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Arte Pará: artistas reproduzem a vida na periferia em forma de arte

Os artistas Dias Júnior, Guy Veloso e GC Arte traduzem o cotidiano em seus trabalhos

Bruna Lima

A pintura, a fotografia e arte digital de Dias Júnior, 29 anos, Guy Veloso, 54 anos e GC Arte, 29 anos, se transformam em realidade das periferias e em manifestações populares. Nesta edição, os leitores de O Liberal vão conhecer um pouco mais desse trio, que compõe o time do 41º Arte Pará, que tem abertura no próximo dia 3 de outubro, na Casa das Onze Janelas. O projeto é apresentado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, e realizado pela Fundação Romulo Maiorana (FRM).

Dias Júnior utiliza a técnica de tinta a óleo para expressar sua visão de mundo, baseada no seu contexto de vida. “Eu sou um jovem negro, periférico, que veio do interior para estudar artes na capital e todo esse universo amazônico, negro e crítico molda minha arte”, destaca o artista. Ele exemplifica com sua produção “Garis, Realidades e a violência normalizada”.

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Para o Arte Pará deste ano, ele vai apresentar três obras: Kumu Cyberpunk, Xamanic e Pajé Afropunk, que são retratos artísticos e fictícios de Pajés. As artes foram baseadas no artigo “O legado afro-indígena aos curadores da Pedreira: pajelança em processos criminais em Belém do Pará” de Antonio Maurício Dias da Costa e Juliana dos Santos Carvalho.

O artigo analisa denúncias de "exercício ilegal da medicina" em práticas afro-religiosas na Pedreira, Belém. Foca na repressão policial às artes de cura religiosa, chamadas de "pajelança" em processos criminais de 1929, 1930 e 1933.

"Essa é minha primeira vez no Arte Pará, eu estou super empolgado e muito agradecido com a oportunidade. Fiquei bastante feliz também de ver mais dois artistas do Jurunas junto comigo, Bárbara e Igor, isso me dá muita energia para estar com corpo e alma presente. Nesse espaço tão importante”, pontua GC.
Sobre a importância do Arte Pará, o artista explica que se trata de um projeto importante tanto para o cenário local quanto nacional, uma vez que dá visibilidade para os artistas locais, que conseguem expor ao lado de artistas de várias regiões, o que ajuda no reconhecimento.

“Além disso, o evento valoriza a diversidade cultural, misturando tradições amazônicas e brasileiras, e promove um intercâmbio legal entre artistas e críticos incentivando a inovação. Outro ponto é que o Arte Pará aproxima o público da arte contemporânea e, com mais de 40 edições, já faz parte da história das artes no Brasil, preservando a cultura amazônica e colocando a gente nas discussões mais atuais”, completa o artista.

O fotógrafo Guy Veloso, 54 anos, tem como assunto primordial no seu trabalho, a religião brasileira em suas matizes, embora também documente, em menor constância, festas populares, em especial o carnaval. Ele já participou, no mínimo, uma dezena de vezes do Arte Pará; sendo que em 2014 como homenageado, em uma exposição na Casa das 11 Janelas, dividindo a galeria com peças de Pierre Verger.
Este ano, Guy Veloso vai participar do Arte Pará com quatro fotografias do Círio de Nazaré. “ O Arte Pará deu visibilidade a muitos artistas locais, contribuindo também com a formação de público”, reflete o fotógrafo.

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De formação acadêmica em Direito, Guy Veloso é fotógrafo desde 1988 com publicações e mostras nacionais e internacionais. Participou da 29ª Bienal de São Paulo/2010 e da 4th Biennial of the Americas, Denver-Estados Unidos/2017. Foi curador-geral de fotografia contemporânea na 23ª Bienal Europalia, Bruxelas-Bélgica/2011. Obras em Museus: Essex Collection of Art from Latin America, Colchester-Inglaterra, entre outros.

Arte Pará

Maior projeto de arte do Norte do país, o Arte Pará traz para a edição 2024, o tema “Um Norte [transcursos – caminhos]” com curadoria da artista Nina Matos. Na edição deste ano, o formato será de uma mostra com a participação de 20 artistas paraenses convidados e uma sala especial para o artista homenageado, o fotógrafo Luiz Braga, na Casa das Onze Janelas.

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