Dia Mundial do Rock: saiba as origens do gênero e como está o cenário paraense
A Redação Integrada de O Liberal entrevistou Jayme Katarro, empresário e músico da banda Delinquente e o pesquisador musical e criador do programa "Balanço do Rock", Beto Fares, sobre o cenário do Rock no Pará
Hoje, 13, é o Dia Mundial do Rock, data que celebra o gênero musical, o cenário artístico e o mercado do Rock como um todo. A data é criação brasileira, inspirada no Festival Live Aid, que reuniu 40 artistas na Inglaterra e nos Estados Unidos simultaneamente na mesma data, em 1985. A Redação Integrada de O Liberal entrevistou Jayme Katarro, empresário e músico da banda Delinquente e o pesquisador musical e criador do programa "Balanço do Rock", Beto Fares, sobre o cenário do Rock no Pará.
O músico da banda Delinquentes, Jayme Neto, conhecido como "Jayme Katarro", conta que a banda está na estrada desde 1985 e iniciou no cenário na segunda geração do movimento punk, em Belém. Sobre o gênero musical, ele diz que o Rock and Roll não para e não morre. "Sempre considerado uma montanha russa, com seus altos e baixos. Mas está sempre vivo, porque ele respira e sobrevive por fora dos caminhos das modas e tendências momentâneas. E ainda bem. Enquanto tiver um jovem querendo pegar um instrumento, ou soltar sua voz num palco, o estilo sobreviverá", disse o músico.
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Atualmente a banda está produzindo o próximo álbum, com músicas inéditas e outras lançadas desde o começo da pandemia. Além de se prepararem para a próxima turnê no final do ano em algumas cidades do nordeste e em São Paulo, contou. Jayme também revelou o "segredo" de tanto tempo de carreira. "O segredo dessa longevidade é o simples prazer de gostar do que fazemos. Não é o sustento nem o trabalho pessoal dos integrantes. O que nos motiva é realmente amarmos a música que fazemos", contou.
O músico acredita que o cenário do Rock não só em Belém, mas no Pará, é ativo. E que é importante visibilizar a data, para divulgar o estilo e dar espaço às bandas locais. Destacou também a importância dos festivais. "O estilo está bem vivo na cidade, com muitos shows acontecendo nesse período de pós pandemia mais crítica. Há várias produtoras e festivais novos acontecendo e mais e mais bandas vão aparecendo. Tem um festival acontecendo, de graça na cidade [Skate Park, avenida Tamandaré, às 19h], inclusive com uma banda do interior de Marabá, o Cérebro de Galinha", arguiu.
Sobre festivais, Jayme relembrou o episódio envolvendo o "Facada Fest", evento que continha cartazes com críticas ao presidente Jair Bolsonaro. O então Ministro da Justiça, Sérgio Moro, abriu inquérito para investigar os organizadores e músicos do evento. O artista afirmou que o processo ainda está aberto e a audiência está marcada para hoje. "Não sou do coletivo Facada Fest, participei daquela 3° edição apenas, porque íamos tocar e acabei ajudando na produção. O que houve nesse evento foi uma tentativa de censura. Primeiro tentaram boicotar o festival. Corremos atrás e conseguimos realizar, inclusive com apoios institucionais", relembrou.
"Depois a tentativa de intimidação, através de uma intimação assinada pelo então ministro Sérgio Moro. O que por si só já era um total absurdo, porque com tantos problemas sérios para se resolver no país, eles perderam tempo e dinheiro do sistema judiciário investindo contra 5 músicos e produtores locais por causa de um simples festival. O processo ainda corre, inclusive temos uma audiência justamente no dia mundial do rock", completou.
O músico também relembrou a importância do programa "Balanço do Rock", que há 32 anos fortalece o gênero musical e dá espaço aos artistas, inclusive, os que estão surgindo agora na cena, disse. "Foi fundamental para a cena, ajudou a construir um cenário, formatou bandas inclusive. Hoje com a mudança de dia de exibição, e com a própria mudança de hábitos dos ouvintes, talvez esteja num outro patamar de audiência. Lembro que ficávamos sabendo dos shows e lançamentos através do programa. Hoje a internet meio que ocupou já esse espaço. Mas continua tendo sua importância hoje, divulgando as bandas novas e lançamentos", finalizou.
O fortalecimento do Rock and Roll paraense
O produtor e pesquisador musical, Beto Fares, atua desde 1980 na cena artística musical e é responsável pela divulgação e descoberta de novos artistas, com o programa da Rádio Cultura "Balanço do Rock". "A Partir de 1990, o Projeto Balanço do Rock, programa da grade da Cultura Fm, passou a dar voz a essa vigorosa cena produzindo tapes, gravando shows e mostrando toda a essa produção fértil, firmando compromisso com a difusão e a circulação desses artistas", pontuou.
Fares conta que iniciou na música, inspirado nos irmãos mais velhos e que chegou a tocar na noite por quatro anos. Com trabalho solo e em dupla. O Rock surgiu como interesse natural da idade, contou.
O Rock and Roll surgiu no fim da década de 1950 e se somou a estilos como Blues, Country e Jazz. Beto relembrou as origens do gênero e contou sobre o movimento no Brasil. "Acredito que o rock tem raízes no blues que somaram a outros estilos. Assim como a língua, a arte é movimento, evolui e incorpora as informações do tempo, assim foi com o rock que absorve, funde e segue para formatar o que conhecemos hoje", disse.
"A força artística de dois ícones do gênero, Chuck Barry e Elvis Presley, levou a informação rock e, acredito os Beatles popularização definitivamente o gênero no mundo fazendo jovens dos mais distintos continentes. Aqui no Brasil não foi diferente, ainda nos anos 1950, a nova onda ganhou contornos ancorados em nomes famosos. Nora Ney, Moacir Franco e Cauby Peixoto emprestaram prestígio para implementação do rock. A Jovem Guarda popularizou, a Tropicália deu conteúdo e o BRock, o prestígio", completou.
No Pará, o produtor musical diz que não foi diferente. Um pouco mais tarde, em 1980, o Rock nacional e a popularização do Heavy Metal, ganharam visibilidade com bandas paraenses. "Bandas como Mosaico de Ravena, Álibi de Orfeu, Insolência Públika, Delinquentes ou Jolly Joker vieram pavimentando caminhos para a profissionalização e reconhecimento. De lá pra cá passamos por vários momentos, entre eles o reconhecimento do ambiente sonoro amazônico e letras mais relacionadas ao nosso cotidiano. Nisso se vão décadas de trabalho que se mantém ativo graças ao brado punk 'faça você mesmo'. Os novos grupos de bandas/artistas/ compositores criam ambientes que possam se mostrar e agregar seus pares", finalizou.
Curiosidades sobre o Dia Mundial do Rock:
- Uma curiosidade que envolve a data é que, apesar de se dizer "Mundial", a data é comemorada apenas no Brasil.
- A data surgiu da ideia de radialistas de duas rádios brasileiras em 1990, que propuseram aos fãs de Rock a data como "Dia Mundial do Rock", fazendo referência ao show "Live Aid", em 13 de julho de 1985, com shows simultaneamente em Londres (Inglaterra) e Filadélfia (Pensilvânia, EUA), que tinha o objetivo de arrecadar fundos para uma ação de combate à fome na Etiópia (África). Com 16 horas de shows e mais de 20 atrações em cada cidade, o festival foi um sucesso. Phil Collins declarou que a data deveria ser considerada o Dia Mundial, mas foi o Brasil que comprou a ideia. Inclusive, o artista se apresentou em Londres e na Filadélfia e viajou de Concorde - avião supersônico - para se apresentar em ambos os shows.
Fonte: Deezer Blog / Letras.mus
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