Racismo no BBB 22: após fala de Bárbara debate é levado para as redes sociais

Termo usado por sister remete a um estereótipo negativo; lembre a frase e entenda a polêmica

Bruna Dias
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Todos os anos, ao iniciar o Big Brother Brasil começam as especulações: qual será o tema mais discutido na edição. Prestes a completar um mês de exibição, alguns temas já foram levantados na casa, como transfobia, machismo e racismo.

Mesmo que os participantes evitem falar sobre, essas temáticas ecoam dentro da casa e ganham força fora da televisão. A última eliminada, Naiara Azevedo, chegou a sugerir que mulheres trans não conseguiam boas oportunidades por falta de coragem e persistência.

“O BBB, querendo ou não, é um recorte social, pois muitos assuntos que estão em voga, acabam sendo discutidos no programa. Infelizmente, o racismo ainda é um tema que precisa ser debatido e repensado por várias pessoas, falta muita sensibilidade e busca pelo conhecimento sobre essa temática, tanto é que vários participantes cometeram erros sobre termos, dialetos e atitudes que podem ser consideradas racista. O racismo, assim como o machismo, são 'raízes' muito entranhadas no comportamento brasileiro, então, naturalmente, a gente consegue ver esses temas e ações no programa de maior entretenimento do país”, avaliou a mestre em comunicação, Andreza Alves.

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Para a profissional, discutir esses temas no maior programa da TV aberta brasileira, abrange não só um número maior de pessoas, mas possibilita levá-los a outros grupos de telespectadores. “A importância é enorme! Pois se é um programa de grande sucesso e audiência, pode fazer com que muitas pessoas repensem sobre o comportamento e discuta em suas 'bolhas', por mais que existam aqueles que vejam essas discussões como mimimi, se ela provoca a reflexão em alguns, já vale a pena discutir. Ao meu ver, embora não tenha tido nenhuma situação de machismo com grande repercussão nessa edição, até então, é possível perceber situações de micromachismos. Uma situação que me chamou a atenção foi uma conversa do Elieser e Maria, em que ela aborda sobre o arquétipo da 'mulher louca' e reforça que não é somente nas relações conjugais, mas em todas as relações: profissionais, amizade e etc”, analisou Andreza Alves.

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Na última terça-feira (8), após a terceira eliminação, Maíra Cardi, mulher de Arthur Aguiar, entrou na live de Leo Picon, e acusou a irmã dele de ter cometido um crime ao dizer que o seu marido fez gaslighting com ela. A coach disse que o termo é uma patologia, o que é errado, já que explicamos que se trata de uma violência psicológica.

Ainda durante esta semana, na madrugada de terça, após o Jogo da Discórdia, outra situação ganhou holofotes: Barbara Heck usou a expressão “samba do criolo doido” para designar a participação de Douglas Silva na dinâmica. A participante parou a frase pelo meio, tentou se autocriticar, mas Laís que estava ao lado, riu da situação.

A expressão veio de uma música composta no período da ditadura no Brasil, e se refere a situações confusas e bagunçadas, ou seja, carrega a ideia de que os negros seriam bagunceiros e desordeiros, carregando um estereótipo negativo.

“Precisamos ratificar todo ano que o BBB não é um mundo paralelo, ele é o retrato da nossa sociedade, de grande parte dele, pelo menos. Ali estão muitas relações afetivas, de interesses e de conflitos, claro que de uma forma mais amplificada. O programa retrata o que nós somos. Por isso o programa é extremamente interessante para essa análise de comportamento humano e retrato social. Logicamente, que o Brasil sendo estruturado pela questão social, o racismo sendo o problema social mais grave que temos, não estaria de fora das relações que tem no programa”, analisou o advogado e ativista, Paulo Victor Squires.

Douglas Silva, muitas vezes tem sido perguntado sobre as questões raciais dentro do BBB. Porém, o brother tem fugido do tema e por diversas vezes chegou a dizer que fora do reality conversa sobre o assunto.

Em outra situação, Eslovênia, Laís Bárbara, e Maria estavam falando de Natália na porta do banheiro, quando a sister saiu de dentro do cômodo.  As duas primeiras começaram a imitar movimentos de um macaco. “Lá fora, a gente é chacota!”, diz Maria.

Em um vídeo que circulou pela web, a dupla foi bastante criticada e acusada de racismo.

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As duas conversavam com Bárbara e Maria, que observaram o gesto aos risos

“Percebemos através das falas dos participantes, um retrato do racismo estrutural, que a gente absorve toda a estrutura racial brasileira e passa a naturalizar esses comportamentos e reproduzir, com expressões, comentários e ações. Esse é o retrato da sociedade brasileira”, disse o advogado.

Paulo Victor Squires destaca que ainda é muito precipitado fazer uma análise pessoal de cada pessoas dentro do programa. De acordo com o advogado, o tema é mais complexo, e envolve não só a Justiça, mas uma estrutura social

“É importante a gente atentar a esse debate e questionamento para que chegue aos maiores números de pessoas e elas entendam que existe essa estrutura e que precisamos combater. Esse combate é feito através da educação, da conversa, de entender como ela funciona e de que precisamos acessar esses comportamentos, esse pensar, e essa reprodução no uso de termos e comportamentos”, disse o ativista.

image O advogado Victor Squires (Elivaldo Pamplona / O Liberal)

“Dependendo do falar do agir e do comportamento de cada participante, podemos analisar se entrou no contexto de ofensa, racismo ou injuria racial, para que possa criminalizar. Logicamente que não é qualquer expressão que for dita que se encaixa nesse contexto de criminalização. É necessário analisar todo o contexto, não é porque uma pessoa falou algo como ‘a coisa está preta’ ou como Bárbara disse: ‘o samba do criolo doido’; pode ser criminalizada e condenada. A questão é muito estrutural e complexas, também se torna complexa a análise os andamentos de se combater tanto dentro do judiciário ou fora dele”, acrescentou Paulo Victor Squires.

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