Dia Mundial da Arte: artistas falam sobre renascimento e transformação
A data faz homenagem ao aniversário de Leonardo da Vinci
A arte em suas diferentes linguagens passeia por emoções que encantam, alegram, entristecem e provocam as mais diversas sensações. Mas para além de sensações a arte sai do campo do imaginário e chega ao campo real renascendo e transformando vidas. E neste 15 de abril, dia mundial da arte, artistas e fazedores de cultura falam de seus renascimentos, transformações e quebra de paradigmas. A data foi decretada pela Associação Internacional de Arte (IAA), a fim de promover a conscientização da atividade criativa no mundo. A data faz homenagem ao aniversário de Leonardo da Vinci.
A rapper paraense Nic Dias afirma que teve a vida totalmente modificada após entender o propósito da arte em sua vida. Ela destaca que antes de entender esse processo, acreditava que seria impossível sonhar em ser artista. "Durante muito tempo da minha vida achava impossível sonhar e, principalmente, sonhar ser artista, pois sabemos que a realidade de uma menina preta e periférica impossibilita esse tipo de anseio. Mas a arte chegou em mim e me possibilitou a transformação da minha vida", disse a jovem que além de rapper é poetisa, compositora, atriz e arte-educadora.
Essas transformações na vida de Nic vem ocorrendo constantemente e ela diz que hoje é possível identificar as mudanças. "É muito forte perceber e entender o quanto a arte está ligada aos medos, inseguranças e outras emoções. Em se tratando de rap é mais delicado por se tratar de uma cultura que fala de violência, solidão, medo e sonhos. E quando a gente transforma todos esses sentimentos em arte a gente muda toda a perspectiva e passamos a ter mais autoestima, ideias e criações. A arte transforma e me faz renascer todos os dias", destaca Nic Dias.
Como arte-educadora, a jovem atua no projeto social "Olhar Invisível", no distrito de Icoaraci, onde usa a música e suas criações para atingir os jovens da periferia. "A arte é uma corrente que vai contagiando e reverberando em outras pessoas. Por meio da música posso chegar, atingir e transformar outras pessoas", completa a jovem.
Nessa mesma "pegada" de transformação o MC Shock diz que essa percepção se apresenta de diversas interpretações em sua vida. Em um primeiro momento a música, mais necessariamente o rap, lhe trouxe uma percepção mais dura e enfurecida da vida. "Percebendo a música e todo aquele estereótipo de que o rapper precisa ser duro, cara de mal e todo aquele imaginário que se forma em torno deste universo, foi uma ação transformadora inicial na minha carreira musical", disse o artista.
Mas em um segundo momento MC Shock disse que passou a entender o processo na contramão e começou a querer mostrar as fragilidades, as dores e as inseguranças por meio de suas músicas. "Ela vive me transformando, eu estava contra a corrente.Percebi que tenho que sentir e mostrar o que está dentro de mim, de mostrar a minha fragilidade e isso não pode ser obstáculo e não pode ser um ciclo vicioso. A arte é protagonista para mudar a minha vida e mudar a vida de alguém, a arte mata a morte ", pontua.
Arte como ação de pertencimento
Falar de arte como ação de transformação não depende apenas da criatividade dos artistas, mas também de incentivos e investimentos para que eles possam ter uma vida digna e de sustento por meio de sua arte. Jeft Dias, um dos criadores do festival e selo Psica produções, destaca que desde 2012 vem atuando ao lado do irmão, Gerson Dias, com o propósito de promover a arte afro-amazônica e periférica.
Como homem preto e da periferia, Jeft diz que é muito importante promover o festival para as pessoas da periferia e com a arte da periferia. "A arte está presente e muito viva nas periferias e quando pensamos neste trabalho, pensamos em fazer para o consumo desse público e exaltando a arte que consomem", explica o produtor cultural.
Durante todos esses anos de trabalho Jeft diz que é possível acompanhar como a arte e cultura modifica vidas. "Só o fato de um artista da periferia estar vivo já é um ato de transformação, por isso, trabalhamos todos os dias com o propósito de promover entendimento sobre o olhar que se deve dar ao artista e essa deve ser uma ação conjunta da sociedade, do Estado e da iniciativa privada para entender que a arte é um serviço e que deve ser pago de forma justa. Pois só assim o artista vai poder viver das suas produções", acrescenta Jeft.
Arteterapia
A casa azul é um ateliê terapêutico que iniciou em fevereiro de 2017 com o propósito de levar a arteterapia, o cuidado e promoção da saúde por meio da arte. Iniciou com atendimentos, oficinas e cursos.
O projeto surgiu a partir de uma reconstrução pessoal após algumas perdas gestacionais que Tássila Alves passou, criadora do projeto. “A partir dessa experiência que passei, senti a necessidade de levar cuidado e atenção para outras pessoas. A primeira ação foi fazer um grupo de apoio para pessoas com perdas gestacionais. Pensando sempre nas linguagens artísticas como recurso terapêutico”, explicou Tássila.
“A arteterapia é uma prática integrativa e complementar do Sistema Único de Saúde e para atuar como arte terapeuta precisa ter uma formação específica e que seja reconhecida. Nesse momento estamos nos dedicando para crianças e adolescentes e percebemos o quanto as pessoas se modificam. E quando elas descobrem essa linguagem da arte como fonte de cura é muito transformador, pois tem ganho na autoestima e entre outros pontos”, destaca a arteterapeuta.
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