Drag na Amazônia: arte, performance e resistência
Gabriela Luz, por meio de sua Drag Ecológica Sarita Themônia, abrindo as provocações mensais que propõe a coluna ‘Drag, o quê?’
A arte Drag na Amazônia paraense possui várias categorias, entre elas Queen, King, Queer, Themônia, etc. Pode tanto exagerar, brincar e subverter a lógica da binaridade de gênero (masculino/feminino), como pode representar a fluidez e o não humano. Sobre o fazer artístico e performático na Amazônia, contribui a atriz, mestra e arte educadora Gabriela Luz, por meio de sua Drag Ecológica Sarita Themônia, abrindo as provocações mensais que propõe a coluna "Drag, o quê?".
Gabriela é uma travesti paraense, arte-educadora que encontrou no lixo as transformações de sua arte e de sua pessoa, diz. Começou a fazer arte no teatro, em Belém do Pará e nas festas do movimento político-cultural, NoiteSuja, começou a sua montação de Sarita Themônia. "Conheci a arte Drag através do teatro, mas foram nas festas do coletivo NoiteSuja que comecei a me montar. Um espaço compartilhado por diversos artistas e pessoas LGBTQIAP+ que além da criatividade temos o acolhimento como forte característica", declarou.
Para a artista, fazer Drag e ser uma Drag Themônia na Amazônia tem relação com performance artística, no entanto, tem relação íntima com afeto, pertencimento e acolhimento, inclusive, percebido entre as famílias drags e no movimento em si, que forma um megazord ou rede de apoio. "Foi através do encontro das diferenças que entendemos o que é ser Drag Themonia. Uma experiência que exalta nossa região e tem referência na nossa cultura", pontuou.
A arte feita do lixo, diz Sarita, quer passar uma mensagem sobre refletir os próprios hábitos, a relação com as pessoas e com o planeta. "Toda essa diversidade me inspirou na criação visual a partir do lixo, dialogando com a sustentabilidade, mas também com a cultura de consumo e descarte na experiência de Drag Ecológica e desde então há oito anos, continuamos a nos montar, ocupando outros espaços além das festas noturnas. Nas as salas de aula, eventos públicos, e das mais diferentes áreas além da arte, se tornando hoje um movimento de Arte, Cultura e Política paraense, mas também presentes em outras capitais", arguiu.
Sobre a presença das Themônias em outras capitais, como em São Paulo, Sarita destaca que há mais de 70 artistas paraenses que são do movimento e estão presentes na música, na dança, no teatro, na saúde, no jornalismo, audiovisual, fotografia, na poesia, literatura, na moda e em outras áreas diversas que, montadas ou não, se declaram Themônias.
Questionada sobre qual tema gostaria de ver pelo espaço da coluna, a performer respondeu sobre a arte performática e a música feita na Amazônia. "Para esse espaço se fortalecer, eu acho que nós temos assuntos e um deles é o movimento de Carimbó. O carimbó urbano. Já tem artista fazendo carimbó dentro do ônibus, na praça. Então é importante trazer esse lugar do Carimbó Urbano, movimento de jovens como nós", sugeriu.
"Do rap também, que eu acompanho, e acho que vale a pena falar de ancestralidade. Muito importante a gente entender que a nossa região é energia. Que o nosso alimento também é energia. Então estou falando tanto dos povos do terreiro, como das pessoas indígenas. Acho que tem muito pano pra manga. Olhar para nossa região é falar sobre cultura, ancestralidade e falar sobre quem nos trouxe até aqui", finalizou.
Sarita Themônia indica 4 artistas para conhecer
- Pietra Pojo @pietrapojo
“Uma artista que muito me provoca e mexe com a minha cabeça é a Pietra pojo. Ela faz parte da House of Carão. Themonia recém acolhida por essa casa, uma das maiores Casas. Pietra Pojo é sem dúvida uma artista que me atravessa visualmente.
2. Bixa do Mato
"Outra artista que mexe muito comigo é bixa do mato. Não tem como falar de cultura e arte na Amazônia, sem lembrar essa artista muito diversa visual, ela costura.
3. MC Pokaroupas @mc_pokaroupas
"Tem também uma MC Pokaroupas. Travestis de Capanema, de uma região muito específica, nde ela é uma artista da musicalidade. Uma poetisa, incrível, sensacional. Vale a pena conhecer.
4. Mulambra @roledaflor
“Eu amo muito, é uma artista Themonia, da performance, ela faz as roupa tudo inspirada na nossa Cultura. Tem lugar importante, enquanto pessoa. Na Amazônia encontra na nossa região seu lugar de muita inspiração.
Drag, o quê? É uma coluna mensal, escrita pela drag-reppórter Ellen Moon D'arc - alter-ego da jornalista, atriz e produtora cultural Emanuele Corrêa. Para mais conteúdos e conhecer melhor o trabalho da entrevistada, Sarita Themina, é só seguir: @saritathemonia @elaluzgabriela
Realização:
O Liberal
Ellen Moon D'arc
Conteúdo:
Ellen Moon D'arc, Emanuele Corrêa
Coordenação: Abílio Dantas
Gravação:
Edição: Bruno Roberto
Fotografia: Sidney Oliveira
Apoio - Montação da Ellen
Figurino: La Falleg Condessa /acervo NoiteSuja
Cabelo/Lace: Lenny Laces
Unhas/Designer de unhas: Rubi Coelho
Make-up e produção: Emanuele Corrêa
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