Ícone dos anos 90, Sinead O’Connor morre aos 56 anos
A causa da morte não chegou ser divulgada pela família da cantora irlandesa
A música pop perdeu nesta terça-feira (25) a cantora irlandesa Sinéad O'Connor, aos 56 anos. A causa da morte não foi divulgada. De acordo com o jornal “Irish Times”, o primeiro a divulgar a notícia, a artista faleceu na noite de ontem em Dublin, sua cidade-natal. Sinéad O'Connor se tornou um ícone mundial em 1990 por conta do hit "Nothing Compares 2 U" (ouça aqui), música composta pelo também cantor Prince e gravada por ela. Em nota, a família lamentou profundamente a partida da cantora e declarou que todos estão devastados. Shane, filho da artista, morreu no ano passado, aos 17 anos. Mas ela deixa outros três: Jake Reynolds, Roisin Waters e Yeshua Francis Neil Bonadio.
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Embora tenha sido aclamada pela crítica por conta de seu álbum de estréia, The Lion and the Cobra (1987), o sucesso de Sinéad veio mesmo com a música que se tornou um verdadeiro hino dos anos 90, chegando ao topo das paradas de vários países e tendo sido eleita pela revista "Billboard" como o single do ano. Ao longo da carreira, a cantora colecionou várias polêmicas, entre elas uma briga com a igreja católica após ter rasgado uma foto do papa e ter sido excomungada. E até o hit que a lançou para fama mundial foi motivo de tensões, gerando conflito com o cantor Prince, que a compôs.
Em 2019, quase 30 anos após o lançamento da canção e três anos após a morte de Prince, a cantora revelou em entrevista ao programa "Good Morning Britain" que o músico americano a agrediu e perseguiu depois que a versão se transformou em um hit. "Nós nos encontramos uma vez, não nos demos muito bem e tentamos nos agredir. Na verdade, ele tentava me bater e eu tentava me defender, foi uma experiência assustadora".
Excomungação
Em 1992, durante uma apresentação no programa "Saturday Night Live", a cantora rasgou uma foto do Papa João Paulo II. Na ocasião, ela disse: "Lutem contra o verdadeiro inimigo", protestando contra os abusos sexuais de crianças dentro da Igreja Católica, o que seria confirmado décadas depois. Em 2015, a artista cancelou uma turnê mundial alegando estafa, e também cancelou shows que faria no Brasil após uma internação de seu filho Shane, à época com 11 anos.
Instabilidade
Em maio de 2016, já distante dos holofotes, Sinéad O'Connor ficou desaparecida por 24 horas após sair de bicicleta de sua casa, na região metropolitana de Chicago (EUA). Acionada por um amigo da cantora, a polícia classificou o caso como de uma "suicida desaparecida", mas não forneceu mais detalhes. No mesmo ano, ela publicou uma mensagem no Facebook sugerindo que havia tentado o suicídio. "Tomei uma overdose", escreveu. Na postagem, Sinéad falava sobre a dor de não ter uma relação saudável com sua família devido a uma "horrível série de traições", além de reclamar que seu filho mais velho e outros membros da família a tratavam muito mal. Na época, ela ficou hospedada com outro nome em um hotel na Irlanda, escondendo-se da família.
Revelações
Em 2017, a cantora decidiu falar abertamente sobre seus transtornos mentais e a complicada relação com a família. Em vídeo publicado no Facebook, ela revelou que estava vivendo em um motel à beira de uma estrada em Nova Jersey (EUA). Posteriormente, ela foi convidada a participar de uma entrevista no programa "Dr. Phil", onde declarou estar cansada de ser rotulada como louca e sobrevivente de abuso infantil e anunciou sua intenção de mudar de nome, o que se concretizou em 2018.
Conversão
Em outubro desse mesmo ano Sinéad O'Connor converteu-se ao islamismo e mudou seu nome para Shuhada' Davitt. Até então, ela era católica. "Todo o estudo das escrituras me levou ao islamismo. O que torna as outras escrituras redundantes. Meu novo nome será Shuhada", anunciou. Antes disso, ela havia se apresentado sob o nome artístico de Magda Arjuna Davitt, mas continuou usando Sinéad O'Connor para sua carreira musical.
Aposentadoria
Em junho de 2021, logo após lançar seu livro de memórias, a cantora anunciou aos fãs que estava se aposentando dos palcos e das gravações. No entanto, um dia depois, voltou atrás da decisão. "Boas notícias. Esqueçam a aposentadoria. Retiro o que eu disse. Eu estava temporariamente deixando que mexessem com a minha cabeça", afirmou.
A cantora irlandesa explicou em uma longa carta que foi vítima de diversas entrevistas abusivas ao longo de sua carreira, que desrespeitaram seus pedidos para não falar sobre seus traumas e as violências que sofreu quando criança. "Quando as pessoas me ridicularizam, me invalidam, me desrespeitam ou me abusam, eu sofro os efeitos a longo prazo das violências físicas e psicológicas com as quais eu cresci", justificou. Ela lamentou o estigma e afirmou que, toda vez que precisa promover uma música, show ou livro, isso a afeta profundamente, fazendo-a reviver a dor do passado.
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