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Arte Pará 2024: Artistas Maria José Batista e Roberta de Carvalho representam diferentes gerações

Repertório das artistas plásticas vai "do luxo ao lixo"

Bruna Lima

Está chegando 3 de outubro, abertura da 41ª edição do Arte Pará, que esse ano traz como tema "Um Norte [transcursos – caminhos]" com curadoria da artista Nina Matos. Nesta edição de O Liberal será apresentada mais uma dupla de artistas mulheres que fazem parte do time de convidados para compor a mostra. Maria José Batista, 62 anos, e Roberta Carvalho são artistas de diferentes gerações que mostram suas criações a partir de um repertório que vai do luxo ao lixo. O Projeto Arte Pará 2024 é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, e realizado pela Fundação Romulo Maiorana (FRM). A mostra vai ficar disponível na Casa das Onze Janelas.

A artista Maria José Batista, 62 anos, é uma artista que borda e transborda uma arte mais artesanal. Atualmente, ela desenvolve trabalhos com reciclagem aproveitando caixas de pizzas, caixas de papelão, colagens, pintura sobre telas, esculturas e máscaras sobre folhas de castanholas. Esse ano, ela vai apresentar no Arte Pará três estandartes com técnica de bordado com TNT sobre tecido.

A artista teve a oportunidade de participar duas vezes do salão, a primeira foi contemplada com o prêmio aquisição e a própria Fundação Romulo Maiorana adquiriu as obras produzidas com retalhos de tecidos e pintura.

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Na segunda participação do salão, Maria José foi selecionada com uma obra de estandarte com formato de rede.Sobre a importância do Arte Pará, a artista destaca a questão da visibilidade ao artista da Amazônia em suas diferentes vertentes. “ É muito importante para os artistas da região amazônica divulgar as suas produções artísticas em suas variadas técnicas. O Arte Pará dá essa visibilidade aos artistas”, pontua.

Artista visual Naif, inscrita na Enciclopédia Itaú Cultural, vem atuando nas artes visuais desde 1997 incluindo mostras e exposições, ministrando cursos e oficinas de pintura e adereços de carnaval. Foi artista convidada pela Bienal Naïf de Piracicaba (SP, 2006) e premiada no Salão Arte Pará (2005). Selecionada no 8º. Prêmio Artes Tomie Ohtake, edição Mulheres em 2022.

Já Roberta Carvalho, artista visual, multimídia e diretora artística, faz parte de um time de artistas que mergulham na tecnologia para transbordar suas vivências e olhares poéticos. Sua pesquisa artística foca na interseção entre arte contemporânea e tecnologia, assim como na relação entre o ser humano e a natureza.

“Questiono constantemente a ideia de separação entre esses dois mundos e, procuro, por meio do meu trabalho, construir pontes que nos levem a refletir sobre a força e a vitalidade das florestas e rios amazônicos, além da importância crucial das comunidades tradicionais na preservação desses espaços”, explica a artista.

Além disso, ela tem se dedicado a projetos de grande escala como artista-curadora e diretora artística, que trazem à tona a força das artes visuais da Amazônia. Entre eles, destaca o festival Amazônia Mapping, um projeto que celebra as artes visuais e tecnologia na região amazônia, e o projeto imersivo "Nave", no Rock in Rio 2022, que levou mais de 50 artistas amazônidas para um dos maiores festivais de música do mundo.

“Também realizei projetos internacionais, como "Pororoca" em Nova York, que ocupou as telas da Times Square com obras de artistas visuais amazônidas, promovendo um diálogo entre arte, ativismo e a visibilidade da nossa cultura em um dos centros urbanos mais icônicos do mundo”, acrescenta Roberta Carvalho.

Nesta edição do Arte Pará, a artista vai apresentar uma instalação chamada “Guamá”, que é resultado de uma experiência artística realizada no ano passado pelas águas do rio Guamá em um barco multimídia, que tinha a função de projetar som luz e projeção. “Esse projeto começou com oficinas aos ribeirinhos e depois foi feita uma incursão nesse barco, completamente produzido para esta obra. fizemos duas noites de projeção pela margem dos rios”, explica a artista.

Essa obra será apresentada no salão por meio de projeções, fotografias e vídeos dentro do laboratório da Casa das Onze Janelas. O trabalho tem o intuito de tratar sobre a importância do rio Guamá, sobre as pessoas que nele habitam e a relação das pessoas da área urbana com as comunidades ribeirinhas.

"O salão contribui para a criação de um espaço de difusão das artes visuais. É um salão histórico que sempre carregou essa importância na nossa região e contribui de uma maneira importante para que o cenário da arte tenha visibilidade e seja celebrado, pois ele é conhecido no país”, explica a artista.

O trabalho de Bárbara Savannah, 29, é desfragmentar elementos da cultura amazônica a partir da criação de objetos em madeira, telas e murais. Ela conta que seu processo é todo a partir do abstrato do verde e da pintura, “unir elementos regionais e reorganizá-los de formas menos convencionais tem sido parte fundamental da minha pesquisa artística. Eu pinto o que eu vejo e o que eu vivo, artisticamente falando o criar parte de uma abstração visual imagética e transfiro isso pro suporte através da pintura”, explica a jovem artista.

Para o Arte Pará, ela escolheu uma obra que, particularmente, tem como trabalho favorito. “Imersa, é um Díptico que representa um mesmo lugar em estações diferentes e como essa luz e a natureza interna quanto externa muda de acordo com o tempo. É uma referência não só das nossas florestas, mas também ao nosso interior, como carregamos várias camadas e densidades e essas camadas não permanecem igual, transitam e se transformam. É um trabalho denso e estimulador visualmente”, reflete Bárbara.

Ela conta que sempre olhou o Arte Pará como uma plataforma de consagração de um artista. Pela visibilidade e nomes significativos da arte contemporânea do Pará presentes nas edições anteriores, “vejo que traz um aspecto de transição para o artista quanto a visibilidade e maturidade de processos artísticos. É a minha primeira vez e estou muito contente pelo convite”, acrescenta.

Arte Pará

O 41º Salão Arte Pará, que traz o tema “UM NORTE [ transcursos- caminhos]”, terá Luiz Braga como artista homenageado da mostra 2024. A homenagem adianta as comemorações de 50 anos de carreira do artista, no próximo ano. A mostra também será composta por obras de 20 artistas paraenses que atuam em diferentes linguagens e que vão concorrer ao “Prêmio Residência Artística Sertão Negro”, que terá acompanhamento curatorial, ateliê e imersão com artistas residentes.

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