aos leitores da coluna. “Bóra lá aprender Libras e mudar a realidade dessa sociedade? Usar esse bordão faz com que a pessoa saiba que estou aqui para contribuir com o aprendizado dela, vamos juntos aprender e trocar experiências!”, finalizou.

Para acompanhar Rita D’Libra é só seguir o @ritadlibra no Instagram. A iniciativa da coluna "Drag, o quê?", é do Grupo Liberal com Ellen Moon D'arc e tem o apoio do Coletivo NoiteSuja, com a produção do figurino de La Falleg Condessa. E das microempreendedoras Lenny Gusmão (Lenny Laces), que cede as laces - prótese feita fio a fio em uma tela de microtule - e da designer de unhas, Rubi Coelho que cuida dos alongamentos de unhas. Para ficar por dentro de outros conteúdos ou sugerir pautas, é só seguir no Instagram @dragdelua.

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