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Cantor paraense Andrey Mira está no elenco da nova montagem de “O Guarani”

Andrey Mira é vencedor do 14º Concurso Maria Callas, um dos principais concursos de música erudita do país

Bruna Lima e Abílio Dantas
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Baseada na obra de José de Alencar, a ópera II Guarani recebe nova montagem com intervenções e novas abordagens do escritor e pensador Ailton Krenak e com direção de Cibele Forjaz. A obra original foi composta por Carlos Gomes e teve sua estreia mundial, na Itália, em 1870. A nova versão está em cartaz no Teatro Municipal de São Paulo, até domingo (21), e o elenco conta com a participação dos paraenses Atalla Ayan e Andrey Mira.

Ailton Krenak expôs em entrevistas que Peri, personagem da obra de Carlos Gomes, é uma caricatura de índio ridícula que vem perdurando há 150 anos. E que a narrativa da obra traz um dano cultural.

Envolvido nessa nova roupagem, a reportagem conversou com o paraense Andrey Mira, que é vencedor do 14º Concurso Maria Callas, um dos principais concursos de música erudita do país. Para Andrey, o significado desse trabalho é Recomeço. "Pelo simples fato de há 20 anos "O Guarani", ter ficado de fora dos nossos palcos. Retornando de forma tão icônica e incrível", destaca.

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O paraense interpreta Dom Antônio de Mariz, que é um fidalgo português forte e imponente. Pai de Cecília, na trama, "Dom Antônio é incansável quando se trata de alcançar seus objetivos", comenta o paraense.

Com os paraenses no elenco, Andrey comenta o que faz o Pará continuar sendo um celeiro de talentos da música erudita. "Apoiar, acreditar e incentivar a cultura lírica do estado.

Abrindo cada vez mais portas, para aqueles que já estão inseridos e também para aqueles que estão chegando nesse mundo operistico".

O artista mora há seis anos em São Paulo, mas a relação com a cultura paraense é estreita. "Mesmo não residindo no Pará sinto total ligação com o estado, tendo imenso orgulho de ser fruto da terra. Em 2018, tive a grata oportunidade de retornar ao festival de ópera do Theatro da Paz", recorda.

Para Andrey, a montagem de O Guarani é um marco da ópera no Brasil e diz que o país segue fazendo grandes espetáculos.

Vencedor do 14º Concurso Maria Callas, um dos principais concursos de música erudita do país, Andrey começou a trajetória na música aos 15 anos de idade na EMUFPA, na classe da professora Márcia Aliveti.

"Sempre muito dedicado e aplicado nunca tive dúvidas que estava no caminho certo, sempre alçando vôos maiores. Desde então, comecei minha carreira operística no Theatro da Paz, dando continuidade nas principais casas de ópera do Brasil, como Theatro Municipal de São Paulo, Theatro São Pedro e Theatro Amazonas. Receber prêmios é a confirmação do meu trabalho e dedicação nesses 11 anos de carreira como solista", pontua.

Cibele Forjaz, diretora do espetáculo, declarou em algumas entrevistas para periódicos culturais que, em “O Guarani”, o sentido de integração nacional é uma forma de genocídio e extermínio. E que toda luta dos povo indígenas nos últimos cem anos é o oposto, pois se trata sobre o direito à diferença, a culturas vivas, que dialogam com o contemporâneo.

Ailton Krenak nasceu em 1953 em Minas Gerais, na região do vale do rio Doce. Ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas, participou da fundação da Aliança dos Povos da Floresta e da União das Nações Indígenas (UNI).

Liderança histórica no movimento indígena, exerceu um papel crucial na consquista dos Direitos Indígenas na Constituinte de 1988. É ambientalista, filósofo, poeta, escritor e também doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Obra original

A estreia mundial de II Guarany foi em Milão, na Itália, em 19 de março de 1870. A ópera recebeu produções europeias adicionais. A primeira apresentação brasileira foi no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1870, no Theatro D. Pedro II. Em 1980, O Guarani foi encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dirigida por Sérgio Britto e regência de Mário Tavares, com a Orquestra Sinfônica, Coro e Corpo de Ballet do Theatro Municipal, além dos intérpretes dos papéis principais e de atores interpretando os índios aimorés. Em 1996, Il Guarany foi remontada pela Ópera Nacional de Washington, com Plácido Domingo no papel de Peri.

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