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Atores de novelas reprisadas comentam os papéis e a valorização da cultura em tempos de pandemia

O português Paulo Rocha está no ar com três personagens, enquanto Adriana Birolli, Malu Galli e Aline Fanju estão com duas cada

Enize Vidigal
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Quatro atores que estão no ar em mais de uma novela reprisada durante a quarentena ressaltam como é diferente acompanhar os capítulos sem o frenesi do ritmo de gravações e as pressões por desempenho técnico e audiência. Em entrevista por webconferência realizada pela  Globo nesta terça-feira, 26, Paulo Rocha, Adriana Birolli, Malu Galli e Aline Fanju contam sobre a nostalgia trazida pelos folhetins reexibidos, como observam criticamente os papéis desempenhados no passado, o que têm feito durante a quarentena e a preocupação com o futuro da dramaturgia e da cultura pós-pandemia.

 A novela mais antiga no ar é Fina Estampa, de 2012. Essa foi o primeiro trabalho na tevê brasileira do ator português Paulo Rocha. Ele interpreta “Guaracy”, dono de bar boa praça que é apaixonado por  Griselda (Lilia Cabral). O artista chegou ao Brasil com o intuito de voltar ao país de origem após o término da novela, mas acabou ficando por aqui. Hoje, ele cumpre isolamento social em um sítio, ao lado da mulher e do filho pequeno.

Paulo está no ar com mais dois personagens: os vilões “Avilez”, general do exército que quer derrubar Dom Pedro (Caio Castro) em Novo Mundo, e “Dino”, o padrastro pedófilo que fez Elisa (Marina Ruy Barbosa) fugir de casa, em Totalmente Demais. “Interessante podermos rever um trabalho sem a pressão e a cobrança de perceber se a novela está indo bem, porque  temos essas preocupações. Pena o motivo que nos levou a isso”. Ele também estava na novela “Éramos Seis”, que findou em 17 de março, como o advogado “Felício”.

Paulo confessa que as tarefas domésticas impedem de acompanhar os três folhetins, mas, no caso  especial de Fina Estampa, a reprise o levou a “fazer as pazes” com Guaracy: “Achei (em 2012) que o personagem teve muito sucesso e que isso se devia mais a questões estéticas do que artísticas, mas agora estou vendo que não (...) A minha memória do Guaracy estava sendo um pouco injusta com ele e comigo também”, confidencia.

image Adriana Birolli teme que a bilheteria não sustente as produções de teatro com o fim do isolamento. (João Cotta - Globo)

Já Adriana Birollli, que vive a mocinha “Patrícia”, filha de Teresa Cristina (Christiane Torloni), em Fina Estampa, e também a diretora de moda que rivaliza com Carolina (Juliana Paes) em Totalmente Demais, conta que Patrícia foi o segundo papel dela na teledramaturgia, porém, o primeiro trabalho com maior peso na tevê. “É muito bacana poder se assistir com distanciamento. A gente vê que, em 8 anos, graças a Deus, houve evolução, a gente assiste e reconhece coisas que a gente já identificou no nosso trabalho e que não vai repetir mais”.

“Fina Estampa é uma novela que tem muito a ensinar em superação, em acreditar e fazer o bem. Todos os personagens passam por momentos de dúvida e de crescimento. Isso  é um bom ensinamento de quarentena. Que a gente saia dela mais evoluídos como humanos e irmãos de uma mesma natureza”, destaca Adriana.

Já Malu Galli e Aline Fanju estão em “Malhação – Viva a Diferença” e “Totalmente Demais”, sendo que na última, elas vivem a dona de casa “Rosângela” e a periguete “Maristela”, que disputam o amor do motorista Floristal (Aílton Graça). Em Malhação, Malu é “Marta”, mãe de “Lica” (Manoela Aliperti) e cujo marido a trai com a melhor amiga, enquanto Aline é “Josefina”, professora e zeladora do Colégio Cora Coralina.

image Malu Galli faz novos projetos de trabalho para o pós-pandemia. (Victor Pollak - Globo)

“Fiquei muito feliz quando soube que esses dois trabalhos iam ser reprisados. É muito gratificante ver o trabalho como expectadora”, conta Malu, que aponta a dificuldade de acompanhar os capítulos durante o frenesi das gravações. Malhação venceu o Emmy International Kids. “Como é contemporâneo o texto, o tema, a trilha, parece uma série, não parece uma novela”, destaca. Na primeira fase de “Amor de Mãe”, ela viveu a socialite “Lídia”, casada com “Raul” (Murilo Benício).

Sobre a nostalgia causada pela reexibição dessas novelas, Aline acredita que se deve não apenas ao fato das pessoas estarem em casa, mas de ocuparem horários nobres. “São produções muito boas. Tenho um apreço muito especial pelas duas novelas que estou, foram trabalhos muito felizes pra mim, dois personagens que amei fazer”.

 “Reconheço traços em cada uma dessas produções que falam de superação e transformação”, afirma Paulo Rocha. Ele observa a mensagem de “esperança” dessas novelas que ajuda o público a atravessar a tensão da pandemia.

Presente e Futuro

Paulo Rocha havia recebido o convite para uma nova novela e Aline Fanju estava se preparando para retomar a carreira após uma pausa para a maternidade, mas os projetos foram adiados devido à pandemia pela Covid-19. Malu Galli também encara a suspensão das gravações Amor de Mãe, algo inédito na televisão. Adriana Birolli evidencia a importância da cultura para o equilíbrio emocional coletivo durante a crise e, que, contraditoriamente não é valorizada pela população e nem pelos governantes.

image Aline Fanju curte a pequena filha de um ano, na quarentena. (João Cotta - Globo)

“É um momento muito complicado, motivo pelo qual as reprises estão no ar. Me sinto privilegiada porque a maioria dos meus amigos, que é do teatro, está sem trabalho e sem perspectiva. Fico preocupada e pessimista com medo de quando isso vai ser retomado, não existe força para que isso mude”, lamenta Aline.

“A população nos vê como privilegiados, mas 98% passam dificuldade com a cultura já sem a questão da pandemia”, destacou Adriana, com a concordância de Paulo. Ela defendeu o Projeto de Lei  1075, aprovado nesta terça-feira, 26, na Câmara Federal, que garante R$ 3 bilhões de ajuda emergencial ao setor cultural durante a pandemia. O PL vai para o Senado e, se aprovado, segue à sanção presidencial.

“A gente tá vivendo o massacre da cultura, a demonização dos atores, a suspensão de editais. É uma vida muito difícil e sem garantia nenhuma”, critica Malu. “Na circunstância da pandemia, fica evidente quanto a gente precisa da cultura”.  “A verdade é que a cultura está salvando a sanidade mental de muita gente. Mas não existe essa consciência de quanto a cultura é fundamental”, completa Adriana.

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