De Belém para todas as telas: atriz Luiza Braga fala sobre carreira e novos projetos
No cinema, na televisão e no teatro, atriz ocupa as telas com talento e raízes amazônicas
A atriz paraense Luiza Braga soma dezenas de peças no currículo. O primeiro trabalho no cinema foi o longa “Serra Pelada”, dirigido por Heitor Dhalia e gravado em Belém. Formada pela Universidade Federal do Pará, a artista atualmente reside em São Paulo. Entre os trabalhos realizados, Luiza lançou em 2019 o longa “Uma Noite Não É Nada”, do qual é protagonista ao lado do ator Paulo Betti. Em 2021 estreou seu segundo longa, “HELEN”. Para TV, esteve na terceira temporada da série Psi (HBO-2017), no elenco de Natureza Morta, do canal Space (2018).
Compôs ainda o elenco da quarta temporada de O Negócio (HBO-2018). No teatro, esteve no espetáculo “História dos Porões”, além de ter estreado o espetáculo “NINHO”. Luiza também é idealizadora do projeto INCENDIÁRIAS, premiado pelo PROAC/2020.
A artista bateu um papo exclusivo com o Grupo Liberal para falar sobre carreira, a responsabilidade de carregar a bandeira do Pará e seus novos projetos. Confira o bate-papo:
1 - Você está com vários lançamentos de trabalho programados para este ano. Fale um pouco deles.
L: Sim. Muitos trabalhos importantes estão chegando este ano e eu estou muito feliz com eles. O primeiro é a Mostra Filhos de Iracema. Será uma mostra artística onde vamos apresentar os dois últimos trabalhos do Coletivo Filhos de Iracema, do qual eu sou uma das fundadoras. Nós ganhamos dois editais do governo do estado do Pará e realizamos a gravação de um disco e de uma série, ficcional, na qual atuo e assino direção e roteiro.
No dia 21 de julho também estreio, agora só como atriz, a série O Negociador, para o canal de streaming Amazon Prime. Estou ansiosa porque foi uma personagem muito desafiadora. Mariana, é o nome da personagem, e ela está grávida de quase nove meses quando é sequestrada. A trama se desenvolve quando o personagem do ator Malvino Salvador vai negociar com o sequestrador a libertação dela. Não vou contar mais para não dar spoiler (risos). Além desses, estou em sala de ensaio de um espetáculo novo que tem previsão de estreia para outubro de 2023, no SESC em São Paulo.
2 – Qual o principal trabalho que você realizou?
L: É difícil qualificar um trabalho como principal. Eu já fiz alguns filmes, algumas séries de TV e muitas peças de teatro. Alguns trabalhos são marcantes. Meu primeiro trabalho no cinema foi o filme “Uma Noite Não é Nada”, em que eu era, de cara, protagonista, ao lado de um ator muito importante, o Paulo Betti. Essa série que vai lançar agora em julho, eu faço uma mulher grávida.
Em 2021 eu lancei o filme “Helen” em que eu fiz a primeira vez uma mãe. Era uma personagem que foi mãe adolescente e, aos 24 anos, tem uma filha de 9. Esse filme foi muito especial também. Atuar ao lado da atriz Marcélia Cartaxo foi uma escola.
Eu fiz também algumas séries: PSI, O Negócio e Natureza morta. As duas primeiras pra HBO e a segunda para o Canal Brasil. E trabalhar na produção de uma série, um trabalho continuado, tem outros desafios. O tempo de set é bem mais longo. Mas ao mesmo tempo também ajuda a gente a entender e dar mais camadas ao personagem. Então, todos esses trabalhos me desafiaram em dimensões distintas e me transformaram.
3 – Como é levar um pouco do Pará para além das fronteiras geográficas?
L: Eu acho que é importante sair, mas também é importante voltar. Fui embora de Belém há 10 anos e tenho estado cada vez mais “de volta”. Sempre buscando trocar com os artistas da cena da cidade, buscando trazer um pouco do que se transformou em mim pelos espaços que eu visitei. Então, acho que levar o Pará para além das fronteiras significa afirmar, diariamente, minha identidade de mulher amazônica. Exatamente porque todos e quaisquer trabalhos que eu faça está completamente contaminado por essa identidade, da qual eu tenho um orgulho profundo.
4 – Você já sofreu algum preconceito por carregar a bandeira do seu Estado?
L: Acho que existe uma grande falta de compreensão sobre o que é a Amazônia. Eu acho até que o mistério faz parte da composição da identidade amazônica. Mas eu sinto que é importante a gente afirmar nossa existência e nossas identidades.
No Sudeste, se compreende muito melhor o que é o Nordeste do que o que é o Norte. Já ouvi perguntas como “Tem gente branca assim em Belém? “; “Belém fica no Nordeste, né? ”.
Além de todas as dificuldades para se inserir no mercado audiovisual vindo de um lugar que é tão fora do eixo principal de produção. Mas, honestamente, eu tenho aprendido que justamente por ser distante do eixo, no nosso estado formamos artistas únicos, capazes de reinventar as formas e contextos de produção artística, Na música, muitas pessoas estão ocupando lugares de destaque nacionalmente. O Felipe Cordeiro, a Luê, O Jaloo, desejo que esse movimento se expanda e alcance também o campo das artes cênicas.
5 – Quais os planos para a segunda temporada de 2023?
L: No segundo semestre eu estreio um espetáculo de teatro no qual venho trabalhando há alguns meses. Eu tenho uma pesquisa pessoal com videoperformance. Ao longo da pandemia, produzi muitos trabalhos nessa linguagem que transita entre o teatro, a performance e o audiovisual. Agora estou ensaiando um espetáculo que se debruça sobre essa linguagem e trata de questões do feminino.
O espetáculo é um duo, eu e a atriz Chris Ubach e tem previsão de estreia para outubro de 2023.
Além desse espetáculo tem a série POROROCAS, direção minha e produção do Coletivo Filhos de Iracema que está sendo finalizada, terá sua primeira exibição no dia 18 de junho em Belém. Mas ainda será mandada para alguns festivais no brasil e fora do brasil.
6 – Algum trabalho para ser desenvolvido em Belém do Pará?
L: Um projeto que tem ocupado muito do meu tempo e o meu desejo nos últimos dois anos é a realização do meu primeiro solo de teatro. É uma pesquisa que começou em 2021, junto com o Coletivo Filhos de Iracema, e se debruça sobre as narrativas da cabocla encantada Mariana. Uma entidade da encantaria muito reconhecida no nosso estado e muito cultuada pelo tambor de mina. A proposta é um espetáculo que entrelaça as narrativas da Mina que revelam a cabocla Mariana e as histórias pessoais das mulheres da minha família, em especial minha avó e minha mãe, nascidas na cidade de Cametá.
Fruto dessa pesquisa é o documentário “Mariana: histórias de vida e encantaria”, direção minha e lançado em 2021, justamente a partir do levantamento dessas histórias. Agora o próximo passo da pesquisa é a produção desse solo que, com certeza, será produzido em Belém.
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