Chaves de Belém: conheça José Maria, que percorre as festas de Belém vendendo amendoim; vídeo
Paraense assume uma personalidade bem semelhante a de seu ídolo, o carisma e a inocência de uma criança são aspectos fortes na presença do trabalhador
Desastrado e inocente, Chaves encantou a América Latina com sua personalidade original e não muito perspicaz. Personagem vivido pelo multiartista mexicano, Roberto Bolaños, ainda segue vivo em diferentes gerações. Se o personagem não tinha tanta astúcia, já José Maria Favacho Brito, 64, o Chaves paraense, tem de sobra. E a principal delas foi a de assumir o personagem desde o início dos anos 90 como estratégia de marketing para executar seu trabalho na noite, a venda de amendoim. Assim como o ídolo, José Maria encanta o público por onde passa.
Nesta edição, o leitor vai conhecer mais um ícone da série “Personagens da noite”, que circula pelos principais pontos da cidade, principalmente pelo bairro da Cidade Velha, com a venda do amendoim. José Maria assume uma personalidade bem semelhante a de seu ídolo, o carisma e a inocência de uma criança são aspectos fortes na presença do trabalhador.
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Sua presença pelos bares, restaurantes e casas de shows chegou a influenciar o músico e compositor Allan Carvalho para compor a música “Biduin”. A canção já foi interpretada pelo próprio Chaves em vários locais enquanto fazia a venda e tornando o trabalho mais feliz e prazeroso.
“Fiquei muito feliz com essa música e o Allan Carvalho é maravilhoso. Essa canção faz parte de um projeto dele sobre os bordões da noite e foi uma das que mais fez sucesso no Arraial do Pavulagem. E ele sempre me chama para cantar com ele”, explicou o trabalhador.
Quem vê todo esse carisma de José Maria, não sabe o que ele já sofreu e enfrentou na vida. Assim como o Chaves de Bolaños, ele também já passou fome e chegou a morar de favor pela casa de parentes, uma vida que se confunde a que o artista mexicano aborda na série com a existência do barril, a vila sendo um cortiço e entre outros aspectos sociais que estão inseridos.
A venda de amendoim começou aos 12 anos ao lado dos irmãos. “Meu pai foi muito ruim. Ele abandonou a minha mãe com nove filhos e ainda vendeu a casa em que a gente morava. Foi um período de muita dificuldade mesmo”, recorda o personagem da noite.
Diante desse cenário, a mãe de José Maria resolveu assar amendoim e colocar os filhos para venderem e contribuírem com o sustento da casa. “Foi quando a gente começou a trabalhar para viver, mas acabou que não tivemos oportunidade de estudar. Eu e meus irmãos somos analfabetos”, pontua José Maria.
Hoje, a família de José Maria se resume a mãe, uma irmã, a esposa e três filhos, pois sete de seus irmãos já morreram. Mas toda a trajetória difícil não lhe abateu e nem lhe impediu de ser feliz e despertar encanto por onde passa.
Quando o Chaves entrou na vida de José Maria?
Em 1991, José Maria foi para a ilha de Algodoal para fazer a venda de amendoim no período das férias. Chegando lá, em contato com um morador ele foi presenteado com um chapéu similar ao do Chaves como forma de se proteger melhor do sol. “Um senhor meu deu o chapéu e eu aceitei, porque passava o dia na praia, no sol”, destaca.
Já nas primeiras vendas começou a encantar o público, mesmo não estando com o figurino completo e nem sabendo quem era o Chaves. “Todo mundo ficava me chamando de Chaves, Chaves, e pediam para fazer foto e com isso tudo o meu balde secava rapidinho”, recordou.
Ao retornar a Belém, a primeira iniciativa de José Maria foi perguntar a um de seus filhos sobre o humorista e se aprofundar mais na história dele. José Maria disse que se encantou, providenciou a roupa do pobre menino e encarnou o personagem.
“Eu comecei a assistir o programa para saber tudo sobre ele. Agradeço muito a Deus de imitar esse ator maravilhoso. Quando ele morreu eu chorei muito, igual a uma criança, ele me ajudou muito, pois por meio desse personagem o meu trabalho ganhou um destaque maior”, avalia.
Quem frequenta o Palafita, Palmeiraço, Na Maré, Mormaço, Insano e demais locais da Cidade Velha e centro de Belém já esbarraram com José Maria e, muitos já devem ter entrado na fantasia e perguntado pelo Quico ou pela Chiquinha.
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