Amazônia (FI)Doc revela o cinema feito nas entranhas da floresta
Produções de profissionais de 9 países da Pan-Amazônia que trazem à tona a realidade de povos na região são expostas ao público, e programação também conta com oficinas sobre cinema a partir desta terça (19)
A Floresta Amazônica sempre rende bons frutos. E assim o Amazônia (FI)Doc - Festival Pan-Amazônico de Cinema chega a sua 10ª edição em 2024, com uma programação de filmes e eventos em Belém, a partir desta terça-feira, dia 19, até o dia 27 deste mês, com a proposta de possibilitar o acesso do público a temas que revelem o contexto social, econômico e ambiental dessa região por meio de trabalhos confeccionados por cineastas, artistas e especialistas em geral dos nove países da Pan-Amazônia. A abertura oficial do evento será nesta quarta-feira, dia 20, às 19h, no Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA), será apresentado o filme "A queda do céu", só para convidados. Mas, ainda nesta terça, dia 19, começa uma das oficinas do Festival, a de Montagem Autoral com Foco na Pan-Amazônia. Ou seja, o Festival mostra filmes e dá dicas sobre como fazê-los.
"A queda do céu" é um documentário de 1 hora e 50 minutos, dirigido po Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha e baseado no livro do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa, escrito em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert. O xamã Davi Kopenawa vai estar na sessão desta quarta. O Festival é uma realização do Instituto Culta da Amazônia e a Z Filmes, Secult PA e Ministério da Cultura, com patrocínio da Lei Rouanet e Instituto Cultural Vale. Programação completa em https://amazoniadoc.com.br/.
O Amazônia (FI)Doc exibirá as Mostras Competitivas Amazônia (FI)Doc, Videoclipes e Videoarte e As Amazonas do Cinema. Nos oito dias do evento também haverá oficinas e mesas de discussão sobre roteiro e produção cinematográfica. As inscrições estão abertas no site do evento e no Instagram (@amazoniadoc). Logo após a exibição do filme "A queda do céu", o xamã Davi Kopenawa e a professora Zélia Amador de Deus, personalidade importante do movimento artístico e cultural da região amazônica, receberão homenagens especiais. Está programado, ainda, um bate-papo com a equipe do filme.
Com 820 filmes inscritos, 531 curtas (235 documentários e 298 filmes de ficção) e 289 longas (185 documentários e 104 filmes de ficção), o festival terá seis mostras competitivas, uma mostra especial, uma mostra especial de filme indígena, dois lançamentos, uma sessão comentada, quatro oficinas, dois masterclasses e dois estudos de caso. Foram inscritas produções da Colômbia (26), Venezuela (18), Peru (17), Equador (5), Guiana (4), Bolívia (5) e Suriname (1).
Como projeto de 15 anos e com nove edições já realizadas, o festival Amazônia (FI)Doc propõe um recorte curatorial e geopolítico que contempla os nove países da Pan-Amazônia (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa), nos formatos curta, média e longa-metragem, nos gêneros documentário, animação e ficção, além de videoclipes e videoarte.
Comunicação ancestral
Zienhe Castro, diretora-geral do Amazônia (FI)Doc, ressalta que o Festival Pan-Amazônico de Cinema enfoca a produção cinematográfica dos países que ocupam a floresta amazônica, com destaque para a produção do Brasil. "É um trabalho de garimpagem para dar maior visibilidade à produção que ocorre nesses territórios. A presença do Brasil sempre é mais forte. O Brasil, hoje, na minha opinião, tem a maior produção cinematográfica da pan-amazônia. Nós temos produções muito consolidadas na Colômbia, que tem o mais antigo festival da América do Sul, Cartagena das Índias, com 63 anos. O nosso está completando dez edições em 15 anos de jornada”, destaca.
Os festivais de cinema, observou Zienhe, são importantes para escoar uma produção que não tem janela de exibição nas salas de cinema comerciais. "O festival promove a difusão dos temas relevantes para o debate socioambiental e sociocultural e apresenta para a sociedade o que está sendo debatido a partir dos temas suscitados nessas produções", completa.
De acordo com Felipe Pamplona, coordenador de Produção e Curadoria do Amazônia (FI)Doc, o conceito e o norte que guiam a ideia do festival é cada vez mais mostrar, “por meio dessa potência incrível da imagem e do som”, que existe um território não delineado por fronteiras físicas e que se materializa por uma comunicação ancestral".
"O cinema dá conta muito bem disso, seja como documentário ou como ficção. A música popular paraense, na sua relação com o Caribe, já comprovou isso. E agora isso vem com o cinema. Nós somos um festival consolidado na região. Isso é uma vitória", afirma Pamplona. Com financiamento da Lei Paulo Gustavo (mostras e festivais) e da Lei Rouanet (patrocínio oficial do Instituto Cultural Vale), a décima edição do Amazônia (FI)Doc retrata realidades e evidencia o protagonismo da produção cinematográfica amazônida.
Para Manoel Leite Jr., coordenador-geral do Amazônia (FI)Doc, a proposta de conceber um festival pan-amazônico pressupõe integração e reconhecimento. "O festival começou com documentários, mas teve edições com ficção. Em 2023, ele assume a ficção e muda o nome de Amazônia Doc para Amazônia (FI)Doc. É preciso reconhecer que existe uma Amazônia que não é definida por questões geopolíticas, mas que envolve partes desses países como um todo. E elas se comunicam", assinala.
Serviço
Abertura do Amazônia (FI)Doc - Festival Pan-Amazônico de Cinema.
Exibição do filme 'A queda do céu', com a presença dos realizadores Eryk
Rocha, Gabriela Carneiro Cunha e Davi Kopenawa (só para convidados).
Local: CCBA (Rua Manoel Barata com rua Campos Sales, Campina).
Data: 20 de novembro.
Hora: 19 horas/23h30.
Lotação: 100 pessoas.
Programação completa: https://amazoniadoc.com.br/
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