30º Festribal expressa arte e representatividade indígena em Juruti
Além das apresentações das tribos Munduruku e Muirapinima, o evento contará com shows de Xand Avião e Ávine
Entre os dias 31 de julho a 3 de agosto, um dos maiores festivais da cultura amazônica será celebrado mais uma vez no Pará, exibindo toda a beleza e arte dos povos originários. Trata-se da 30ª edição do Festribal, um evento realizado pelas tribos Munduruku (vermelha e amarela) e Muirapinima (vermelha e azul), que colorem uma arena inteira com dança, música e muita identidade cultural.
A festa sempre é realizada no município de Juruti e desde 2008 passou a ser considerada Patrimônio Cultural do Pará. O Festribal consiste em uma espécie de duelo artístico, onde as tribos Munduruku e Muirapinima se apresentam no ‘tribódromo’ para encantar os espectadores e um corpo de jurados, que avaliam diversos conceitos das manifestações culturais.
Além das apresentações das duas tribos, o Festribal também conta com shows de diversos artistas. No dia 31 de julho, o cantor Xand Avião será a atração no tribódromo, na programação chamada de ‘Festa dos Visitantes’. Ávine também está confirmado para se apresentar no evento, com um show marcado para o dia 1º de agosto.
Edvander Batista é historiador e um dos fundadores do movimento da tribo Munduruku no Festribal. Atuante no núcleo de criação artística do espetáculo, ele conta que a expectativa para este ano é grande, e que tudo está sendo preparado com muita dedicação para proporcionar um grande evento.
“Estamos muito confiantes com o resultado do trabalho que irá acontecer e preparamos todos os segmentos do espetáculo com um planejamento que visa a vitória da tribo Munduruku. O tema da nossa apresentação se chama ‘Amazônia indígena’, que iremos desenvolver através de uma exaltação e irreverência, como um brado de manifesto aos povos mundurukus”, explica Edvander.
O tribódromo, onde acontecem os espetáculos das duas tribos, se transforma em um ambiente contagiante de celebração a cultura indígena durante os quatro dias de programação. De acordo com Edvander, cada nação tem cerca de 2 horas e 40 minutos em suas apresentações, que envolvem alegorias, mestre de cerimônia, números coreográficos e diversos outros itens de expressão artística.
Muito além da expressão artística, o Festribal também é um evento de manifestação política dos povos originários, que conseguem mostrar suas preocupações e opiniões acerca do caminho que o mundo vem tomando, sobretudo nas questões ambientais, que vem afetando o planeta com mais força a cada dia.
“O Festribal tem representatividade para nós que nascemos na Amazônia. Ao longo dos anos, transformamos o tribódromo em uma tribuna, onde a gente, através da arte, apresentamos algo urgente, que tem a ver com o futuro, com a integridade dos povos indígenas e dos biomas amazônicos. Pra nós o festival tem esse sentido e esse ano, próximo da COP 30, de apresentarmos esse produto cultural como uma mensageiro, um arauto de um novo modelo, que temos que plantar no coração da pessoas”, esclarece Edvander Batista.
Daniel Costa, membro da Comissão de Artes da Tribo Muirapinima, afirma que o espetáculo apresentado na arena este ano será grandioso, trazendo como tema: "Wiyae: O Canto de Resistência Pindorama”.
“Nosso tema abordará como os cantos indígenas se tornaram uma importante arma de luta em defesa dos direitos dos povos indígenas. Nossa expectativa é levar aproximadamente 500 atores e dançarinos, que junto com a nossa galera, entrarão com os cantos do povo Muirapinima”, explica.
O artista também expressa a importância do Festribal para a preservação da Amazônia, como um instrumento de fortalecimento das lutas dos povos indígenas.
“Para nós o Festribal é um momento onde trazemos para a arena do tribódromo importantes pautas da luta indígena, reforçando a importância da unidade em defesa das populações tradicionais, que através da COP 30, podem ganhar destaque e incentivos para a defesa dos territórios”, conclui Daniel.
Serviço:
30ª Edição do Festribal
Data: 31 de julho a 3 de agosto
Local: Tribódromo, em Juruti, região do Baixo Amazonas, no Pará.
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA