Mobilidade sustentável é destaque na agenda de metas para a COP 30 em Belém
Entenda quais são as tecnologias disponíveis para transportes mais ecológicos
A substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia mais sustentável entrou na agenda do setor de mobilidade urbana de Belém como uma das metas em preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30. Para alcançar a transição energética no transporte público, existem quatro caminhos possíveis, do ponto de vista tecnológico, como explicou o diretor executivo da Associação Nacional das Empresas de Transporte (NTU), Francisco Christovam. São eles: ônibus elétricos, movidos a células de hidrogênio, por biocombustível e biogás. O paraense e ministro de cidades, Jader Filho, também falou à reportagem do Grupo Liberal sobre a aquisição de novas tecnologias mais limpas na capital paraense.
O primeiro e o principal modelo viável para a realidade de Belém é a eletrificação, que, segundo o especialista, pode alcançar a redução total de emissões de gás carbônico. No entanto, apesar das vantagens, uma frota de ônibus elétricos exige uma infraestrutura auxiliar, que inclui carregadores, manutenção, estudos de autonomia e oferta da carga de energia necessária. “Essa tecnologia já está disponível, comercialmente falando, mas implantar um sistema de ônibus elétricos é completamente diferente de adquirir ônibus a diesel… passa pela necessidade de estudos bem detalhados do projeto operacional”, afirma. Entre os detalhes a serem observados, ele detalha, a frequência de uso da linha, onde realizar a recarga da frota e em qual espaço de tempo.
Vantagens dos elétricos
Analisando o cenário da mobilidade urbana em Belém, o ministro de cidades, Jader Filho, natural da capital paraense, afirma que os modelos elétricos se viabilizam pelo baixo custo operacional e pelo tempo de duração dos veículos. Ele ressalta que, apesar do investimento ser superior ao dos movidos a diesel, a economia a longo prazo em pouco tempo consegue amortizar o valor investido. Ainda enfatiza que o maior obstáculo da eletrificação na cidade seria o capital de investimento, solucionado através do recurso proveniente de fundos de financiamento a longo prazo e com carência de juros muito baixos, como é o caso do Fundo Clima do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
“O capex (capital de investimento) do ônibus elétrico é muito caro, três vezes mais que o ônibus tradicional, ou seja, a operação de você botar o dinheiro para comprar. O que coloca de pé isso é você ter um financiamento como do Fundo Clima do FGTS, que é um financiamento de longo prazo com carência e com juros muito baixos. Quando você chega no opex (investimento da operação rotineira), aí não dá para comparar, é muito mais barato e compensa muito mais a diferença de um para o outro na questão das peças e do combustível”, ressalta o ministro.
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Outros modelos
Alguns modais de transporte movidos a outras fontes de energia também podem ser possíveis, segundo o diretor da NTU, Francisco Christovam. Ele menciona, entre essas fontes, o uso das células de hidrogênio. Nesse modelo, os veículos também são elétricos, mas a energia produzida depende do hidrogênio.
“Você abastece o veículo com etanol, o etanol, passa por um reformador e gera a molécula de hidrogênio que passa por uma célula, separa elétrons de nêutrons e gera a eletricidade que vai abastecer uma bateria. Então eles são elétricos também, só que a fonte não é a bateria, mas o hidrogênio”, explica.
As duas últimas rotas descritas pelos especialistas para a descarbonização, precisam da utilização de motores a combustão, alimentados por biocombustíveis e biogás. “O motor à combustão com biometano e eu insisto no metano porque não pode ser gás de origem fóssil, se não nós estamos trocando seis por meia dúzia, é proveniente do tratamento de esgoto, de aterro sanitário, que gera o gás para ser filtrado e virar combustível”, detalha. Da mesma maneira, o biocombustível, chamado “diesel verde”, substitui o óleo diesel e também se origina de biomassa. “Ele pode substituir o óleo diesel na proporção desejada, seja 10%, 90% ou até 100% sem ter que mexer em nada no motor”, afirma.
Desses modelos, alguns continuam em desenvolvimento, como as células de hidrogênio, já em experimentação no Brasil, através da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O biometano, por outro lado, é uma tecnologia já disponível comercialmente, entretanto, não há produção no país, com exceção de uma fábrica na Bahia, especializada na produção para exportação. Ambos os combustíveis oriundos de biomassa ainda emitem, mesmo que pouco, algum contingente gás carbônico.
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