Alcione se apresenta no último dia do Festival Psica
Marrom dividirá o palco com a jovem MC Tha, que lançou um EP em homenagem para a sambista
Uma das cantoras e compositoras mais cultuadas do samba brasileiro Alcione se apresenta neste domingo (17), como uma das últimas atrações do Festival Psica, às 23h30, no palco Rio Voador, no Mangueirão. A Marrom dividirá o palco com MC Tha, uma jovem compositora do funk, que se inspira em Alcione. A maranhense revela que o novo sempre lhe atraiu e por isso se mantém sempre antenada com os jovens.
“Tenho a felicidade de chegar aos corações das mais variadas gerações, acho que é porque nunca tive medo do novo. O novo sempre me atraiu, gosto de conferir o que está acontecendo. E fico feliz vendo que as plateias do nosso show estão povoadas de uma rapaziada jovem que gosta do nosso trabalho”, declarou.
A cantora, compositora e multi-instrumentista brasileira de 75 anos possui 30 álbuns de estúdio e nove ao vivo. Ao longo da carreira já vendeu mais de oito milhões de cópias de discos pelo mundo. Marrom confessa que a apresentação em Belém permitirá a ela conhecer mais da cultura e dos artistas negros e periféricos atuais da Amazônia.
“Gosto de conferir o que está acontecendo, e tem muito talento jovem por aí. Quanto à participação em um festival que valoriza e dá protagonismo a artistas pretos e periféricos, só posso aplaudir, incentivar. Também sou preta, sou nordestina e mulher... Quem de nós nunca teve que ralar muito para alcançar objetivos? Ainda bem que, hoje em dia, existem movimentos e projetos que estão auxiliando e impulsionando nossa gente. Antes, era bem mais difícil. Mas ainda precisamos caminhar mais para vencermos barreiras e preconceitos”, acredita.
Alcione é uma referência para MC Tha, que subirá ao palco para dividir essa experiência com A Voz do Samba. A artista lançou um EP recentemente com uma homenagem à Alcione. “A Alcione é muito importante para muita gente. Eu tenho muito pensado nela como essa grande mãe do Brasil. Essa grande mãe da música afro-brasileira e quando trouxe ela para dentro do meu EP ‘Meu Santo É Forte’ foi como uma personagem principal junto com a MC Tha. As duas eram personagens e junto com elas, várias coisas estavam ali girando, várias perguntas”, conta.
MC Tha refletiu sobre a importância da música afro-religiosa na carreira de Alcione. “Trazer essas músicas afro-religiosas, que já fizeram parte do repertório da Alcione, também era uma forma de poder falar sobre a intolerância religiosa, sobre o racismo religioso, que durante a pandemia teve um aumento expressivo. Também falar sobre o funk, o funk é afro-brasileiro, o funk tem identidade sim, e veio de um lugar específico sim, e também queria falar sobre a falta de espaço para músicas afro-religiosas”, explica.
Além do EP de MC Tha, a Dama do Samba tem recebido muitas homenagens por completas cinco séculos de uma carreira tão forte. “Tenho sido agraciada com muitos presentes nesse cinquentenário de carreira: ser enredo da Mangueira (A Negra Voz do Amanhã), tema de musical e filme biográfico; ter sido a grande homenageada do Prêmio da Música Brasileira de 2023. São ‘flores em vida’ que jamais imaginei receber. E sonho em continuar exercendo a minha profissão com a mesma autenticidade de toda a carreira. Sonho? Continuar a viver do canto, um ofício que sempre foi a minha maior paixão”, afirma Alcione.
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