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VÍDEO: Chico Buarque completa 80 anos e recebe homenagens de paraenses

Cantor e compositor, com obra singular na música brasileira, ganha homenagens de admiradores em Belém (PA)

Eduardo Rocha/Gabriel Pires

A democracia com justiça social necessita de vozes para cantá-la no Brasil, e com esse propósito se destaca um cantor, compositor e escritor que nesta quarta-feira (19) completa 80 anos: Chico Buarque de Hollanda, nascido em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Ao longo de sua carreira, Chico se consolidou como uma referência na cultura brasileira, com uma poética singular, agradando e incomodando a gregos e troianos. Quando tinha 27 anos, ele lançou um disco e trouxe para o cenário musical e literário a canção "Construção". Nela, o jovem autor usava de todo um jogo de palavras para driblar os censores da hora e falar da vida de milhões de cidadãos trabalhadores no país, reverberando a busca por uma vida digna para todos.

image Chico Buarque: obra singular na cultura brasileira (Foto: Divulgação)

Pode-se dizer que essa construção social norteia a vida e a obra de Chico. A partir dela, identifica-se nas criações dele a defesa da liberdade, a busca pela justiça social, as nuances do amor, o valor do samba para a cultura do Brasil, enfim, tudo se potencializa de vez na obra desse autor. O verso  “morreu na contramão, atrapalhando o tráfego", diz muito do Brasil e do próprio Chico, sempre na contramão da história oficial para contar e cantar o Brasil possível.

Letras e sons

Aliás, a criação de letras genais como "O que será (a flor da terra), de 1976, revela um compositor sempre antenado com o que ocorre no mundo e, sobretudo, no Brasil. Quando fala de amor, por exemplo, Chico veste-se com personagens surpreendentes e produz melodias líricas e ao mesmo tempo irônicas como em "João e Maria" e "Maninha", ambas lançadas em 1977.

Essa estrada de Chico pelas letras e notas musicais propicia ao público obras sensíveis, como "Tatuagem", "As vitrines", "Trocando em miúdos", “Eu te amo", “Yolanda”, "Meu Caro Amigo", "Bye, Bye, Brasil",  "Geni e o Zepelim", "Vai passar", "Apesar de Você", "Cálice", "Brejo da Cruz", "O Meu Guri" e "Homenagem ao Malandro". 

Além das músicas, Chico se lançou escritor. Publicou livros que integram muitas estantes pelo país afora, como "A Ópera do Malandro", "Estorvo", "Budapeste", "Leite Derramado', "O Irmão Alemão", "Anos de Chumbo e outros contos", entre outros trabalhos premiados.

Vários Chicos

Morador do bairro do Marco, o professor Alexandre Donato, 35 anos, é um dos fãs de Chico Buarque de Hollanda em Belém (PA). Essa admiração pelo artista, relata Donato, começou aos 19 anos de idade, quando ele ouviu "O Meu Guri".

image Talento de Chico Buarque se estende a livros que conquistaram o público e a crítica, como ressalta Alexandre Donato, em Belém (PA) (Foto: Divulgação/Alexandre Donato)

"Existem vários Chicos, pra todos os gostos”. A diversidade temática da obra de Chico é admirável. Viva Chico Buarque de Hollanda com seus 80 anos!", celebra.

Homenagem

O músico e microempresário Alexandre Sousa, 62 anos, é conhecido na noite belenense por tocar músicas de Chico Buarque. Alexandre conta que um dia, ainda nos anos 70, o irmão mais velho dele, Adriano Sousa, escutava o disco “Construção”, e a faixa-título chamou a atenção do jovem. “Fiquei escutando o disco, e no dia seguinte peguei meu violão e “tentava"  acompanhar as músicas ouvindo várias vezes o LP. A partir de então, nunca deixei de acompanhar o trabalho do Chico”, relata. Ele gosta muito das músicas “As Vitrines” e “Bye, bye Brasil”.

image Alexandre Sousa: admiração pela obra de Chico Buarque (Foto: Wagner Santana/O Liberal)

“Em 1989, fiz minha primeira homenagem a Chico Buarque no dia 19 de Junho, no Teatro Gabriel Hermes, do SESI. Este ano, no dia 21, agora, faremos o show “80 anos Chico com Alexandre Sousa, no Dom Gastro Bar”, anuncia. Ele estará na companhia de Baboo (baixo), João Bererê (bateria), Edgar Matos (teclados) e Antônio Abnatar (saxofone e  flauta). Nesse show, Alexandre vai mostrar a canção dele, "Homenagem ao Chico".

Maestria

Em 1985, o médico, músico e compositor Marcelo Sirotheau, 52 anos, tinha 13 anos de idade e, então, começou a aprender violão. Nesse mesmo ano, ele ganhou o disco de capa vermelha de Chico Buarque, com "Vai Passar", "Brejo da Cruz" e "Samba do Grande Amor". "Fiquei vidrado naquele álbum", relata. Entre as músicas mais curtidas por Sirotheau figura "Joana Francesa", "pela beleza incrível da melodia e a inventividade da letra, onde ele passeia com maestria  entre o português e o francês". Chico, diz Marcelo, quebrou paradigmas como compositor e como cantor.

image Marcelo Sirotheau acompanha a obra de Chico Buarque e também celebra os 80 anos do artista (Foto: Divulgação/Marcelo Sirotheau)

Como relata Sirotheau, Chico Buarque veio a Belém em 1967, convidado para apresentar-se no Ginásio Serra Freire, do Clube do Remo, por ocasião do I Festival da Música Paraense. “Parece que veio mais uma vez na época dos shows em circuito universitário, no início dos anos 70”, diz Marcelo, que vai celebrar os 80 anos de Chico fazendo um  apanhado da carreira desse artista e “já ansiando por um novo trabalho dele”.

Em qualquer tempo, obra desse artista vale a pena ser conferida pelas novas gerações e revisitada por quem tem mais idade, pela beleza e provocações expressas nos versos e melodias, com direito a parcerias e arranjos primorosos. Hoje em dia, não é preciso mais se pedir o disco ou a fita ou o CD emprestado, basta ingressar em uma plataforma de música e pronto: Chico Paratodos!

Mais informações em: chicobuarque.com.br

 

 
   

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