Artista-pesquisadora lança livro sobre mulheres que praticam capoeira

"MulheRios e Capoeiragens: Encruzilhadas na Amazônia" resulta do projeto "Capoeira e Amazônia Negra – Encruzilhadas" e da tese de doutorado da autora

Juliana Maia
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A professora, atriz, pesquisadora e capoeirista Carmem Virgolino lança, neste sábado (21), o livro "MulheRios e Capoeiragens: Encruzilhadas na Amazônia", no Núcleo de Conexões Ná Figueiredo, em Belém. A obra da artista é composta por dez artigos de outras dez mulheres que praticam capoeira e resulta do projeto "Capoeira e Amazônia Negra – Encruzilhadas", além de ser um desdobramento de sua tese de doutorado.

No mundo da pesquisa desde 2008, Carmem decidiu desenvolver esta obra - seu primeiro livro - quando desenvolveu sua dissertação de mestrado, defendida em 2010. Deste período até agora, a artista publicou vários artigos e realizou ensaios sobre capoeira, até que surgiu o projeto “Capoeira e Amazônia Negra”, idealizado por ela em uma tentativa de reunir todo este trabalho acumulado sobre a temática.

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"A capoeira é uma cultura negra e, embora a informação não seja muito difundida, a prática é antiga na cidade de Belém e tento demonstrar que essa difusão da capoeira em nossa cidade é uma das provas da negritude que constitui a cultura paraense. A Amazônia é diversa e, para além dos povos originários, ribeirinhos, urbanos, existem territórios marcados de negritude em nossa cidade", explica Carmem.

Para compor a obra, Carmem selecionou textos escritos por mulheres de diferentes gerações, territórios, classes sociais e pertencimentos étnicos envolvidos na Capoeira. Em seu livro, as diferenças de narrativas se somam na construção de uma história coletiva mais equânime, principalmente no que se refere à prática desta expressão cultural, pois em todos os textos há relatos sobre preconceitos e restrições sofridas cotidianamente pelas praticantes mulheres.

"A gente espera que a obra possa repercutir no sentido de auxiliar no combate à violência de gênero de uma maneira geral. Vivemos em uma sociedade machista misógina que mata mulheres. Por vezes, no ambiente da capoeira, existe a reprodução desse machismo e queremos que isso mude. A potência educativa da capoeira é enorme para as relações étnico-raciais. Acreditamos que a poética e as narrativas desses textos possam sensibilizar em relação a essas questões."

Carmem começou a praticar capoeira em 2003 após ter tido um grave problema de saúde. A artista-pesquisadora diz que a prática deste esporte salvou sua vida, fonte de vitalidade e saúde. Desde então, todas as outras atividades que começou a desenvolver se desdobraram nesta temática.

"Minhas pesquisas acadêmicas e práticas artísticas, com dança e teatro, são todas embasadas na capoeira. O público vai encontrar nessa obra os textos de mulheres capoeiristas e pesquisadoras que exercitam a escrita como um direito. Falamos dos trabalhos que desenvolvemos em áreas diversas na musicalidade na dança na educação, tudo a partir da capoeira", complementa a autora.

Serviço:

Dia: 21 de dezembro;

Horário: 16 horas;

Local: Ná Figueredo, na Av.Gentil Bitencourt, N. 449, Nazaré.

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