Artistas do Pará estão na equipe de espetáculo que estreia em SP
Profissionais de outros estados da Amazônia também fazem parte do espetáculo
A paraense Jana Figarella é atriz convidada para o espetáculo inédito “amazonias - ver a mata que te vê [um manifesto poético]”, que será apresentado no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, a partir de 25 de novembro. Destacando a equipe com artistas e profissionais técnicos oriundos da região amazônica, a proposta cênica vai falar sobre Amazônia, seus povos e suas culturas.
O espetáculo fica em cartaz até o dia 12 de fevereiro de 2023.
“amazonias - ver a mata que te vê [um manifesto poético]” aborda as diversas linguagens artísticas como teatro, dança, música e audiovisual, a montagem é conduzida pela diretora teatral e pedagoga Maria Thaís.
Na equipe de criação tem as paraenses Márcia Kambeba, no Núcleo de Dramaturgia, e Patrícia Gondim, em Objetos Cênicos.
“Começo falando uma frase muito dita: ‘nada sobre nós sem nós’. Muitos pesquisadores tem escrito sobre Amazônia sem vivência, sem sentir muito por pesquisas de relatos de naturalistas e viajantes em tempos passados quando por essa região estiveram. Mas só quem tem vivência de Amazônia pode falar com propriedade de seus olhares e dessas Amazônias que pulsam em nós e que nos atravessam. Nesse espetáculo, no qual também componho a equipe de roteiro, vamos trazer fatos e vivências de Amazonia como por exemplo a questão do tráfico de mulheres que pouco é divulgado e quase sempre não se tem resposta. Vamos ter o caso da Giselle Gonçalves uma jovem do povo Kambeba do AM que foi sequestrada e já se passa mais de quatro anos sem resposta de quem levou Giselle e onde ela está se viva ou morta. E tantos outros olhares amazônicos vão se colocar diante do público que for ver o espetáculo, que fala dos povos indígenas, beiradeiros, quilombolas, entre tantos assuntos necessários ao nosso entendimento dessas Amazônias”, disse Márcia Kambeba.
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O espetáculo é uma produção coletiva e residência artística com foco nas amazônias, realizada ao longo de seis meses. Incidido com 35 jovens criadores entre 16 e 20 anos, crescidos em grande parte nas periferias de São Paulo, selecionados para o projeto. De 200 inscrições realizadas, através de chamamento por meio das redes do Sesc, se chegou a esse número final.
“Estava menos interessada em descobrir talentos, e sim em perceber a capacidade de aprendizagem, de enfrentar o material, de se colocar na frente de uma criação coletiva”, disse Maria Thaís.
Além da paraense, fazem parte do elenco: Kalu (RO), Letícia Progênio (AP), Anna Chaves (TO) e Sandra Nanayna (AM). O dançarino amazonense Odacy Oliveira, que também estará em cena, realizando a performance “Salto no Vazio”. Na produção tem: Otávio Oscar (AP – Ass. de Direção), Marcelo Nakamura (AM - Direção Musical), e Ubiratan Suruí (RO – Vídeos), além da consultora de visualidades Naine Terena representa o estado do MT.
“amazonias - ver a mata que te vê [um manifesto poético]” destaca três eixos principais: a orientação da equipe criativa abrangendo dança, teatro, música e palavra; as contribuições para o pensar das “amazônias reais”, vindas do encontro com especialistas convidados ao longo do processo e, complementando, as próprias vivências dos jovens que participam do projeto.
O pensamento dramatúrgico é baseado na estrutura de uma árvore invertida como um elemento simbólico. “Entendemos a raiz como um lugar de existência não observada. Já o tronco seria aquilo que se manifesta no mundo, o bem e o mal, a cidade e a mata, a cidade matando a mata. Por fim, a copa é de alguma maneira esse lugar dos rios voadores, simbolizando que o que está embaixo, está em cima”, analisa Maria Thaís.
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