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Setor da construção civil cresce no Pará e já gerou 96 mil empregos desde 2024

Apesar dos bons números, presidente do sindicato aponta carência de mão de obra no setor

Paula Almeida / Especial para O Liberal

O Pará, especialmente a Região Metropolitana de Belém (RMB), vive um novo ciclo de aquecimento no setor da construção civil, impulsionado por duas frentes principais: a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém em 2025, e a retomada de investimentos federais por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) e iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

As intervenções abrangem uma ampla variedade de obras, que vão desde projetos de infraestrutura urbana e saneamento até construções voltadas ao turismo e à hotelaria — essenciais para receber o evento climático mais importante do mundo. A expectativa é que esse conjunto de obras gere impactos significativos na economia local, com destaque para a geração de empregos e a circulação de recursos no estado.

Novo PAC

De acordo com dados do Governo Federal, o Pará já executou 41,4% dos investimentos previstos pelo Novo PAC. Somente em Belém e entorno, obras de requalificação urbana, drenagem, acessibilidade e habitação social foram retomadas ou iniciadas nos últimos meses. Entre os principais projetos estão os conjuntos habitacionais vinculados ao MCMV e a construção de unidades de saúde.

Além dessas obras, a preparação de Belém para sediar a COP 30 tem acelerado os investimentos em infraestrutura turística e urbana. A cidade deve receber melhorias na malha viária, reformas em equipamentos públicos e incentivos à rede hoteleira. A capital paraense se prepara para receber visitantes de todo o mundo, o que também tem impulsionado o setor privado a investir em novas construções e ampliações.

Geração de empregos

Segundo Fabrizio Gonçalves, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), as obras para o evento impactam o setor desde que foram anunciadas, refletindo em um crescimento de quase 23% na empregabilidade na área.

image  Fabrizio Gonçalves, presidente do Sinduscon (Wagner Santana)

“Tanto é que nosso Caged mostra um crescimento de quase 23% no número de empregos. E isso se deve aos investimentos nas esferas municipal, estadual e federal, com grandes volumes em áreas de infraestrutura, mobilidade e também da iniciativa privada. O setor da construção civil está sendo um dos grandes beneficiados com a realização da COP em Belém”, afirmou.

De acordo com o Novo Caged, o Pará liderou a geração de empregos formais na Região Norte em fevereiro de 2025, com saldo positivo de 4.424 postos de trabalho. A construção civil foi o quarto setor que mais contribuiu para esse crescimento. Em 2024, o setor registrou 84.011 admissões no estado, sendo 16.961 apenas em Belém. Até o momento, em 2025, já foram registrados 12.729 novos postos no Pará, dos quais 3.955 estão na capital. No cenário nacional, os primeiros quatro meses de 2025 somam 465.946 admissões na área da construção.

Fabrizio também destacou que o setor já vem se preparando para manter o ritmo intenso de obras nos próximos meses, apostando em melhorias e maquinário de ponta. “Tem empresas que vieram de fora do estado, outras que estão se estruturando internamente, adquirindo novos equipamentos, circulando com maquinário pesado pelas ruas da cidade. São obras que impactam a mobilidade e a estética urbana, e que não víamos há muito tempo.”

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Solução para a escassez de mão de obra

Apesar da boa evolução, o presidente afirmou que a construção paraense sofre com uma questão central: a escassez de mão de obra qualificada. “Hoje, nossa principal dificuldade — não só aqui no Pará, mas em nível nacional — continua sendo a escassez de mão de obra.”

Para enfrentar esse problema, uma nova parceria foi firmada. No dia 25 de março, em Fortaleza, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome assinou um convênio com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) para qualificar e empregar pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), especialmente beneficiários do Bolsa Família.

O acordo prevê capacitação em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), com os futuros trabalhadores sendo treinados como eletricistas, pedreiros, carpinteiros e maquinistas. Além disso, durante o período de qualificação e inserção no mercado de trabalho, os beneficiários continuarão recebendo o auxílio do governo por seis meses.

“O mais importante desse convênio é que essa pessoa vai continuar recebendo o benefício durante a transição, o que dá uma segurança a mais para ela. O setor vê com bons olhos essa iniciativa, que pode minimizar a falta de mão de obra e, ao mesmo tempo, ajudar a população, já que gera emprego para quem precisa e nos ajuda nas construções”, destacou o presidente do Sinduscon-PA.

Impacto do setor na sociedade

Além da empregabilidade direta, as obras têm efeito multiplicador sobre a economia local. O comércio, a indústria de materiais de construção, o setor de transportes e os serviços especializados também são beneficiados pelo aumento da demanda. A cadeia produtiva da construção civil movimenta desde grandes empreiteiras até pequenos fornecedores de mão de obra e insumos.

A expectativa é de que o ciclo de investimentos públicos e privados se mantenha nos próximos meses, consolidando uma fase de expansão para o setor no Pará. A construção civil reafirma seu papel estratégico em um momento que combina grandes obras, eventos internacionais e políticas públicas voltadas à inclusão social e ao desenvolvimento urbano sustentável.

Andamento das obras para a COP30 realizadas pela Prefeitura de Belém:

Distrito de Inovação e Bioeconomia

Percentual: 40,00%

Término: agosto/202

 

Parque Urbano Igarapé São Joaquim (1ª Etapa)

Percentual: aproximadamente 20%

Término: outubro/2025

 

Reforma do Complexo do Ver-O-Peso: Feira do Acai, Pedra do Pescado, Mercado de Carne e Feira Principal

Feira do açaí, pedra do pescado e feira principal:

Percentual: 80,05%

Término: outubro/2025.

 

Mercado de Carne:

Percentual: 81,26%

Término: setembro/2025.

 

Mercado de Peixe:

Percentual: 89,38%

Término: agosto/2025.

 

Reforma Avenida Júlio César (1ª Etapa)

Percentual: 22,75%

Término: agosto/2025.

 

Galpão da Concaves: Gestão de Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Inovação em Bioeconomia

Percentual: 45,73%

Término: agosto/2025.

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