Mostra 'Sobonfu Somé' exibe documentários do cinema negro
A Biblioteca Arthur Vianna, do Centur, apresenta três filmes de cineastas negras premiadas.
O cinema negro será a tônica da mostra “Sobonfu Somé”, que acontece nesta quarta-feira, 30, a partir das 16h30, no auditório Aloysio Chaves, da Biblioteca Pública Arthur Vianna, do Centur. Serão exibidos três documentários: “Das Raízes às Pontas" de Flora Egécia (DF), “Mulheres de Barro” de Edileuza Penha (ES) e “Entre o Rasto e o Rosto na Alma dos Khoisans do Cunene” de Marisol Kadiegi (Angola/DF). A entrada é franca.
A mostra é realizada pelo Museu das Mulheres e integra a programação anual da Cinemateca das Mulheres. O nome da mostra é uma homenagem à saudosa africana Sobonfu Somé, que circulava por comunidades do continente com o companheiro, Malidona, ensinando a sabedoria dos relacionamentos e da ancestralidade. O nome dela significa “mantenedora do ritual”.
A curadoria é de Renata Parreira, professora de educação básica, educadora popular, cineasta, especialista em história e cultura afro-brasileira e africana, que fará uma exposição ao final da sessão.
“A sensibilidade, o olhar atento, a percepção de mundo, a escuta ativa e sensível forjaram de forma ímpar cada obra dessas cineastas. Todas elas têm em suas mentes e espíritos o desejo pulsante e vivo de contribuir com a construção identitária afirmativa de meninas e meninos, jovens e adultos negros, além da vontade imensa de ver a comunidade negra feliz e em paz, vivendo como verdadeiros cidadãos que lutam em prol das equidades de gênero e de raça”, destaca a curadora em artigo recém-publicado.
Filmes e diretoras
“Das Raízes às pontas” (2015) venceu o prêmio de Melhor Curta Júri Popular no 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme traz relatos de várias pessoas sobre o cabelo crespo e a ancestralidade, o seu papel como elemento do tornar-se negro e como ato político contra imposições estéticas e a afirmação deste como elemento fundamental da identidade negra. A cineasta Flora Egécia é sócia do Estúdio Cajuína e foi premiada na codireção de arte da ficção “O Menino Leão e a Menina Coruja (2017).
Outro curta da mostra é “Mulheres de Barro” (2014), que reúne histórias de amor de 12 mulheres paneleiras e congueiras de Goiabeiras Velhas, do Espírito Santo. Elas confeccionam panelas de barro, ofício que deu sentido a vidas sofridas e garantiu velhice tranquila. A diretora Edileuza Penha de Souza é idealizadora da Mostra Competitiva de Cinema Negro Adelia Sampaio e teve premiado o seu filme “Filhas de Lavadeiras” (2020) no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021 (melhor curta-metragem documentário), no festival É Tudo Verdade e no Canal Brasil (Prêmio Aquisição), no mesmo ano.
Já o média-metragem “Entre o Rasto e o Rosto na Alma dos Khoisans do Cunene”, fala sobre os hábitos e costumes do povo nômade de pequena estatura com rugosidade da pele e cor amarelo torrado, chamado “Khoisans”. Esse povo ocupa a faixa Sul da Angola, na África, tem idioma caracterizado pelo uso de cliques e se alimenta do que a natureza oferece. A diretora Marisol Kadiegi é refugiada da guerra pela libertação de Angola (1976/86) e dirigiu vários filmes naquele país e no Brasil. Ela venceu o prêmio Mulheres Negras contam sua História (categoria redação), em 2012, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, do governo federal; e o Prêmio Mulher Negra 2021 em reconhecimento à contribuição cultural e audiovisual, pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.
Agende-se:
Mostra de Cinema ‘Sobonfu Somé’
Dia: Quarta-feira, 30
Hora: 16h30
Local: Auditório Aloysio Chaves, 3º andar da Biblioteca Pública Arthur Vianna, Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, bairro de Nazaré)
Gratuito
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