Circuito Afro Mãe Raimundinha da Cocada rechaça racismo estrutural em Belém, neste domingo (30)
A intenção é difundir o respeito à cidadania das pessoas pretas, por meio de música, pronunciamentos e outras ações durante a segunda edição do evento

Os atos de racismo continuam se sucedendo no mundo, e, por isso, é preciso serem intensificadas ações de prevenção a esse tipo de situação que penaliza as pessoas negras, sobretudo. Por essa razão, Belém vai sediar neste domingo (30) o II Circuito Afro Mãe Raimundinha da Cocada, reunindo diversas atrações culturais ao público e integrando expressões artísticas no combate à prática do racismo estrutural. O circuito leva o nome de Mãe Raimundinha da Cocada, por ter sido ela uma das mulheres pretas pioneiras da religião afro Tambor de Mina, do Maranhão, dentro da Cidade de Belém do Pará.
“Ela veio do Maranhão e estabeleceu seu terreiro no bairro da Cremação. Durante muitos anos, ela atuou nos cultos afro-brasileiros em Belém. Ela foi uma grande representante”, enfatiza Cláudia Peniche, que integra a coordenação do Circuito. Um grupo de artista se reuniu para promover o Circuito Afro Mãe Raimundinha da Cocada, “ para rechaçar a atitude racista contra a banda afro Samb´Axé sofreu no ano passado, no período do Carnaval, no bairro da Cremação”. Manifestações com gestos racistas se deram contra a banda, que teve, então, de parar de tocar. “A gente luta para que atos como esses não aconteçam em um estado em que 70% da população é preta”, destaca Cláudia.
“Esse evento ocorre pelo segundo ano consecutivo, e esperamos que ele passe a ser um circuito alternativo dentro da programação do Carnaval de Belém”, pontua Cláudia. O Circuito ocorrerá neste domingo na rua Fernando Guilhon com a passagem Teixeira, e servirá para mostrar a arte preta para a sociedade como um todo. Os artistas negros estão conscientes de que o Circuito vem para dizer que os cidadãos pretos não vão baixar a cabeça diante de situações como a denunciada.
Nas ruas
Com esse teor social e histórico, a partir das 16h deste domingo (30), os trios elétricos do Afoxé Ita Lemi Sinavuru (a partir da travessa Padre Eutíquio, 2.700) e do Bloco Afro Axé Dudu (a partir da sede do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, Cedenpa), tomarão as ruas, se encontrando às 18h na Passagem Teixeira (Cremação). No local, onde o público vai conferir os shows do Samb’Axé, Banda Afro Axé Dudu, Nega Isa, Bruno B.O., Marta Mariana, Marisa Black, João da Hora, Coletivo Tamborimbó da Acena e Bruno Correa, entre outras atrações.
Música e luta
Vitor Kalepensi é músico. Ele toca instrumentos harmônicos, como contrabaixo e viola caipira, além de percussão no âmbito dos cultos afro-brasileiros.Vitor participará do Circuito Afro Mãe Raimundinha da Cocada. “Tenho atuação há 15 anos como músico de ritmos afro-brasileiros em grupos como Afoxé Ita Lemi Sinavuru , Banda Afro Samb´Axé, Associação Cultural e Esportiva dos Negros na Amazônia (Acena) e com a cantora Marta Mariana. Atualmente, desenvolvo um trabalho de fortalecimento comunitário a partir do samba de viola, tocando nos terreiros em celebrações para Caboclos, Exus e Pambu Njilas, onde sou reconhecido como o primeiro violeiro da região Norte do Brasil”, relata.
Para Vitor, “a música é um dos instrumentos de luta política e defesa da identidade cultural do povo negro”. “Quando o fazer artístico se baseia nesses saberes e é protagonizada por esses sujeitos, a obra possui um caráter antirracista”, acrescenta. No festival, Vitor atuará prioritariamente a função de diretor de palco. “O Circuito nasce na luta diária que os povos de matriz africana sofrem pela garantia de seus direitos, entre eles o de acesso e reprodução cultural”, arremata o músico.
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