Arraial do Pavulagem se prepara para ganhar as ruas em primeiro arrastão
Batendo recorde nas inscrições das oficinas, este ano, o número de membros será superior
Começou junho e é comum vermos por Belém, e pelo Pará também, aqueles chapéus de palha com fitas coloridas. A vestimenta já anuncia que tem Arraial do Pavulagem, com os ensaios iniciados ainda no fim de maio, em uma parte da avenida Boulevard Castilhos França, os membros afinam passos e melodia para que no dia do arrastão tudo ocorra em sintonia.
No dia 08 será o Ensaio Geral, em frente ao Instituto do Arraial do Pavulagem. No dia seguinte ocorre a Recepção dos Mastros. Às 17h, o barco sai da Estação das Docas, em cortejo fluvial, com roda carimbó com o grupo Sancari. A chegada na escadinha acontece entre 18h15 e 18h30, com o desembarque dos mastros, que são levados até a Praça dos Estivadores.
No dia 12, ocorre o primeiro arrastão do Arraial do Pavulagem, com concentração na Praça da República, até a Praça dos Estivadores.
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Porém, o que vemos nas apresentações ao público, é apenas o resultado final do Arraial do Pavulagem que passa por um longo processo. Iniciados com as oficinas, o público pode se inscrever e após algumas semanas, os ensaios são iniciados. A peculiaridade desse ano foi o encerramento dessas inscrições em apenas 3 dias, batendo um recorde, com mais de 1500. Em outros anos, elas ficavam disponíveis por uma semana. Em 2019, foram 900 inscritos.
Na ocasião, o público na rua superava a marca de 25 mil pessoas. Esse ano a expectativa é de um público bem superior a esse.
Com os ensaios, os membros precisam cumprir algumas regras, entre elas um número de faltas permitidos. Alguns pontos podem ser eliminatórios.
“Nesse momento, os segmentos culturais deram um estalo, e acabamos de alguma maneira sendo uma referência, um exemplo de organizar o sonho. Aqui é um termômetro! As inscrições, a permanência dos primeiros que chegam, a gente consegue ter, mas a gente ficou muito assustado e Deus coloca para gente esse desafio, e sim, é isso que nós estamos fazendo, dando as mãos para todo mundo. Sou o presidente, mas eu carrego muita coisa, demandas, no geral eu acredito que nós conseguimos essa quantidade de pessoas, esse carinho que tem pela gente, pela representatividade”, explicou o Ronaldo Silva.
Se olharmos em volta, nos dias de ensaio do Arraial do Pavulagem, percebemos uma mistura de rostos, personalidades e idades. Abrangendo vários setores sociais, essa representatividade cultural, desperta o amor do público pelo que é do Pará. Entre tantas coisas significativas, histórias são construídas no Instituto Arraial do Pavulagem.
“Algumas pessoas chegam aqui sem ter experimentado, por exemplo, esses processos, porque tem esse volume de pessoas que participam da construção dos cortejos e passam por todas essas etapas, mas tem aquele brincante que é espontâneo. Tem muita gente que vem pela primeira vez e que vem o resto da vida. Às vezes aqui a pessoa casa, às vezes aqui tem filho e aqui”, disse o presidente Ronaldo Silva.
Há mais de 10 anos fazendo parte do “Batalhão da Estrela”, André Pompeu compõe a percussão do Arraial do Pavulagem. O primeiro contato que ele teve com esse mundo, foi nos shows que assistia. “A primeira vez que vi foi na praça. Depois desse momento, eu vim participar das oficinas, conhecendo e tendo essa nova vivência. Já conheci também o trabalho que era desenvolvido por alguns dos membros no Guamá, com as crianças. Já conhecia como as coisas funcionavas”, contou.
André sabe a importância do Instituto para além das apresentações. “O Arraial nesses 35 anos é uma simbiose com a cidade de Belém, não só pelos arrastões, mas também por todo o trabalho social que é feito, a gente vê as coisas acontecendo aqui, mas fazemos um trabalho de levar pequenas partes desse Batalhão para os hospitais, casa de repousos, lar de idosos. A gente tenda levar a mesma alegria dos cordões de domingo para esses locais”, disse o membro.
O membro Antônio de Oliveira, que tem o maior tamanho da perna de pau do Batalhão, que é de 1 metro, começou a frequentar o Arraial do Pavulagem na barriga da mãe. Com uma família toda envolvida no Instituto, ele mistura suas lutas pessoais como espelho para o seu trabalho como cantor.
“O Arraial inspira. Eu sou cantor LGBTQIA+, nortista, amazônico e estou buscando cada vez mais uma identidade, e nesse processo o Pavulagem faz parte. Meu trabalho autoral tem muito a ver com o que eu vive aqui, junto com as minhas outras vivências, de luta, de questionamento da sociedade. O Pavulagem ajuda muito a cultura popular, não só no Instituto, com os arrastões, mas também inspirando outros artistas”, avaliou.
Ele é sobrinho de Júnior Soares, um dos fundadores do projeto, então na barriga da sua mãe ele marcava presença nos arrastões. Ligado aos movimentos populares, com seus primeiros passos Antônio já estava pulando com o boizinho do Pavulagem.
Agende-se
- Ensaio geral Arraial do Pavulagem
Data: 08 de junho
Hora: 19h às 21h
Local: Instituto Arraial do Pavulagem - Av. Boulevard Castilhos França, 738
- Recepção dos Mastro
Data: 09 de junho
Hora: 18h15
Local: o barco sai da Estação das Docas às 17h, com um cortejo fluvial. O desembarque é às 18hh15, na Praça dos Estivadores.
- 1º arrastão do Arraial do Pavulagem
Data: 12 de junho
Hora: 8h
Local: concentração na Praça da República, segue pela avenida Presidente Vargas até a Praça dos Estivadores
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