Após título para Boi Caprichoso, presidente manda indireta para rival Garantido
“É o boi que respeitou os trabalhadores”, disse o presidente do Caprichoso, Jender Lobato
Após o boi Caprichoso ser declarado o campeão da 56ª edição do Festival de Parintins e conquistar o 25º título da história, o presidente do boi azul e branco, Jender Lobato, concedeu uma entrevista e mandou uma indireta para a administração do boi Garantido.
Em alusão à crise instalada no touro da estrela, que teve até uma greve de trabalhadores nas vésperas de entrar no bumbodromo por causa da falta de pagamentos, Jender declarou que o título foi para o boi que respeitava os trabalhadores, os artistas e o povo.
VEJA MAIS
"É o boi que faz arte. Que fez justiça! Que respeitou os seus trabalhadores! Essa vitória é do povo, é a vitória dos artistas, é vitória da classe trabalhadora, que depende do festival para sobreviver. Nós temos que respeitar o nosso povo, temos que respeitar os nossos artistas. Ele [Caprichoso] respeitou o povo, respeitou os trabalhadores, respeitou festival, respeitou o governo brasileiro e respeitou também os patrocinadores”, afirmou.
Vitória
Neste ano, o Caprichoso veio com o tema “O Brado do Povo Guerreiro” e levou para a arena três mulheres indígenas para concorrer ao item "Tuxanuana”. A apuração que ocorreu na segunda-feira, 02, na Ilha da Magia, no Amazonas, terminou com o touro negro com 1.259 pontos, apenas dois décimos na frente do touro branco Garantido.
As três noites do Festival de Parintins teve uma disputa acirrada. Na votação dos jurados, o Caprichoso venceu a 1ª noite por 3 décimos; o Garantido venceu a 2ª noite, também por 3 décimos. Na terceira e decisiva noite, os jurados deram ao Boi azul foi o melhor por dois décimos. Na contabilização de títulos, o Garantido foi campeão por 32 vezes, enquanto o Caprichoso colecionada 25 títulos.
Crise no Garantido
Se de um lado era festa e comemoração, na outra quadra do rival uma crise se instalou. O boi Garantido não está vivendo momentos auspiciosos. Além de perder mais uma vez o título, o boi coleciona nos últimos dois anos graves problemas de gestão com o até então presidente Antônio Andrade.
Em 2022, cerca de uma semana após as apresentações, trabalhadores que empurraram as alegorias (kaçaueres) protestaram na frente da quadra do boi e colocaram fogo nas peças por não terem recebido os pagamentos após o festival. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar tiveram que ser acionados. Após o festival de 2022, uma série de artistas e participantes do boi vermelho divulgaram abusos e assédios do presidente do Garantido, Antônio Andrade.
Neste ano, a administração do Garantido temendo novos protestos e uma paralisação efetuou os pagamentos dos kaçaueres antes do festival. Entretanto, outro problema teve que ser solucionado rapidamente. Segundo o portal Rede Onda Digital, apenas 12 horas antes do Festival de Parintins, um grupo de mais de 10 artistas, que confeccionam as fantasias tribais, realizaram um princípio de greve na manhã da última sexta-feira (30) para receber os pagamentos atrasados.
Os artistas chegaram a soldar a porta dos Galpões para as alegorias não saírem do local. De acordo com a assessoria do Garantido, o pagamento foi realizado ainda naquela manhã e a situação foi normalizada.
Antes disso, uma semana antes do festival, no dia 23 de junho, o então presidente do Garantido, Antônio Andrade, e o vice-presidente, Idamar da Silva e Silva, foram afastados dos cargos. A decisão foi tomada após reunião do Conselho de Ética do Garantido, que analisou a ameaça feita por Andrade, no 19 de junho, de retirar o boi das apresentações do Festival de Parintins. Uma Comissão Interventora assumiu a administração do boi durante 30 dias.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA