COP 30: Belém precisa mais que dobrar número de leitos de hotel, diz entidade
A capital tem, atualmente, 18 mil leitos de hotel e espera chegar no evento com um número entre 45 mil e 50 mil
A capital paraense se prepara para receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas (COP 30), que será realizada de 10 a 21 de novembro de 2025. O encontro internacional, que trata de meio ambiente e de decisões que contribuam para frear o aquecimento global, promete trazer a Belém dezenas de milhares de pessoas de todo o mundo e ainda é preciso mais que dobrar o número de leitos na cidade, segundo apuração da Agência Brasil.
Devem vir a Belém mais de 60 mil pessoas, entre chefes de Estado, diplomatas, empresários, investidores, ativistas, jornalistas e delegações dos 193 países membros. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA), Antônio Santiago, todos os hotéis estão passando por reformas para atender a COP 30.
“O principal desafio ainda é aumentar a quantidade de leitos existentes”, disse ele, que espera receber 40 mil visitantes na cidade. Santiago detalha que a capital tem, atualmente, 18 mil leitos de hotel e espera chegar na COP 30 com um número entre 45 mil e 50 mil, sendo que uma cama de casal conta como dois leitos.
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Segundo o presidente da entidade, com a inauguração de hotéis, a quantidade de leitos deve chegar a 22 mil. Belém vai ganhar três hotéis de alto padrão, construídos por grupos internacionais para o público A e B. Um deles ficará na área do Porto Futuro II; outro em um antigo prédio que pertencia à Receita Federal; e o terceiro em Castanhal, fora da capital, mas na Região Metropolitana.
Alternativas
Negociações com plataformas virtuais como Airbnb e Booking estão sendo feitas, para cadastrar imóveis e aumentar a oferta de quartos disponíveis para o período da COP 30. Além disso, dois transatlânticos deverão servir como hotéis flutuantes com 5 mil leitos. E 17 escolas públicas serão transformadas pelo governo paraense em espécies de hostel temporário.
“Com tudo isso esperamos chegar a mais 22 mil leitos”, destacou Santiago. Aproximadamente 2,5 mil pessoas estão empregadas atualmente no setor. “Para a COP 30, a estimativa é uma contratação de 40% a mais de trabalhadores”. Conforme o presidente da associação, as cidades vizinhas no raio de 150 quilômetros também devem ter procura por quartos de hotéis.
Segundo a Secretaria Extraordinária para a COP 30, R$ 224 milhões foram destinados pela estatal Itaipu para a construção da Vila Líderes, que vai disponibilizar cerca de 500 quartos de padrão cinco estrelas. As acomodações atenderão parte das delegações e, após a COP 30, o local funcionará como centro administrativo do governo estadual.
O governo federal também destinou R$ 100 milhões, por meio do Fundo Geral de Turismo (Fungetur), recursos do Ministério do Turismo, para melhoria da qualidade de hotéis e serviços de turismo. Fora isso, o governo do Pará informou à Agência Brasil que incentivou a modernização da rede hoteleira ao isentar o setor de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para compras de itens como frigobar, televisão, ar-condicionado e mobiliário.
Antônio Santiago, da ABIH-PA, projeta que a realização da COP deixará para a rede hoteleira de Belém o legado de mão de obra mais bem preparada e novos empreendimentos hoteleiros de excelência.
Movimentação
Mesmo que o evento ocorra apenas em novembro, Belém e os hotéis já experimentam aumento de movimentação. O presidente da entidade afirma que, desde o início do ano, a taxa de ocupação da rede hoteleira na cidade passou de 50% para 82%, em média.
No último dia 15 de dezembro, o ministro do Turismo, Celso Sabino, esteve no aeroporto de Belém para comemorar o recorde de 3,9 milhões de passageiros em 2024, número cerca de 8% maior que o registrado no mesmo período de 2023.
Segundo o ministério, o Aeroporto Internacional comporta até 7,7 milhões de passageiros por ano, “cenário que, com a realização das adaptações necessárias, atenderá a contento os visitantes de Belém durante a realização da COP 30”.
Legado urbanístico
Atualmente, segundo o secretário extraordinário da COP 30, Valter Correia, há mais de 30 obras estruturantes sendo feitas em Belém, pelo governo federal, Prefeitura e o governo do Estado, com o objetivo de dotar a cidade de infraestrutura.
Um exemplo é o recém-inaugurado Mercado de São Brás, cuja restauração é a primeira de uma série de intervenções que estão previstas para os próximos meses. A Secretaria Extraordinária para a COP 30 é vinculada à Casa Civil da Presidência da República e foi criada para coordenar a preparação.
As principais atividades da COP 30 vão ocorrer no Parque da Cidade e no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, que são conectados e ficam no bairro Souza, a cerca de 20 minutos de carro do Aeroporto Internacional de Belém.
O Parque da Cidade ocupa a área de um antigo aeroporto e continua em construção, com cerca de 70% das obras concluídas. Após a realização da conferência, o parque será entregue para uso da população. O projeto final prevê áreas verdes preservadas, lago artificial, instalações esportivas, o museu da aviação, um centro de economia criativa e boulevard gastronômico.
O investimento do governo federal para os preparativos da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas beira R$ 4,7 bilhões. As intervenções, feitas em conjunto com as administrações estadual e municipal, são direcionadas para infraestrutura urbana, segurança, sustentabilidade, transporte e mobilidade, como a finalização do BRT Metropolitano (sistema de ônibus rápidos em pistas exclusivas), ampliação de vias e construção de quatro viadutos. A Rua da Marinha, no polígono da COP30, passará de duas para seis faixas de rolamento.
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