Dia de Iemanjá inspira artistas e projetos musicais em Belém
No dia de homenagem a orixá Iemanjá, Samba Fé no Batuque da Feira do Açaí promove homenagem nesta sexta e Gláfira conta sobre sua relação com a Rainha do Mar
Nesta sexta-feira (02), conhecido também como o dia da orixá Iemanjá, o Samba Fé no Batuque da Feira do Açaí promove a edição especial de “Odoyá, Iemanjá!”, a partir das 20 horas. O evento já acontece há três anos, na Feira do Açaí, ponto turístico, histórico e ancestral de Belém. A programação conta com as participações do trio Pimenta Doce, formado por Anouk Lacoste, Maiara Almeida e Zé Diogo; o grupo Samb’Axé e as cantoras Ruth Costa, Iara Mê, Mary Rodrigues e Priscila Cobra. Na discotecagem, a DJ Jack Sainha faz a abertura do evento.
A cantora e compositora paraense Gláfira tem Iemanjá como grande inspiração, algo que a fez se conectar e homenagear a divindade em sua arte, como no disco “Mar de Odoyá”. “Estava em um trio elétrico quando comecei a ouvir uma melodia em minha cabeça. Perguntei para uma amiga se ela estava escutando também e ela negou. Percebi então que o que eu ouvia era uma música, daí peguei o meu celular e gravei. Só que a música só tinha melodia e um pequeno trecho de letra que falava “Odoyá”, que na época eu não sabia o que era”, comenta a cantora sobre o surgimento da música que deu o nome do álbum.
“Quando mostrei para minha amiga, ela logo identificou e me explicou que Odoyá é a saudação que se faz para Iemanjá. Aquilo me chocou, porque eu não tinha uma relação direta com a religiosidade. E aí eu comecei a ouvir mais a música, as melodias e fui incrementando”, complementa.
Gláfira relembra também como a figura de Iemanjá sempre esteve presente em sua vida, principalmente na casa de sua avó, onde tinha um quadro com a imagem da orixá. A cantora acredita também que no processo de criação do álbum a sua relação com Iemanjá se tornou cada vez mais forte e que se transformou em uma devoção. “Antes de iniciar a produção do disco, eu fui pedir autorização no terreiro de candomblé, para que eu pudesse fazer esta homenagem. A mãe de santo fez todo um trabalho específico pedindo essa autorização, que me foi concedida. Fiz questão de fazer isso por respeito à Iemanjá, sua história, religião e trajetória”, explica.
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Homenagem a Iemanjá
A Rainha do mar, outra forma que Iemanjá também é conhecida, é uma orixá, ou seja, uma deusa cultuada na umbanda e candomblé, que são religiões de matriz africana. O dia 2 de fevereiro é considerado uma data de homenagem pelos seus devotos. Iemanjá é considerada mãe de quase todos os orixás e suas características são marcadas pela generosidade, zelo e proteção, em especial aos pescadores e estão sob seus cuidados todos aqueles que escolhem entrar em seu domínio, o mar.
A festa tradicional em sua homenagem também se tornou presente nos calendários de diversas cidades, em especial na Bahia, desde 1920, com a famosa celebração no Rio Vermelho, que reúne uma multidão de devotos.
O Samba Batuque da Feira do Açaí é uma iniciativa popular e independente, sem fins lucrativos, que tem o objetivo de democratizar a arte e a cultura, além de valorizar artistas locais e o patrimônio histórico da cidade. Para Geraldo Nogueira, organizador do evento, é importante o grupo ocupar esses locais históricos da cidade. “Queremos também fazer a diferença dentro da vida daqueles trabalhadores locais e de estar dentro do comércio com uma música de resistência, em espaços públicos que precisam ser vistos e não marginalizados”, explica.
“Procuramos mostrar para o público a importância das religiões de matriz africana e o combate à intolerância religiosa. Então, é de grande importância para nós sempre trazer e vincular, sim, o dia dos orixás na nossa programação. Ainda mais no dia 2, mês dessa orixá maravilhosa, mãe geradora e mãe de quase todos os orixás que é Iemanjá”, conclui.
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