Com 'Bagaceira', Dona Onete homenageia festas do interior paraense; ouça o novo disco
O álbum está disponível em todas as plataformas digitais
Com direito à audição das músicas em primeiro mão e bolo com velinhas para assoprar, a cantora Dona Onete comemorou seu 85º aniversário com uma coletiva de imprensa para apresentar seu novo álbum, intitulado “Bagaceira”, na manhã desta terça-feira (18/06). As dez faixas, que contam histórias e homenageiam a rica diversidade cultural da Amazônia, já estão disponíveis nas plataformas digitais. Esse é o quarto álbum lançado pela cantora paraense. Ouça aqui!
Em ritmo de festa, Dona Onete conta que o disco combina ritmos do Norte, como brega, lambada, carimbó e a guitarrada. O disco inteiro nasceu da faixa-título, "Bagaceira", uma homenagem às festas do interior.
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"Falo em várias músicas da ilha do Marajó, onde nasci. Também trago 'bagaceira', uma festa que presenciei quando morava em Igarapé-Mirim, no Pará, e, ia com a minha tia. Tocava todos os ritmos e na hora de ir embora era uma loucura. Trouxe a simbologia dessa festa [no disco] para mostrar que é só em Belém que existem as grandes festas com aparelhagem e carimbó raiz”, detalhou a cantora.
A Rainha do Carimbó Chamegado compartilhou que o álbum começou a ser concebido durante a pandemia e reflete, sobretudo, as raízes culturais do estado. “Os músicos foram para a minha casa porque eu não podia sair. A gente fez esse CD, quando cheguei para gravar já tinham colocado, ficaram duas ainda", revelou Dona Onete.
Sobre a seleção das músicas, Dona Onete descreveu o processo como desafiador. "Deu muito trabalho. Muita música para pouco CD. Eu espero que em cada faixa vocês se encontrem", destacou.
A artista revelou que cada faixa é uma história viva, uma narrativa que ecoa as experiências de sua própria vida, refletindo a essência dos locais onde nasceu e viveu. Na faixa-título "Bagaceira", Dona Onete sutilmente retrata uma festa típica do interior, refletindo a energia e a espontaneidade desses eventos. "Pode ser na Ilha das Onças, no Combu, Cotijuba, que a festa aconteça, vira uma bagaceira", explicou a cantora.
Outra música destacada por Dona Onete foi “Chamego Caboclo", que explora o jeito paraense de ser ‘chamegoso’ e a habilidade de fazer amizades facilmente em qualquer lugar. Para ela, esses são aspectos únicos do estado que merecem ser celebrados.
Uma das vontades da cantora era criar um disco que pudesse ser desfrutado em festas de interior, festas de aparelhagem e à beira do rio, conectando-se profundamente com seu público e suas raízes culturais, com músicas como "Lunlambumbarimbó", que tem participação de Félix Robatto.
Por muitos anos, Dona Onete se dedicou há educação como professora de história. Hoje ela fala do seu papel de enfatizar a importância de preservar e compartilhar a riqueza cultural da região. "O meu caso é mostrar o que a gente tem, mas ninguém ligou, passou por cima achando que não é bom", afirmou.
Papel central
Neste trabalho, Dona Onete assumiu a direção artística e esteve envolvida em todas as etapas da produção, desde a escolha das músicas até o design do figurino para a capa do disco, assinada por ela mesma.
"Eu já tinha várias músicas e eles escolhiam aquelas que diziam que iam ser sucesso. Mas nesse novo, eles que vinham me perguntar o que ia acontecer. Eu gravei no cotidiano de Belém, é mais novo, não tenho mais tanta coisa do interior", comentou, destacando a inclusão de ritmos locais como a guitarrada.
A arte da capa do disco, criada pela artista plástica paraense Maitê Zara, foi inspirada em uma fotografia de Renato Reis, especialmente escolhida por Dona Onete. O figurino presente na capa incorpora elementos da arte marajoara e outras referências culturais paraenses, refletindo a essência da cantora.
"Bagaceira" tem o patrocínio do Natura Musical através da Lei Semear, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado do Pará.
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