Artista visual paraense faz sucesso com peças de crochê para músicos
Uma das peças de maior sucesso é o 'pescócio' inspirado em "Os Parangolés” de Hélio Oiticica
A artista Roberta Mártires, de 47 anos, tem chamado atenção com peças de crochê autoral. As coloridas peças tem sido cada vez requisitadas por artistas e músicos. A paraense, que completa 10 anos do Ateliê Multifário, já vestiu o compositor e cantor paraibano Chico César, Dona Onete, Renato Torres e Carol Magno. A pesquisadora do crochê tem visto suas peças irem para a Europa nas turnês dos artistas.
“A gente quando produz alguma coisa, principalmente para os artistas, e eles vestem é porque se identificam. Eu fico muito feliz também porque isso ajuda a divulgar o universo do crochê. Se for mapear nos bairros tem muitas pessoas utilizando e trabalhando com crochê. Fico feliz que o crochê alcance essa visibilidade e por estar na moda de novo”, destaca a artista que lembra no crochê a relação com suas, já que a avó era costureira. “É uma valorização dessa arte tão antiga, que trabalha o cérebro, acalma, trabalha a paciência”, complementa.
Roberta viu a relação com os artistas da música aumentar quando o ateliê que era no bairro da Cidade Velha recebia a visita de músicas para apresentações. “Eu tive um espaço cultural na Cidade Velha que o meu ateliê era lá, chamava Casa Velha, e nessa época muitos artistas iam fazer apresentações. Eles viam o trabalho com crochê e assim comecei a entrar mais dentro do universo das artes”, lembra. Uma das clientes habituais é Dona Onete que já recebeu várias peças de Roberta como xales e chapéus.
“Eu tento colocar o crochê dentro desse universo das artes visuais, dos figurinos, da cenografia, que quando essas peças saem para os artistas é a tua obra compondo com o trabalho de outro artista, que só vai utilizar porque se identifica. O artista só vai usar porque agrega à obra dele. Fico muito feliz, porque estou conseguindo alcançar outras mentes de universos diferentes”, avalia.
Uma das peças que mais fez sucesso foi uma intitulada pelo amigo jornalista e cineaste Afonso Gallindo como um ‘pescócio’. A peça foi dada de presente para Chico César que começou a utilizar em apresentações pelo Brasil e pelo mundo. A peça de crochê é abotoada no pescoço e desce quase até os pés da pessoa, mas aberta como fitas pelo corpo. Vários artistas já encomendaram o ‘pescócio’. A criação foi inspirada na obra “Os Parangolés” do artista brasileiro Hélio Oiticica.
Apesar do sucesso do ‘pescócio’, um dos trabalhos que Roberta mais se orgulha não ganhou os palcos, mas as salas de aula. Foi um trabalho para um professor que queria ensinar para alunos deficientes visuais como era um neurônio. “Ele tinha alunos que eram cegos e queria que conseguissem entender como eram os neurônios. Eles tinham que entender o que era um neurônio com o toque. Foi um dos trabalhos mais gratificantes que eu fiz. O crochê tem um universo muito amplo”, assegura.
Roberta também é pintora e poeta. Ela se prepara para lançar a segunda coleção de crochê intitulada “Marias do Mar” em abril deste ano. A ideia da coleção é inspirada na força das mulheres e da água, com peças que podem mostrar a leveza ou a fúria. Após a produção a artista já planeja um cortejo pelo bairro do Juruna até a beira do rio. As peças serão futuramente vendidas pela internet.
O Ateliê Multafário está localizado na rua Carlos de Carvalho, nº 916, quase de esquina com a rua dos Tamoios, no bairro do Jurunas. Nas redes sociais, a artista pode ser encontrada nos perfis @multifário_arte e no Youtube no canal Multifário Roberta Mártires.
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