Dia do Canhoto: músicos paraenses que tocam com a mão esquerda falam sobre desafios e dedicação

A comunidade é formada por músicos talentosos que conseguem dominar os instrumentos com a mão esquerda, como por exemplo Paul McCartney

Amanda Martins

Neste domingo, 13, se comemora o Dia Mundial do Canhoto, uma data dedicada a valorizar a destreza alternativa de conseguir utilizar a mão esquerda para realizar atividades do dia-a-dia. Pode não parecer, mas estas pessoas, que representam apenas 10% da população, já sofreram muito preconceito no passado e, ainda hoje, são discriminadas por muitas culturas. 

Contudo, essa “pequena” comunidade é formada por músicos talentosos que conseguem dominar os instrumentos com a mão esquerda, desafiando as convenções e inspirando outros a seguir seus passos. 

Um dos nomes mais icônicos da música e da guitarra elétrica, Jimi Hendrix, conseguiu dominar a arte de tocar uma guitarra de destro - indivíduo que tem habilidade com a mão direita - invertida, criando um estilo único e revolucionário que influenciou várias gerações de guitarristas; o outro ícone da música e ex-Beatles, Paul McCartney, também toca instrumentos de corda, como, por exemplo, o seu baixo, com a mão esquerda; o saudoso vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain, também é outro exemplo de guitarrista que conseguiu produzir um som único e poderoso com movimentos vindo da mão esquerda. 

Da mesma forma, em Belém existem artistas locais que se destacam em uma sociedade muitas vezes voltada para a maioria de destros. Um deles é o  cantor Arthur da Silva, conhecido por seus solos voz e violão. “É curiosa a questão histórica, porque já palavras que geralmente são usadas para circunstâncias excêntricas, assustadoras, como por exemplo, “sinistro”, e é o termo para canhoto em italiano”, pontuou sobre preconceito.

Dentro os maiores desafios enfrentados no ramo da música por Arthur, está a dificuldade em encontrar instrumentos para canhotos. Para que aprendesse a dedilhar as melodias, o paraense precisou aprender a fazer os acordos invertidos.

“Há uma limitação nesse jeito de tocar que dificulta, pelo menos para mim, a execução de harmonias mais complexas, que eu só consigo fazer com um violão canhoto, com as cordas intervidas. Já o Edgard Scandurra, guitarrista do Ira!, é canhoto e toca no padrão de destro, ou seja, de cabeça para baixo, mas precisou desenvolver essa técnica”, acrescentou o cantor.

Everson Matos revelou que um dos obstáculos que enfrentou por ser canhoto também foi no momento da sua aprendizagem como percussionista. “Eu sempre prestei atenção nas mãos de quem estava ensinando, até conseguia tirar o mesmo som, mas sentia dificuldade em acompanhar”, relembrou. 

Apesar dos contratempos, ele nunca permitiu que sua habilidade alternativa limitasse a sua carreira. Pelo contrário, Everson diz se sentir um profissional diferenciado onde atua, mais voltado para os ramos do samba e pagode. Já que se tornou bastante raro ver profissionais que toquem com a mão esquerda.

“As pessoas ficam olhando quando vêem canhotos, porque é diferente, ainda mais em cima de um palco. Claro, que eu tive dificuldade para aprender alguns instrumentos, mas também imponho essa dificuldade para quem é destro, principalmente quando vou dar alguma ‘canja’ e é preciso mudar a direção do pedestal”, disse, acrescentando que ver essas situações com normalidade.

Mas Everson garante que a indústria musical não se importa com que “mão” o profissional executa seu serviço, e sim, com o caráter e qualidades que podem acrescentar na equipe. “O que pesa de verdade é o seu talento e responsabilidade”, concluiu.

 

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