Curadoria coletiva aponta novos caminhos do Arte Pará

Parcerias com instituições de São Paulo e do Rio de Janeiro expandem as fronteiras da 40ª edição, colocando o território em movimento

Bruna Lima
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Dar visualidade à arte produzida na Amazônia sob a perspectiva de uma estética marcada por um bioma único sempre foi interesse e missão do Arte Pará. Em vista disso, a curadoria do projeto de arte contemporânea, que celebra seus 40 anos, resolveu, nesta edição, ampliar seus limites e romper fronteiras, trazendo parcerias institucionais com outras regiões do Brasil, fazendo jus à capacidade de circulação da arte. 

O desejo partiu dos curadores do evento, que se propuseram a pensar todas as etapas do processo do projeto juntos – desde o planejamento, parcerias e concepção até o educativo, criação, comunicação e produção. Paulo Herkenhoff, com sua trajetória profissional visionária, que articula o trabalho institucional e a pesquisa inovadora, segue como curador do evento, juntamente com as curadoras: Laura Rago, Roberta Maiorana e Vânia Leal. A ideia é descentralizar a figura do curador-autor, dando espaço ao pensamento multidisciplinar, a partir das habilidades de cada profissional. 

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De Dentro para Fora 

A produção artística em início de carreira ou não incluídos em espaços expositivos institucionalizados, mas com significativo potencial de desenvolvimento, ganha protagonismo com a criação da categoria Fomento à Produção de Artistas Emergentes da Amazônia Legal. Além de concorrer a cinco prêmios no valor de R$ 10 mil, os artistas disputam uma bolsa no Pivô, localizado em São Paulo.

“A partir da experiência com as mostras, percebemos uma produção de artistas emergentes muito potente, mas que geralmente ficam fora dos circuitos de seleção nacional, pois geralmente o júri olha muito para o processo do artista, para o currículo, o portfólio”, justifica Vânia Leal.

E Laura Rago complementa: "quando idealizamos o Arte Pará 2022 pensamos que seria importante amplificar o projeto e levar o conceito desta edição para outras regiões do Brasil. Roberta Maiorana trouxe a parceria com o Instituto Inclusartiz, no Rio de Janeiro. Eu falei com o Pivô, aqui de São Paulo. E juntas, fechamos a parceria com a feira SP-Arte, no projeto Rotas Brasileiras, que acontecerá em agosto na capital paulista". 

Nova categoria vai disputar a uma bolsa de residência no Pivô

No Fomento à Produção de artistas emergentes da Amazônia Legal, as inscrições são somente para artistas e coletivos naturais da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) ou residentes há mais de cinco anos nesses locais. Isso significa que esses artistas não poderão se inscrever nas categorias "Mostra Nacional" e "Fomento à Produção de artistas emergentes da Amazônia Legal", simultaneamente. 

O prêmio de residência do Pivô Pesquisa em parceria com o Arte Pará oferecerá ao artista selecionado um acompanhamento curatorial por cerca de três meses, presencialmente, na sede da instituição localizada do Edifício Copan, no centro de São Paulo.

Jaqueline Santiago, diretora Institucional do Pivô, diz que a residência artística tem um papel importante no circuito da produção artística, exatamente pelo seu papel central de incentivar o desenvolvimento de pesquisa na produção a partir de um pensamento crítico. “Possibilitar tempo e espaço para o desenvolvimento sem que haja a pressão mercadológica permite a formação a partir de acompanhamento curatorial de jovens artistas emergentes”, destaca.

Com a parceria, o Pivô segue com o seu compromisso de apoio ao fomento à produção artística e cultural a partir de conexões em território nacional e internacional. “A residência em si é um espaço de intercâmbio de conhecimento e reflexões sobre temas latentes na nossa sociedade que reverberam nas pesquisas e trabalhos que são desenvolvidos. Receber um artista da região norte do Brasil é ampliar a discussão, trazendo à cena outros olhares sobre as formas de criar e do fazer artísticos considerando outras territorialidades”, completa Santiago.


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