Arraial do Pavulagem impulsiona iniciação artística; cortejos acontecem entre junho e julho em Belém

300 brincantes são de primeira viagem e sairão nos cortejos do Arrastão do Pavulagem nos dias 11, 18 e 25 de junho e 2 de julho, em Belém

Emanuele Corrêa

20.05.23 17h00

O tradicional arrastão do Arraial do Pavulagem não só leva centenas de brincantes às ruas de Belém, mas antes do grande cortejo oficinas de formação artística entre dança, percussão e perna de pau que irão compor o Batalhão da Estrela. (Carmem Helena / O Liberal)

O tradicional arrastão do Arraial do Pavulagem não só leva centenas de brincantes às ruas de Belém, mas envolve inúmeras pessoas nas práticas artísticas. Antes do grande cortejo, há oficinas de formação entre as modalidades de dança, percussão e perna de pau, que irão compor o Batalhão da Estrela. Essas práticas, muitas vezes, são responsáveis pela iniciação artística de muita gente. Das 670 pessoas inscritas nas oficinas, 300 brincantes são de primeira viagem e sairão nos cortejos nos dias 11, 18 e 25 de junho e 2 de julho, em Belém.

As oficinas já encerraram e começam os ensaios. Marcelino Rodrigues, 51 anos, é motorista e estava participando da oficina de percussão do Arraial do Pavulagem pela primeira vez e na companhia da família. Ele já acompanha há 20 anos o Pavulagem, no entanto, diz que é muito diferente fazer parte do movimento. "Eu recebi um incentivo da família toda, que gostaria de participar. Minha esposa e minhas filhas. Como a gente já caminha há muito tempo do Pavulagem e eu resolvi participar da oficina. Eu escolhi um instrumento, a barrica [tambor]", disse.

Seu Marcelino enxerga como uma possibilidade de iniciação artística e de dar continuidade ao novo hobby, pois o sentimento certamente será potencializado fazendo parte do Batalhão. "A expectativa é a melhor possível, inclusive eu me empolgo bastante no percurso, imagina dentro. As oficinas elas são ótimas oportunidades, dão incentivo não só para interação de todas as pessoas, mas também dos instrumentos, é muito bom", destacou.

16 instrutores e assistentes conduziram as oficinas e estarão nos ensaios. Para o presidente do Instituto Arraial do Pavulagem, a participação nas oficinas fará a diferença no cortejos. "É nesse momento que os instrutores repassam detalhes importantes sobre como lidar com os instrumentos, como andar de Perna de Pau com segurança, as letras dos cantos e muito mais… o brincante pode viver dias de compartilhamento de saberes e, como resultado dessa dedicação, ir pra rua conosco e fazer parte do Batalhão da Estrela, que é um núcleo do Arrastão do Pavulagem”, afirmou.

A analista de vendas Layse Sousa, 28 anos, também iniciou nas artes circenses a partir da oficina do Arraial do Pavulagem. Ela conta que agora mais experiente, tem confiança na prática. "Na primeira oficina de perna de pau eu estava bastante insegura, não conseguia me equilibrar sozinha e hoje eu já ando até sozinha na perna. As oficinas me ajudaram muito no sentido de ter mais noção musical, hoje eu tenho mais ritmo (falando de percussão), mais equilíbrio e resiliência (falando da perna de pau) e essa iniciação artística me fez enxergar uma Layse que eu não conhecia e que ainda estou conhecendo a cada nova experiência", pontuou.

A analista de vendas Layse Sousa, 28 anos, também iniciou nas artes circenses a partir da oficina do Arraial do Pavulagem. (Carmem Helena / O Liberal)

O que motiva a jovem é a valorização da cultura popular, o resgate, além de ter se encontrado no fazer artístico. "A cultura popular é super importante para conhecermos as nossas raízes, de onde viemos e valorizar nossa arte e compartilhar com quem ainda não conhece e que quer conhecer. Hoje a arte já faz parte de mim, além do Pavulagem, atualmente eu estou envolvida em outros grupos seja de percussão, etc e não me vejo mais não fazendo algo que não envolva arte", contou.

"As expectativas são as melhores, principalmente nesse ano que 'tô' nesse novo desafio de sair no cortejo na perna de pau, ano passado eu era da percussão tocando reco e esse ano vou ver o cortejo de uma outra perspectiva, do alto. Nem tão alto assim porque eu sou baixinha (risos), mas mesmo assim, acredito que vai ser uma experiência única e convido a todos para conhecer essa manifestação da nossa cultura popular que é tão linda e rica", finalizou fazendo um convite ao público.